Sinopse:Cabeleira, um temido assassino de Pernambuco, foi criado pelo
cangaceiro Sete Orelhas, que o encontrou abandonado quando bebê. Agora adulto,
ele vai à cidade procurar o desaparecido Sete Orelhas. Cabeleira encontra uma
cidade sem lei governada pelo implacável Monsieur Blanchard, um francês que
domina o mercado de pedras preciosas
O gênero bang bang, ou faroeste para os íntimos, foi ao longo do tempo
aproveitado no cinema brasileiro. Isso se deve ao fato da apropriação que o Cinema Novo fez sobre o
sertão, tornando difícil brincar com o estilo numa região cujas mazelas foram
representadas com tanta importância e profundidade social, como no caso do
clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol. Chegamos então no filme O Matador,
onde se abandona qualquer traço criado e analisado na obra prima de Glauber
Rocha e se assumindo como uma espécie de westerns americano e até mesmo com
toques a lá vídeo clipe.
Motivos é o que não faltam para se criar um filme dessa forma, seja
ele por motivos mercadológicos, estéticos, ou até mesmo com o intuito de se
casar com a realidade contemporânea de hoje e da qual vive em ritmo constante.
Mas podemos simplificar que seja resultado da própria Netflix. A toda poderosa
streaming constantemente analisa hábitos de consumo, para tomar decisões
algumas vezes não muito bem pensadas, cujo resultado soa em alguns momentos
como um mero produto para ser somente uma vez degustado do que um cinema mais
autoral e do qual o nosso é tão rico e tendo muito a oferecer.
Portanto há uma indecisão clara de qual trama que é para se contar
nesse filme, onde ela se transita entre a origem e busca do protagonista
Cabeleira pelo seu pai adotivo, ou em sua cruzada em querer ser um matador
profissional e do qual se torna ambicioso por pedras preciosas do local. Para
piorar, existe a introdução de inúmeros personagens, dos quais surgem e somem
num piscar de olhos. O próprio Cabeleira some da trama em momentos distintos,
reaparecendo em momentos irregulares e somente se sustentando numa narração off
que, por vezes, não é bem introduzida.
O personagem Cabeleira é deveras interessante, principalmente com
relação a sua origem trágica e devidamente misteriosa. Ele acaba se tornando
uma espécie de lenda do local, um estranho sem nome implacável e que nos faz
lembrar os melhores momentos dos filmes de Sergio Leone. Infelizmente faltou um
cuidado maior, não somente na produção, como também nos rumos que deram para o
personagem.
Outro fator negativo é para aqueles que acompanharam o trailer do
filme, já que lá havia sido revelado um momento chave da trama. Para aqueles
que forem assistir ao filme sem ter visto o trailer, esse momento pode até ser
interessante, mas se torna sem sal para aqueles que deram uma olhada antes. Uma
tremenda bola fora da Netflix em termos de divulgação.
Visualmente, muito se falará sobre a beleza do sertão e a luz de seu
sol quente. O filme usa ao estremo dos planos distantes, da fotografia de cores
quentes, das silhuetas no contraluz e das cores desérticas.Porém, a produção
comete o deslize na introdução de alguns efeitos especiais, por vezes,
artificiais e dispensáveis em alguns momentos.
Alardeado durante o último festival de Gramado como o primeiro longa
brasileiro criado pela Netflix, O Matador tinha todo o potencial, mas lhe
faltou mais amor em sua concepção.
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