Um
dos filmes mais comentados de 2016 no circuito de festivais,
documentário “Câmera de Espelhos”, da premiada cineasta pernambucana Dea
Ferraz, estreia em Porto Alegre na próxima quinta-feira 23/11, no
CineBancários, ficando em cartaz até 06 de dezembro.
Reconhecida
no campo da pesquisa documental com os títulos “Sete Corações” (2015) e
“Alumia” (2009), a diretora e roteirista apresenta resultado de 15 anos
de estudos sobre a abordagem do filme-dispositivo. Construída dentro de
uma caixa preta, obra documental – o primeiro longa-metragem da
diretora – recorta o discurso masculino banal do dia-a-dia e expõe as
violências sutis às quais são submetidas a mulher e sua imagem espelhada
pela sociedade.
Nosso cinema funciona de terça a domingo e os ingressos podem ser adquiridos no local ou no site ingresso.com
a R$10,00. Estudantes, idosos, pessoas com deficiência, bancários
sindicalizados e jornalistas sindicalizados pagam R$5,00. Aceitamos os
cartões Banricompras, Visa e Mastercard.
Cotidiano feminino
Como
vêem a mulher? O que pensam e como olham para elas? Quem são as
mulheres em um mundo de homens? A partir dessas premissas, “Câmara de
Espelhos” reposiciona certas questões que passam despercebidas, em
especial no cotidiano feminino. O longa documentário da diretora
recifense Dea Ferraz é o primeiro após o sucesso de “Sete Corações”
(2015) e também a sua obra mais autoral até aqui.
Após os dias de exibição no CineBancários, a obra ganha pré-estréia, dia 25 de novembro, em Natal (RN), no Festival EntreTodos.
Circuito dos festivais
Ao
longo de 2016, “Câmara de Espelhos” circulou por vários festivais
brasileiros, mobilizando novos olhares e sensibilidades tanto do público
quanto da crítica, sobretudo no 49º Festival de Brasília do Cinema
Brasileiro, no Distrito Federal, e no 9º Janela Internacional de Cinema
do Recife, com sessão marcada pela manifestação de mulheres do
audiovisual. Passou, ainda, pelo 12º Panorama Internacional Coisa de
Cinema, em Salvador (BA), 20º Forum.Doc BH, em Belo Horizonte (MG). Este
ano, esteve na 13ª Mostra de Cinema do Festival de Inverno de Garanhuns
e também no 10º Festival de Cinema de Triunfo, onde levou o prêmio de
Melhor Direção.
Violência e poder
Resultado
de uma pesquisa de 15 anos sobre os filmes-dispositivo e a tradição da
linguagem documental, a obra nasce de um anseio pessoal da realizadora:
questionar lugares de violência e invisibilidade nos quais as mulheres
vivem diante do consumo de imagens, inclusive delas mesmas. Funcionando
por meio de um dispositivo específico, a de uma caixa preta mal acabada
com regras e modus operandi constantes, o longa-documentário propõe a
reflexão a partir de uma imagem-símbolo que desvela sentidos, falas e
microespaços de poder.
“‘Câmara
de Espelhos’, para mim, é a possibilidade de jogar luz nesse discurso
subliminar, aparentemente banal, que parece invisível e que tantas vezes
deixamos passar porque ‘não é tão grave’, como dizem alguns. Com o
filme, tento dizer que é gravíssimo”, afirma Dea Ferraz, que divide o
roteiro com Joana Collier.
Mesa de bar
Convidados
a participar de um “jogo” em que, espontaneamente, emitem suas opiniões
e reflexões dentro de uma sala de estar rodeada por uma caixa-preta, ao
todo 14 homens, divididos em dois grupos, participam como voluntários
de uma conversa informal que remete a uma mesa de bar tipicamente
masculina, também com suas regras e formatos discursos
pré-estabelecidos.
A
partir da relação “personagem-personagem”, sem a participação efetiva
da diretora ou de qualquer outra pessoa da produção e mediante apenas a
instrução sonora, os homens interagem entre si e comentam a exibição de
vídeos sobre os mais diversos temas, desde aborto, passando por sexo e
casamento até violência.
Graças
ao aspecto aberto do dispositivo, o doc. trouxe nuances e expectativas
inesperadas. “Não há nenhum contato dos homens com a direção. E o fato
de termos as câmeras “escondidas” – eles não sabiam a posição específica
de cada câmera, mas sabiam que estavam sendo filmados – causou um
deslocamento de atuação que gosto muito. Eles atuam entre si, uns para
os outros, mais do que para as câmeras objetivamente”, antecipa Dea.
“Não imaginei que o documentário seria tão violento. Na verdade,
imaginava que seria difícil trazer à tona esse discurso naturalizado do
machismo para dentro de uma sala cheia de câmeras e com o consentimento
dos personagens. Mas o que vi e vivi foi brutal”, conta.
Três elementos
O
dispositivo é composto basicamente por três elementos: a caixa em si,
os vídeos, e a escolha dos personagens. Os vídeos funcionam não somente
como estímulos para o debate interno, como também podem ser vistos como o
mundo externo que entra pela sala. A pesquisa das imagens midiáticas
exibidas (material de Youtube, novelas, filmes, reportagens
jornalísticas, programas evangélicos etc) foi realizada durante dois
meses, sob a coordenação e supervisão da professora Tatyane Guimarães
Oliveira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A
exibição dos vídeos nas filmagens foi dividida em temas: sexualidade e
corpo; religião, casamento e domesticidade; humor; violência. Ao todo,
foram seis sessões com cada grupo de homens. Cada sessão durou cerca de
1h40.
Vozes femininas
O
papel das vozes femininas, que “atuam” dentro do dispositivo sem
presença corpórea, é outro aspecto importante dentro do longa. Uma das
que conduzem os participantes rumo à caixa preta e ao dispositivo, sem
aparecer ou revelar o rosto, é a atriz e bailarina Bella Maia. “Pensar
minha presença na caixa foi a tentativa de encontro comigo mesma e com o
que quero falar. Perceber-me em fendas, rasgos, invisível mas não
ausente, é perceber-me como muitas. Como o próprio feminino que está
sempre à margem da sociedade, nas fendas do mundo, longe dos olhos do
machismo”, justifica a diretora. Primeiro longa-documentário autoral de
Dea Ferraz, a película é produzida pela Parêa Filmes, Ateliê Produções e
Alumia Conteúdo, em associação com a Janela Projetos e distribuída pela
Inquieta por meio de incentivo do Funcultura/Governo de Pernambuco e
recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) da Ancine e do Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Sobre a diretora Dea Ferraz
Dea
Ferraz é diretora e roteirista, formada em jornalismo e com
especialização em documentários na Escuela Internacional de Cine y TV
(EICTV), de San Antonio de los Baños – Cuba. Há mais de 15 anos,
pesquisa a linguagem documental, focando seu estudo atualmente nos
chamados filmes-dispositivos. É dessa prospecção que nasce “Câmara de
Espelhos”e é a partir dela que novas buscas e inquietações se
estabelecem. Realizadora de curtas, médias e um longa-metragem (“Sete
Corações”), Dea acumula prêmios em vários festivais no Brasil e no
exterior, incluindo México, Argentina, Cuba, entre outros.”Alumia”,seu
primeiro média metragem (2009), percorreu a América Latina e sagrou-se
vencedor nos festivais de Santiago Alvarez, em Santiago de Cuba (Cuba); e
no Contra el Silencio todas las Voces, encontro hispano-americano de
cinema e vídeo-documentários durante a 5ª edição do DOCSDF (México). Em
2013, a diretora recebeu o convite para dirigir “Sete Corações”,
longa-metragem documental sobre os mestres de frevo vivos. Depois de
participar do Janela Internacional de Cinema, MIMO e In-Edit, entrou em
cartaz no Recife dois anos depois. O doc musical também foi exibido na
Rede Globo Nordeste, atingindo a marca de 820 mil espectadores. Em 2017,
Dea também circula por festivais com seu segundo longa-metragem
autoral, Modo de Produção, selecionado para o 50º Festival de Brasília
do Cinema Brasileiro, no Distrito Federal, e na 10a Janela Internacional
de Cinema de Recife.
Câmara de Espelhos
Direção Dea Ferraz
documentário, 76min, 2016, PE
Produtores: Carol Vergolino, Cesar Maia, Daiane Dultra, Dea Ferraz, Marcelo Barreto e Neusa Rodrigues
Produção executiva: Carol Vergolino
Roteiro: Dea Ferraz e Joana Collier
Direção de Fotografia: Roberto Iuri
Câmeras: Felipe Lima, Leo Crivellare, Marcelo Lacerda e Marco Duarte
Montagem: Joana Collier
Som: Ariel Maia, Rafa Travassos, Justino Passos e Gera Vieira
Direção de arte: Lara Mafra, Nathália Gomes e Elizabete Ferraz
Cenografia: Hemerson de Souza
Produtora: Alumia Produção e Conteúdo, Ateliê Produções e Parêa Filmes
Produtora Associada: Janela Projetos
Assessoria de comunicação: Trago Boa Notícia
Identidade Visual: A Firma
Grade de horários:
*Não abrimos segundas-feiras
22 de novembro (quarta-feira)
15h - El amparo, de Rober Calzadilla
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Invisível, de Pablo Giorgelli
23 de novembro (quinta-feira)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
24 de novembro (sexta-feira)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
25 de novembro (sábado)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
26 de novembro (domimngo)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
28 de novembro (terça-feira)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
29 de novembro (quarta-feira)
15h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
17h - Invisível, de Pablo Giorgelli
19h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
30 de novembro (quinta-feira)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
1 de dezembro (sexta-feira)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
2 de dezembro (sábado)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
3 de dezembro (domingo)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
5 de dezembro (terça-feira)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
6 de dezembro (quarta-feira)
15h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
17h - Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz
19h - Meu Corpo é Político, de Alice Riff
C i n e B a n c á r i o s
Fone: (51) 34331204
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