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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Terra Selvagem

Sinopse: Um caçador de coiotes e predadores traumatizado pela morte da filha adolescente encontra o corpo congelado de uma menina em um local ermo e decide iniciar uma investigação sobre o crime.


Embora Sicario – Terra de Ninguém tenha sido um trabalho genial nas mãos do cineasta Denis Villeneuve (Blade Runner 2049), o crédito merece ser dado também ao roteirista Taylor Sheridan. Não bastasse ter criado uma boa história sobre a guerra sem fim contra as drogas, eis que ele decidiu então escrever o roteiro do filme A Qualquer Custo, do qual chama atenção por parecer uma espécie de faroeste contemporâneo. Como uma espécie de fechamento de uma trilogia, Terra Selvagem marca a estreia do roteirista na direção, resultando então num trabalho do qual nos faz pensar sobre qual será os seus próximos trabalhos futuros. 
A trama se passa numa pequena comunidade dos Estados Unidos, onde há uma forte presença de descendentes de índios. É lá que vive o caçador Cory, interpretado por Jeremy Renner (Guerra ao Terror e Vingadores), do qual é convocado para dar cabo de um animal que vem dizimando o gado de um habitante, mas no caminho, ele acaba se deparando com o corpo de uma jovem. Em seguida, FBI precisa ser chamado e é então que entra em cena a agente Jane (Elizabeth Olsen, de Vingadores – A Era de Ultron), da qual se vê inexperiente naquele ambiente, mas que consegue ajuda de Cory para tentar solucionar o caso.
Mais de que um filme investigativo, o filme propõe fazer uma dura crítica contra o governo americano, do qual não dá voz ao povo indígena, sendo que as mortes desses não se encontram nas estatísticas. Os indígenas são o único grupo demográfico que não conta com recenseamento próprio no que tange às taxas de homicídio contabilizadas na América. Em tempos de "era Trump", do qual há um grande número de mortes por arma de fogo, fico me perguntando se esses números não seriam maiores ainda se esse povo, sendo os verdadeiros donos da terra, fosse realmente reconhecido nas estatísticas.
Embora o cenário possua um belo visual vindo da natureza, ela por sua vez não esconde o seu lado selvagem, mas não somente vindo dos animais, como também do próprio homem. Taylor Sheridan cria então um mosaico de personagens desgarrados, dos quais a maioria tenta criar a sua própria sorte, para que então não sejam consumidos pela violência vinda de outros ou da natureza gélida implacável. Uma espécie de faroeste contemporâneo, onde um crime acaba tendo consequências e afetando tudo e todos. 
Cory se apresenta então como um sobrevivente, do qual sabe como são feitas as regras nesse ambiente hostil, mas não escondendo as feridas internas dos quais ele guarda. Jeremy Renner novamente nos brinda em um trabalho competente, onde o seu personagem nos passa um ar sereno, mas não escondendo a dor de um passado doloroso e ainda não resolvido. E se Elizabeth Olsen se esforça (no bom sentido) ao passar autoridade como uma agente do FBI, Gil Birmingham (A Qualquer Custo) surpreende no papel do pai da vitima, sendo que suas poucas cenas já valem um Oscar.
Tecnicamente o filme não nos apresenta nada de novo, mas ao mesmo tempo há um realismo cru, aonde cada cena de ação que venha acontecer gerará então consequências imprevisíveis. Taylor Sheridan cria então no terceiro ato um cenário cheio de violência, sendo que ela ataca sem prévio aviso e fazendo a gente se perguntar o que estará por vir. Embora as soluções de tais atos possam soar um tanto que previsível isso não diminui o fato de que os personagens permanecem em sua busca pela paz interior naquele lugar opressor. 
Terra Selvagem é mais do que um filme sobre um crime, como também de inúmeros feitos pelo homem no passado e que ressoa num presente cada vez mais indefinido. 


 
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