Nos dias 12 e 13 de
Maio eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, onde acontecerá o
curso Grandes Temas da Filosofia no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado
pelo filosofo Rafael Alves de Oliveira. Enquanto os dias do curso não chegam,
por aqui eu irei relembrar e passar para vocês sobre os filmes que serão
analisados e debatidos durante atividade.
Tropa de Elite 2: O
Inimigo Agora é Outro (2010)
Sinopse: Wagner Moura
retoma o personagem mais marcante de sua carreira o capitão Nascimento na sequência de Tropa de Elite filme também dirigido por José Padilha ganhador do
Urso de Ouro no Festival de Berlim 2008. Nascimento dez anos mais velho cresce
na carreira: passa a ser comandante geral do BOPE e depois Sub Secretário de
Inteligência. Em suas novas funções Nascimento faz o BOPE crescer e coloca o
tráfico de drogas de joelhos sem perceber que ao fazê-lo está ajudando aos seus
verdadeiros inimigos: os policiais e os políticos corruptos que submetem a
segurança pública a interesses pessoais. Agora os inimigos de Nascimento são
bem mais perigosos.
Passado alguns anos após os eventos do primeiro filme,
Capitão Nascimento enfrenta agora outro inimigo e com isso José Padilha
surpreende o público escancarando quem é o verdadeiro inimigo da história no combate contra o crime.
Acredito que Padilha só não lançou seu filme um pouco antes porque estávamos
vivendo uma época de eleição em 2010, mas se tivesse sido lançado durante as
campanhas à coisa iria pegar fogo, pois o filme explora a realidade nua e crua
sobre as milícias, onde os candidatos que, se dizem prontos para nos governar,
têm seus dedos podres no meio e só com isso tudo já torna esse filme o mais
corajoso daquele ano. Apesar de o início dizer que os fatos apresentados na
trama são levemente inspirados em fatos reais, ali a pouca realidade já é
terrível de se assistir, mas não podemos recuar.
Vagner Moura dessa
vez tem mais espaço ainda para seu personagem ser desenvolvido e com isso o
ator surpreende ao mostrar Nascimento cansado, mais humano e meio arrependido com os seus
atos do passado, principalmente perante o filho que tenta aflorar ali seu lado
paternal que não quer perder. Contudo, de bobo o personagem não tem nada e Nascimento
responde a altura para aqueles que quase o levaram ao inferno. Nascimento é o
nosso Jack Bauer tupiniquim e vendo-o dando uma verdadeira surra em um político
que se faz de esperto nos dá uma vontade grande de gritarmos um olé. Capitão
Matias (André Ramiro) volta com o seu personagem do filme anterior só que com
menos tempo na tela. Mesmo assim Ramiro cumpre bem o se desempenho,
principalmente em uma sequência de ação em uma perseguição na favela que
termina de uma forma arrasadora e realista. Lembrando que essa sequência desde
já é fantástica, bem dirigida por Padilha e orquestrada pelo montador Daniel
Rezende (indicado ao Oscar por Cidade de Deus).
Se analisarmos os dois
filmes, ambos retratam graus de criminalidade que possuem inúmeras
fazes piores do que a outra. Portanto é de se esperar algo de muito maior se
caso aconteça um Tropa de Elite 3 um dia, já que os minutos finais do filme são
de uma ousadia inesperada e temos uma ideia do que pode (ou não) surgir em uma
eventual sequência e as palavras finais de Nascimento com certeza se tornaram proféticas se são ouvidas hoje em dia.
Capitão Fantástico
(2016)
Sinopse:Ben (Viggo
Mortensen) decidiu se isolar da sociedade para que seus seis filhos crescessem
livres, educados ali mesmo, sem contato com as “perversões” da vida moderna.
Quando sua esposa adoece, ele é confrontado por pessoas que consideram seu modo
de vida prejudicial às crianças e acaba retornando à civilização com os filhos.
É raro quando um
filme consegue ser poderoso em todos os pequenos detalhes do seu
desenvolvimento. Partindo de um núcleo familiar, Capitão Fantástico trabalha
com a filosofia de modo a criar camadas no que diz respeito à crítica ao
consumismo, padrão de vida imposto pela sociedade e relação dos pais para com
seus filhos. O diretor Matt Ross, que assina também o roteiro, parece ter uma
ligação profunda com a história, transparecendo carinho com a sua criação e,
como consequência, encanta em todos os aspectos.
O estilo de vida
hippie é visto, por diversas pessoas, como uma forma de protesto ou até mesmo
coragem, de fato existe uma ligação direta com o desprendimento. Todos os atores estão excelente, inclusive os
mais novos, com destaque para Viggo Mortensen (da trilogia O Senhor dos Anéis)
entrega um desempenho maravilhosa e cheia de carisma, ao ponto de fazer com que
achemos natural tudo o que ele se propõe a fazer. Atuação digna de prêmios.
Capitão Fantástico é
uma verdadeira montanha-russa de emoções que liga dois mundos extremamente
diferentes, um despojado de bens materiais mas que transmite paz, o outro com a
correria de um dia a dia caótico, com miúdos à mesa a mexerem nos smartphones.
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