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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Cine Dicas: Em Cartaz: Barreiras



Sinopse: Catherine volta para Luxemburgo em busca de se reconciliar com sua filha Alba, a quem tinha confiado à sua mãe Elizabeth dez anos atrás. Alba é fria e distante com a até então estranha aparecendo inesperadamente em sua vida, assim como Elisabeth, que deseja proteger a menina. Certo dia Catherine não aguenta mais e rapta Alba, levando-a em uma viagem para um lago no norte, e começa uma viagem inquietante sobre o amor maternal.



Não há apresentações, letreiros, ou algo do gênero nos primeiros minutos do filme  Barreiras, mas sim é a câmera que nos leva aos fatos e fazendo com que tiremos as nossas próprias conclusões do que assistimos. Nessa abertura, vemos Catherine (Lolita Chammah, filha de Isabelle Huppert na vida real), adentrar numa escola e observar o ambiente. Num primeiro momento, acreditamos que ela esteja relembrando momentos do passado quando entra naquele ambiente, quando na realidade está observando a sua filha que há tempos não a via.
A cineasta Laura Schroeder (Schatzritter) cria um retrato minucioso da família contemporânea, sendo que alguns não se encontram preparados para administrar uma família, mas que acabam sendo construídas para se manter as suas raízes. Embora não fique muito claro o que havia acontecido no passado, por exemplo, Catherine retorna a Luxemburgo, disposta a retomar o vínculo perdido com a filha pré-adolescente Alba (Themis Pauwels, ótima), que ficou aos cuidados da mãe/avó (Isabelle Huppert). A partir do momento onde se há o reencontro das três protagonistas, começa então a cruzada de um processo de redescobertas e das quais cada uma terá que rever os seus próprios princípios.
Embora Isabelle Huppert seja o chamariz da produção, toda a trama se vê em volta da personagem de Lolita Chammah, onde através de sua filha, não somente busca uma reconciliação, como também uma redenção para ela mesma. A cineasta Shroeder não tem pressa em dar explicações sobre o passado de ambas as personagens, sendo que isso não faz uma mínima falta, pois a reconstrução gradual do relacionamento de mãe e filha é o que faz pulsar o filme como um todo. Isso acaba se tornando tão interessante que a presença de Isabelle Huppert acaba não fazendo muita falta, muito embora ela sempre dê um novo gás quando surge em cena.
Mesmo que não fique explicito os motivos do desentendimento de Catherine com a sua mãe, a cineasta Laura Schroeder foi habilidosa numa sequência esplêndida. Num determinado momento o presente transita com o passado, onde enxergamos pessoas dançando e se esbaldando com riquezas, mas não havendo vida em seus olhares e como se fossem verdadeiros bonecos. Vemos então Catherine querer se desprender disso, mas sendo impedida pela sua mãe, da qual tenta trazê-la ao circulo, mas sem muito sucesso.
O filme então entra em terrenos instáveis, dos quais questões sobre até que ponto se pode se seguir os caminhos de nossos pais, quando na realidade deveríamos desprender de suas sombras e criarmos a nossa própria. A questão sobre a morte, por exemplo, usada no filme, pode ser uma espécie de simbolismo com relação ao desejo de se desprender do cordão umbilical familiar, embora nem todos possam captar essa proposta de imediato. Uma vez que então ambas as três mulheres da trama se encontram numa barreira no ápice da trama, elas não encontram um limite, mas sim um ponto de ignição para tomarem novos rumos de suas vidas. 
Barreiras é um filme sobre mães e filhas, cuja trama é bem conduzida e nos levando a reflexões sobre o verdadeiro papel da mulher em nossa realidade contemporânea. 
  


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