Sinopse: O corretor de
imóveis Hutter precisa vender um castelo cujo proprietário é o excêntrico conde
Graf Orlock. O conde, na verdade, é um vampiro milenar que espalha o terror na
região de Bremen, na Alemanha e se interessa por Ellen, a mulher de Hutter.
Um dos atrativos do festival
do Fantaspoa é do evento sempre nos brindar com algumas sessões de filmes
clássicos. Um dos filmes mais revisitados do festival é Nosferatu, clássico do Expressionismo
Alemão e que, para muitos, é considerado a melhor versão sobre Conde Drácula.
Contudo, nunca tive a chance de assistir ao filme com música ao vivo, mas ontem
consegui mudar esse quadro.
Fazendo parte da grade de programação
do festival deste ano, tive a chance de conferir a obra prima do cineasta F. W.
Murnau (Aurora) no Instituto Goethe Cultural. Sinceramente nunca tinha ido ao
local, mesmo ele oferecendo sempre ótimas opções culturais, seja elas da
literatura, música e cinema. Ontem esse tabu foi quebrado e com estilo.
Chegando ao local, percebi
que a recepção já estava começando a transbordar de inúmeros cinéfilos ansiosos
para assistir a obra. Numa sala de somente cem lugares, o local simplesmente
foi tomado e, infelizmente, nem todos puderam prestigiar o evento. Felizmente
consegui o meu ingresso, mas lamentando que certos amigos e conhecidos não tenham
tido a mesma chance.
Dentro
da sala, os organizadores apresentaram a banda que seria encarregada de criar
uma música ao vivo durante a projeção, para que assim tivéssemos uma sensação
de como os filmes mudos eram exibidos antigamente. Curiosamente, a banda que
seria encarregada da trilha sonora, o trio instrumental Skrotes, de
Florianópolis, não pode comparecer devido ao protesto dos caminhoneiros. Eles foram,
então, substituídos pela Jazz à Pampa, formada por Rodrigo Cordeiro, Vinicius
Polleto, Isaias Luz e Térence Veras, com a participação do Ronaldo Pereira, da
Kula Jazz. Para assumir a apresentação, o agrupamento topou o desafio de compor
uma trilha em apenas 48 horas.
Luzes
apagam, o filme começa e a banda criou uma verdadeira magia no local, ao
conseguir inserir uma trilha moldada pelo Jazz, mas que, ao mesmo tempo, se cassasse
com todo o teor gótico que Murnau havia idealizado para a obra em 1922. Mesmo com os seus quase cem anos de idade, é
impressionante como o filme não envelheceu e se tornando digno de ser, ao lado
do O Gabinete do Doutor Caligari, um dos melhores representantes do período expressionista.
Curiosamente, me chamaram atenção algumas cenas, onde determinados detalhes
haviam me passado despercebidos anteriormente e sintetizando ainda mais o lado perfeccionista
Murnal pela elaboração dos cenários daquela época.
Não
é a toa que o filme foi revisitado, refilmado e imitado ao longo do tempo. Não
é à toa, por exemplo, que Tim Burton tenha construído a sua carreira se
inspirando, não somente neste filme, como também no Expressionismo Alemão como
um todo. E não é a toa que, até recentemente, o cineasta Taika Waititi (Thor:
Ragnarok) tenha resgatado a assustadora figura de Nosferatu (Max Schreck) e homenageando-o
no divertido e criativo O que Fazemos nas Sombras.
Luzes
apagadas e aplausos em alto bom som foram ouvidos de dentro e do lado de fora
da sala. Testemunhar Nosferatu sendo exibido na maneira como foi visto pela
primeira vez há quase cem anos foi uma experiência única e para jamais ser
esquecida.
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