NOTA: o filme será exibido
no próximo sábado (12/05/18), na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, para
associados e para os demais frequentadores do cinema.
Sinopse: O filme acompanha
as sessões de estúdio da banda inglesa Rolling Stones. O grupo estava no auge
da carreira, compondo músicas criativas e com uma postura política típica dos
anos dourados.
Embora tenha sempre seguido uma
carreira com um olhar autoral, cujo teor crítico lhe fez ser considerado o
cineasta mais politizado do movimento Nouvelle vague, Jean Luc Godard, ainda sim, criava
filmes dos quais se tinha sempre começo, meio e fim. Porém, a partir do filme A
Chinesa, do qual antecipava o que seria os eventos de Maio de 68, o cineasta
começou a criar um cinema mais experimental, onde o enredo costumeiro dava
lugar a um ensaio cinematográfico e que se tirava dali algo mais do que uma
mera história previsível. One + One é uma representação dos protestos de Maio de 68, cujas as
imagens e discursos moldam a obra como um todo e independente dela ter ou não uma história linear.
O filme, basicamente,
acompanha as sessões de ensaio dentro de um estúdio, onde testemunhamos a banda
Rolling Stones no auge da carreira e compondo o seu grande sucesso, Sympathy
for the Devil. Em determinados momentos, Godard sai desse cenário e começa a focar
diversas situações, desde uma garota pinchando muros em forma de protesto, ou
focando determinados grupos de personagens que fazem discursos calorosos e políticos. Tem-se, então, um mosaico de situações que soam o que é e o que foi aquele período
do final dos anos 60.
Estreando em dezembro de 1968,
o filme chegou ainda com o calor dos movimentos de Maio de 68, onde estudantes,
sindicalistas, e dentre outros, tomaram as ruas de Paris para protestar contra
o governo. O movimento atravessou o rio Sena, chegando aos
demais estados, atravessando o oceano e chegando até mesmo no Brasil justamente
no período pós-golpe de 64. Porém, mais do que somente discutir sobre questões
que vão desde ao socialismo, ao comunismo x capitalismo, Godard lança em cena
diversas discussões, que vai desde sobre morte de Kennedy, Martin Luther King,
guerra do Vietnã, ditaduras pelo mundo a fora, liberação feminina, sexo, drogas e
outros assuntos que ganhavam cada vez mais as ruas, jornais e revistas daquele
tempo.
O filme, então, seria uma espécie
de manifestação dos pensamentos e sentimentos que Godard tinha naquele momento.
Participativo aos movimentos de Maio de 68, o cineasta não queria, a meu ver,
escolher somente um lado, mas sim discutir tudo que havia de errado no mundo
naquele momento. Ao inserir, por exemplo, a banda Rolling Stones em boa parte
do filme, isso seria uma espécie de representação do estado de espírito rebelde
que o cineasta estava tendo e fazendo com que a música Sympathy for the Devil
se tornasse o seu grito em forma de protesto.
Embora seja visto hoje como
uma representação de uma época, "One + One" é um filme que não
envelheceu, pois os males que provocaram o nascimento dos movimentos de Maio de
68 estão ainda por aí e assombrando muitos de nós que não querem retroceder.
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