Sinopse: Areum (Kim Min-Hee) está pronta para o seu primeiro dia de trabalho em uma pequena editora, onde ela precisa lidar com seu chefe Bongwan (Hae-hyo Kwon) e sua vida amorosa complicada. Após uma crise no casamento, no entanto, a esposa de Bongwan encontra um bilhete amoroso na mesa dele e acaba por envolver Areum nesta situação delicada.
É fácil para o cinéfilo gostar da filmografia de Sang-Soo Hong, pois basta assistir um título seu para logo ser conquistado. Em Porto Alegre, por exemplo, se tornou corriqueiro as suas principais obras chegarem nas cinematecas da capital e ganhando rapidamente adeptos. O Dia Depois, pode até não ter ficado por muito tempo em cartaz, mas é um título que não passou desapercebido e que pode ser facilmente cultuado através do tempo.
Na trama, acompanhamos a história da jovem Areum (Min-Hee Kim, de Na Praia á Noite Sozinha), que consegue um emprego em uma editora, mas que terá que lidar com a complicada vida amorosa do seu chefe Bongwan (Hae-Hyo Kwon) e que sofre pelo término de um relacionamento secreto com uma funcionária anterior. O problema é que a esposa de Bongwan acha um bilhete antigo em sua casa e que era para sua amante. Revoltada, a esposa invade o local de trabalho e agride Areum, que não tinha nada a ver com isso e desencadeando uma situação, deveras, complicada.
Sang-Soo Hong não se intimida em colocar uma parte de si em suas obras, pois isso já era sentido no genial Na Praia á Noite Sozinha e aqui, mesmo em menor grau, é novamente sentido. O personagem Bongwan nada mais é do que o alter ego do cineasta, em que enfrenta dilemas que poderiam ser facilmente resolvidos, mas nunca é fácil quando os sentimentos são facilmente agredidos pelo mundo real. Areum, por sua vez, nos passa uma aura de lucidez com relação ao mundo em sua volta e faz com que ela questione as ações de Bongwan, mesmo tendo conhecido ele num curto espaço de tempo.
Os diálogos entre os dois transita, tanto em situações banais, como também algumas reflexões com relação a vida e a morte. A simplicidade nesses momentos saltam na tela, mas os dilemas em que os personagens convivem, faz com que ambos se encontrem numa corda bamba, mesmo quando ela poderia facilmente ser evitada. A chegada da esposa revoltada no local do trabalho, por exemplo, se cria um momento de tensão, mas não se estendendo no decorrer do filme, pois os personagens, mesmo em situações complexas, tentam manter a razão.
É então que Sang-Soo Hong tenta nos dizer que vive em uma guerra interna, talvez desde que conheceu atriz Min Hee Kim, já que, há quem diga, ambos tiveram um caso durante a produção de uma obra anterior. Isso foi o suficiente para que ele colocasse em pauta os seus sentimentos que são vistos na tela e se criando diversos patamares sobre o que ele pensa e sente em cada uma de suas obras. Pode parecer, num primeiro momento, um tanto que pretensioso da parte do cineasta, mas não há como negar que isso tenha rendido grandes pérolas vindas de sua filmoagrafia.
Curiosamente, Sang-Soo Hong também brinca com atenção do cinéfilo, já que a trama, em alguns pontos específicos, vem e volta do presente ao passado e nos forçando a ter um pouco de maior atenção sobre o que está acontecendo. Em Certo Agora, Errado Antes, por exemplo, assistimos os dois protagonistas se conhecendo, mas logo o cineasta reapresenta esse momento de uma outra forma, como se ele nos dissesse que queria ter corrigido aquela situação especifica. Em O dia Depois isso parece acontecer novamente num primeiro momento, mas o cineasta nos prega uma peça para, não somente testar a nossa atenção, como também representar o estado de espirito que os personagens se encontram naquela altura do campeonato.
Com uma bela fotografia em preto e branco, O Dia Depois é mais uma deliciosa obra Sang-Soo Hong, que pode facilmente ser degustada e cultuada.
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