Sinopse: Menina treinada
desde a infância para ser uma assassina sanguinária aceita um acordo de
trabalho que a libertará do árduo ofício depois de dez anos de serviço. Mas
mesmo depois de cumprir o prazo e começar a trilhar uma rotina normal, dois
homens aparecem e a colocam de frente com seu passado.
O cinema sul coreano não é
muito diferente do americano, sendo que produzem também inúmeros gêneros, desde
a comédia romântica, terror e etc. A diferença é que lá se valoriza um cinema
mais autoral, com direito de cada cineasta manter a sua visão pessoal na
produção de seus filmes e resultando em obras indispensáveis. É claro que para
o marinheiro de primeira viagem, principalmente para aquele que se acostumou
com o comodismo do cinema americano, A Vilã pode ser um verdadeiro soco no estômago, mas superando qualquer filme de ação ianque que se preze.
Dirigido pelo documentarista
Byeong-gil Jeong, acompanhamos a cruzada de uma espiã Sook-hee (Ok-bin Kim),
que na infância viu o seu pai sendo assassinado e acabando sendo treinada desde
cedo para se tornar uma verdadeira maquina de matar. Anos vão se passando, ela
se casa com o seu próprio mentor, mas esse último acaba sendo morto pelos seus
inimigos. Jurando vingança, ela passa os próximos dez anos em um novo
treinamento, cuidando de uma filha e com a promessa de uma vida comum, mas mal
sabendo das artimanhas que pessoas próximas estão criando contra ela.
É claro que alguns críticos
neste momento irão comparar facilmente essa obra ao clássico francês Nikita de
Luc Besson. Porém, é de estranhar a tamanha coincidência que o filme chegue aos
cinemas pouco depois do filme Atômica, estrelado, produzido por Charlize Theron
e cuja trama possui algumas passagens semelhantes a esse filme coreano.
Contudo, esse último sai ganhando, principalmente pelo fato do cineasta não
colocar as mãos no freio e com intuito de chocar e nos surpreender com cada
cena de ação apresentada.
Os primeiros minutos de
projeção, aliás, supera quase em tudo o que havia sido apresentado no cinema
nesse ano em termos de ação e violência. Começando com uma sequência em
primeira pessoa, testemunhamos algo parecido no que é visto num jogo de vídeo
game, onde o jogador precisa atirar e recarregar a arma antes que venha a ser
atacado. O Resultado é uma sequência (aparentemente) sem cortes, onde vemos os
adversários tombando de um em um em meio a tiros, facadas e jatos de sangue
para todos os lados.
Mas a cena não para por aí,
pois o cineasta Byeong-gil Jeong tem a proeza de criar ângulos de câmera
impossíveis e dos quais somente com o uso de efeitos visuais seria possível.
Porém, é praticamente impossível de nós percebemos o uso desse recurso nessa sequência, assim como os cortes quase imperceptíveis e isso graças a uma
montagem mirabolante. Quando vemos o reflexo da protagonista num espelho, por
exemplo, a câmera deixa de ser a representação do seu olhar, mas quase não nos
damos conta dessa mudança brusca na apresentação dessa abertura alucinante,
pois já estamos mais do que eufóricos com relação ao que está acontecendo
naquele momento na tela.
Após essa abertura, o filme
desacelera um pouco, para que então comecemos a conhecer melhor a natureza
daquela personagem e do porque ela ter entrado nesse labirinto de violência e
sangue. O grande problema é que a trama em si poderia render pelo menos dois
filmes, mas os realizadores optaram então em condensar tudo numa única história
de pouco mais de duas horas. Não que tudo pareça ser incompreensivo, mas requer
atenção, principalmente por possuir cenas que, por vezes, parecem um tanto que
fragmentadas e incompreensíveis num primeiro momento.
A situação somente melhora
pra valer no terceiro ato, quando a protagonista conhece a real natureza da
realidade em que vive, até então distorcida e moldada por pessoas que até então
a enganavam num jogo de múltiplas conspirações. Se a trama, por vezes, se torna
inverossímil, pelo menos a atuação feroz da Ok-bin Kim compensa tudo, pois
realmente sentimos uma fúria vinda de sua personagem e da qual ela bota pra
fora nos minutos cruciais da trama. Esses minutos, aliás, é uma espécie de
continuidade com os minutos iniciais do filme e nos deixando novamente
anestesiados até mesmo quando começam a subir os créditos finais.
A Vilã é desde já um dos
melhores filmes de ação do ano, mas não recomendado para estômagos fracos.
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