Sinopse: Um caçador de
coiotes e predadores traumatizado pela morte da filha adolescente encontra o
corpo congelado de uma menina em um local ermo e decide iniciar uma
investigação sobre o crime.
Embora Sicario – Terra de
Ninguém tenha sido um trabalho genial nas mãos do cineasta Denis Villeneuve (Blade
Runner 2049), o crédito merece ser dado também ao roteirista Taylor Sheridan.
Não bastasse ter criado uma boa história sobre a guerra sem fim contra as drogas,
eis que ele decidiu então escrever o roteiro do filme A Qualquer Custo, do qual
chama atenção por parecer uma espécie de faroeste contemporâneo. Como uma espécie
de fechamento de uma trilogia, Terra Selvagem marca a estreia do roteirista na
direção, resultando então num trabalho do qual nos faz pensar sobre qual será
os seus próximos trabalhos futuros.
A
trama se passa numa pequena comunidade dos Estados Unidos, onde há uma forte
presença de descendentes de índios. É lá que vive o caçador Cory, interpretado por Jeremy
Renner (Guerra ao Terror e Vingadores), do qual é convocado para dar cabo de um
animal que vem dizimando o gado de um habitante, mas no caminho, ele acaba se
deparando com o corpo de uma jovem. Em seguida, FBI precisa ser chamado e é
então que entra em cena a agente Jane (Elizabeth Olsen, de Vingadores – A Era
de Ultron), da qual se vê inexperiente naquele ambiente, mas que consegue ajuda
de Cory para tentar solucionar o caso.
Mais de que um filme
investigativo, o filme propõe fazer uma dura crítica contra o governo americano,
do qual não dá voz ao povo indígena, sendo que as mortes desses não se
encontram nas estatísticas. Os indígenas são o único grupo demográfico que não
conta com recenseamento próprio no que tange às taxas de homicídio
contabilizadas na América. Em tempos de "era Trump", do qual há um grande número
de mortes por arma de fogo, fico me perguntando se esses números não seriam maiores
ainda se esse povo, sendo os verdadeiros donos da terra, fosse realmente reconhecido
nas estatísticas.
Embora o cenário possua
um belo visual vindo da natureza, ela por sua vez não esconde o seu lado
selvagem, mas não somente vindo dos animais, como também do próprio homem. Taylor
Sheridan cria então um mosaico de personagens desgarrados, dos quais a maioria
tenta criar a sua própria sorte, para que então não sejam consumidos pela violência
vinda de outros ou da natureza gélida implacável. Uma espécie de faroeste contemporâneo,
onde um crime acaba tendo consequências e afetando tudo e todos.
Cory se apresenta
então como um sobrevivente, do qual sabe como são feitas as regras nesse ambiente
hostil, mas não escondendo as feridas internas dos quais ele guarda. Jeremy
Renner novamente nos brinda em um trabalho competente, onde o seu personagem nos
passa um ar sereno, mas não escondendo a dor de um passado doloroso e ainda não
resolvido. E se Elizabeth Olsen se esforça (no bom sentido) ao passar
autoridade como uma agente do FBI, Gil Birmingham (A Qualquer Custo) surpreende
no papel do pai da vitima, sendo que suas poucas cenas já valem um Oscar.
Tecnicamente o filme
não nos apresenta nada de novo, mas ao mesmo tempo há um realismo cru, aonde
cada cena de ação que venha acontecer gerará então consequências imprevisíveis.
Taylor Sheridan cria então no terceiro ato um cenário cheio de violência, sendo
que ela ataca sem prévio aviso e fazendo a gente se perguntar o que estará por
vir. Embora as soluções de tais atos possam soar um tanto que previsível isso
não diminui o fato de que os personagens permanecem em sua busca pela paz interior
naquele lugar opressor.
Terra Selvagem é mais
do que um filme sobre um crime, como também de inúmeros feitos pelo homem no
passado e que ressoa num presente cada vez mais indefinido.
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