Nos dias 06 e 07 de Outubro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Sonho Cinema e Piscanálise, criado pelo Cine Um e ministrado pelo piscanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam por aqui eu irei falar um pouco sobre os seis filmes que serão analisados na atividade.
O Amante Duplo
Sinopse: Chloé (Marina Vacht) é uma mulher reprimida sexualmente que, constantemente, sente dores na altura do estômago. Acreditando que seu problema seja psicológico, ela busca a ajuda de Paul (Jérémie Renier), um psicólogo. Só que, com o andar as sessões de terapia, eles acabam se apaixonando. Diante da situação, Paul encerra a terapia e indica uma colega para tratá-la. Chloé, no entanto, decide ir a outro profissional.
O cineasta François Ozon fez inúmeras pesquisas para a elaboração desse filme, onde boa parte de sua duração traz de assuntos sexuais, dos quais não admitimos que temos, que acabam guardados no subconsciente, onde se debatem para se libertar em fantasias e momentos de fraqueza. Ozon também se preocupa em se entregar ao total perfeccionismo em sua obra, ao ponto de guardar significados ocultos, retomados em diversas cenas da mesma forma que acontece com nossos sonhos. Há uma preocupação em apresentar elementos quase não vistos, para que depois são absorvidos pela trama por sua importância para tudo aquilo que a protagonista reprime. Os deslizamentos de linguagem e sentido permitem a criação de um filme cheio de linhas subliminares. Para quem conhece Freud e a psicanálise, O Amante Duplo é cheio de referências minuciosamente construídas.
Sem alguma experiência com os conceitos com os quais o filme trabalha, ou ao menos experiência no cinema que trata de pulsões e do subconsciente, o mais provável é que O Amante Duplo permaneça indecifrável, ao menos sem um esforço genuíno do cinéfilo. E essa é a pior coisa que pode acontecer em um filme de suspense, onde a resolução do mistério é um dos principais atrativos da trama.
O Amante Duplo é um filme produzido com a segurança de um diretor experiente, desde suas escolhas estéticas até a forma de conduzir o elenco a realizar performances realistas e perturbadoras. Entretanto, a trama do filme irá dividir o público, já que, ao brincar com realidade e ilusão sem respostas claras, O Amante Duplo não se preocupa com a acessibilidade de sua trama. Para quem está habituado com cinema convencional, é preciso ter certa paciência, mas para aqueles que se interessam pela psicanálise, o o filme é rico em metáforas e significados ocultos.
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2 comentários:
Muito bom, Marcelo!
Te aguardo no dia 06/10, para seis viagens oníricas...
um abraço
Estarei lá
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