Sinopse: Um mergulho na vida
e na obra de Rogério Duarte, uma das figuras seminais das artes e do pensamento
brasileiro dos últimos 50 anos. Músico, compositor, artista gráfico, um dos
criadores do Tropicalismo, Rogério sempre esteve por trás - e sempre à frente -
de tudo que havia de mais moderno e contemporâneo na cultura brasileira.
Uma das coisas que, às
vezes, mais me incomoda no cinema atual, não é somente a sua falta de
originalidade, como também a sua forma divulgação sem nenhuma criatividade. Bom
exemplo disso para ser destacado é os pôsteres dos filmes americanos que, ao invés
de destacar o filme em si, destacam os seus astros, como se isso fosse salvar
determinados filmes de um grande fracasso. Rogério Duarte, o Tropikaoslista me
fez relembrar, tanto desse pensamento atual que as vezes me incomoda, como também ter a chance de poder apreciar na
tela soobre o melhor de nossa cultura e que não pode ser esquecida.
Dirigido por Walter
Lima (Antônio Conselheiro - O Taumaturgo Dos Sertões) o documentário é estrelado por
Rogério Duarte, artista que iniciou a carreira fazendo as artes de pôsteres de
divulgação de filmes e dando destaque a proposta principal vinda de cada um deles. Ao longo de sua
vida, o artista foi de tudo um pouco, desde músico, compositor, artista gráfico
e um dos fundadores do tropicalismo brasileiro. Porém, assim como os demais
artistas, Rogério Duarte também sofreu dos males vindos da ditadura, mas não o impediu de
seguir em frente e fazer a sua própria história.
Assim como o recente Torquato
Neto - Todas as Horas do Fim, o filme possui algumas passagens de cenas dos
filmes da época do "Cinema Novo" para, não somente homenagear aquele período,
como também prestar uma homenagem ao cineasta Glauber Rocha, grande amigo de Rogério
Duarte e que ambos trabalharam juntos em grandes projetos. Com ideias criativas,
Duarte foi, por exemplo, o realizador do pôster clássico de Deus e o Diabo na
Terra do Sol, além de também ser de sua autoria muitas artes de divulgação de inúmeros
filmes e que são lembradas por sintetizar um período mais rebelde, realístico e
reflexivo do nosso cinema. Em contrapartida, Duarte sofreu com a censura dos tempos
da ditadura, mas não o impediu em seguir fazendo outras realizações.
Embora seja 100% de Rogério
Duarte narrando em cena sobre a sua cruzada, o documentário também tem participações
especiais de Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos os amigos do artista de longa
data e que receberam inúmeras ideias vindas de sua mente criativa. Não é
preciso ser gênio para adivinhar que foi Duarte o foi responsável pelas capas dos discos daquele
tempo e sintetizando em suas artes o movimento tropicália, do qual seria um
refresco para nossa cultura e um símbolo de rebeldia contra a tirania da época do
qual o nosso país passava. E se por um lado 1968 pioraram ainda mais para inúmeros
artistas, tanto que alguns tiveram que recorrer ao exílio, Rogério Duarte se
manteve com o que tinha, mesmo tendo sido preso, torturado e quase sentenciado
a morte.
O cineasta Walter
Lima consegue nos passar uma transição entre tempos mais dourados para
nebulosos, dos quais criaram cicatrizes profundas, tanto físicas como também psicológicas
para a vida de Duarte, mas que o fizeram mais forte para seguir em frente.
Embora tenha meio que desaparecido no mundo artístico durante os anos 80, o período
fez com que ele procurasse maiores fontes de conhecimento, tanto científico
como espiritual e fizesse com que se reerguesse para os novos tempos. Infelizmente
o documentário perde um pouco do seu ritmo em sua reta final, principalmente
quando Duarte já não tem muito que dizer em cena, a não desfrutar do pouco que
a vida lhe deu e passar os seus pensamentos e ideias que lhe fizeram permanecer
em pé perante os obstáculos.
Rogério Duarte, o
Tropikaoslista pode ser o documentário sobre um artista, mas também fala um
pouco de nossa cultura, da qual sofre represálias de alguns, mas que sobrevive pela
boa vontade de mentes bem intencionadas e nada hipócritas de outros.
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