Sinopse: Impulsionado
pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do
Superman, Bruce Wayne convoca sua nova aliada Diana Prince para o combate
contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e
Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas
mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes, poderá ser tarde demais
para salvar o planeta de um catastrófico ataque.
Embora Hollywood seja
rotulada como a fábrica de sonhos, por sua vez, as suas engrenagens somente
funcionam através do dinheiro e do qual os produtores tentam obter a todo custo
a partir de cada filme do qual é lançado. Os engravatados dos estúdios Warner,
por exemplo, percebendo que estavam perdendo terreno devido aos filmes de super
heróis da Marvel/Disney, decidiram então também criar um universo próprio com os
seus heróis da editora DC. Porém, jamais imaginavam o quão seria trabalhoso
esse processo.
Começando
satisfatoriamente com O Homem de Aço, Warner prosseguiu com o seu projeto mais
ambicioso, do qual reuniu os seus principais medalhões em Batman VS Superman.
Porém, a crítica foi severa, por vezes exagerada, acusando a produção de ser
sombria demais ou longa demais e sobrando até mesmo para Zack Snyder que viu
sua visão autoral se tornando o principal veneno a ser extinto. Correndo contra
o relógio, os produtores então meteram o dedo em Esquadrão Suicida, mas
tornando a produção irregular e, durante a pós-produção do tão esperado Liga da
Justiça, Zack Snyder teve que ser afastado por problemas pessoais e abrindo o
caminho para os produtores chamarem ninguém menos que Joss Whedon (Vingadores), para refazer algumas cenas e acrescentando um tom mais leve para o filme.
O resultado de tudo
isso culmina num verdadeiro efeito cascata, do qual vemos então no finalizado
Liga da Justiça, filme que reúne os principais heróis da editora DC. Após o
sucesso inesperado, porém mais do que justo, em Mulher Maravilha neste ano, os estúdios
acabaram dando esperança aos fãs, que esperavam ansiosamente pela chegada do
grupo aos cinemas. Mas embora o resultado seja satisfatório, o filme está longe
da perfeição, mesmo entregando algo que, pelo menos, venha agradar os fãs de
carteirinha.
O filme começa pouco depois
dos eventos fatídicos de Batman VS Superman, onde o mundo ainda se encontra de
luto após a morte do homem de aço. Temendo um grande mau que se aproxima, Batman
(Ben Affleck) decide se reencontrar com Diana (Gal Gadot), para que assim ambos
possam reunir pessoas com dons especiais e juntos consigam combater o perigo iminente.
Surge então Barry Allen, codinome Flash (Ezra Miller de Precisamos falar sobre
Kevin), Arthur Curry, codinome Aquaman (Jason Momoa, da 1ª temporada de Game of
Thrones) e Victor Stone, codinome Cyborg (o estreante Ray Fisher).
O primeiro ato é
basicamente um grande deleite, ao vermos apresentação de cada um dos
personagens principais e conhecendo então as suas motivações. Como as origens
de Batman e Mulher Maravilha estão mais do que bem apresentadas em filmes
anteriores, coube então os roteiristas terem a missão ingrata de apresentar
mais três novos personagens, mas que não soasse de modo apressado e tão pouco artificial.
Se o filme deixa um pouco em aberto sobre as origens de Aquaman e Flash
(possivelmente serão explorados em seus futuros filmes solos), Cyborg por sua
vez é o melhor personagem apresentado no início da trama, cuja sua origem é de dimensões
trágicas e bem desenvolvidas.
O grande acerto do
filme é sobre a interação de personagens tão distintos, mas que se veem forçados
a se reunirem por um bem maior. Se Ben Affleck e Gal Gadot estão mais do que a
vontade em seus respectivos papeis, cuja química de ambos em cena flui muito bem aliás, por
outro lado, é uma verdadeira surpresa vermos Jason Momoa como Aquaman e
tornando um dos personagens tão ridículos que era antigamente nas HQ vir a se
tornar um dos principais chamarizes do filme. Já Ezra Miller torna o seu Flash uma espécie de Homem Aranha da DC, cuja suas palavras sempre rendem momentos
de puro humor: a piada da qual ele faz referencia ao filme Cemitério Maldito é hilária.
Aliás, o humor é o
grande diferencial desse filme se comparado aos outros. Conhecida por filmes
com teor mais sombrio, Warner/DC decidiu dar então uma suavizada no filme, para
que assim pudesse agradar aqueles críticos que detestaram o lado sombrio de
Batman VS Superman. O resultado nos faz lembrar os bons tempos do desenho
animado Liga da Justiça: Sem limites, mas que, em alguns momentos, lembrará
também os filmes da Marvel e nascendo então as inevitáveis comparações e que com
certeza gerará debates acalorados entre os fãs.
Tecnicamente, o filme
possui os seus altos e baixos e do qual fazem o resultado final se tornar um
tanto desequilibrado. Um dos pontos negativos em que eu destaco é o uso excessivo
de CGI nas cenas de ação que, muito diferente do que aconteceu em Mulher
Maravilha, tornam as imagens das cenas de ação muito poluídas e tornando elas
pouco emocionantes. Se por um lado, por exemplo, a cena de ação que ocorre em Themyscira,
cuja luta e o sacrifício das amazonas tornam um dos momentos mais emocionantes
do filme, por outro, o ato final onde ocorre a luta típica do bem contra o mau se
torna meio que sem graça devido o lado artificial e do uso demais de efeitos
visuais.
Como se isso não bastasse,
o grande vilão da trama, que se alto intitula Lobo da Stepe acaba se tornando a
maior decepção do filme. Criado com um CGI pouco convincente (e com voz de Ciarán
Hinds), o personagem existe na trama somente como mera desculpa para os heróis se
unirem e para irem combatê-lo, sendo que suas motivações são bidimensionais e tendo o
desejo megalomaníaco somente de obter as três caixas maternas para dominar o
planeta. E depois diziam que o vilão da Mulher Maravilha era ruim.
Mas como eu disse
acima, são os heróis que salvam o filme do marasmo, principalmente quando
ressurge Superman. Sim, ele retorna dos mortos e que, embora a solução soe um
tanto que forçada, o resultado final de sua volta é mais do que satisfatório.
Aliás, ouso dizer que a presença do personagem é uma das melhores coisas do
filme, principalmente pelo fato de que Henry Cavill finalmente nos convence
que é um Superman dos velhos tempos e fazendo nos ter esperança de assistirmos
a um verdadeiro filme do Superman em breve.
Falando em velhos
tempos, é tão bom voltar a ouvir o trabalho de Danny Elfman novamente nesse
tipo de filme. Conhecido por inúmeros trabalhos (muitos ao lado de Tim Burton),
Elfman não somente cria uma trilha original, como também recria momentos que ressoem
familiares para os nossos ouvidos. Além de trazer de volta a sua trilha
clássica do qual compôs em Batman de 1989, ele consegue a ousadia de recriar os
acordes em que John Williams havia criado em Superman de 1978.
Ainda no terreno da música,
o filme possui uma das mais belas aberturas de uma adaptação de HQ dos últimos
tempos e isso graças às cenas e à música da qual ouvimos nos primeiros minutos.
Fazendo um retrato sobre a violência generalizada após a morte de Superman (cujas
cenas são momentos irretocáveis do lado autoral do cineasta Zack Snyder), que
são ressaltadas pelo ótimo uso da canção de Leonardo Cohen, “Everybody Knows”,
numa versão cantada pela norueguesa Sigrid (“Everybody knows the war is over/
Everybody knows the good guys lost / Everybody knows the fight was fixed/ The
poor stay poor, the rich get rich”).
Entre os erros e
acertos, Liga da Justiça é uma aventura divertida que nos satisfaz, mas
fazendo a gente se perguntar qual será o próximo caminho da Warner/DC em obter
o seu tão sonhado equilíbrio dentro do seu universo cinematográfico expandindo.
NOTA: Há duas cenas pós-créditos,
sendo que uma é uma simples piada e a outra nos dando uma dica sobre o futuro
de DC/Warner no cinema.
Onde assistir: shopping total. Av. Cristóvão Colombo 545, Porto Alegre. Horários:
Vários.
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