Nos dias 25 e 26 de
Junho eu estarei me encaminhando para minha 58ª participação nos cursos do Cine
Um. Na próxima aula o tema será Nouvelle Vague do Cinema Coreano que será ministrado pelo Doutor em Ciências
da Comunicação Josmar Reyes. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui
eu estarei postando sobre os filmes que eu assisti desse cinema inovador e
corajoso que estourou no início do século 21.
PARK CHAN-WOOK E SUA
TRILOGIA VINGATIVA:
MR. VINGANÇA
Sinopse: Ryu (Shin
Ha-Kyun) é surdo-mudo. Sua adorada irmã precisa com urgência de um transplante
de rim. Na ausência de doadores compatíveis, Ryu recorre ao mercado negro, mas
é trapaceado e perde todas suas economias, bem como o próprio rim. Ryu então é
convencido por sua namorada a seqüestrar a filha de 4 anos do empresário
Dong-Jin (Song Kang-Ho) para custear a cirurgia de transplante. Mas o seqüestro
não funciona como esperado: a irmã de Ryu se suicida e a menina raptada morre
afogada. Sem outros motivos para viver, Dong-Jin e Ryu vão preparar implacáveis
planos de vingança um contra o outro.
Iniciando a trilogia
sobre vingança, o filme trata de vários aspectos além de simplesmente a
vingança única e claramente, pois faz uma crítica ao tráfico de órgãos, sequestro e como uma pessoa pode vir a fazer o impensável para ajudar um ente
querido.O interessante no roteiro de Wook-Park é a criatividade, não vista só
nesse filme mas em todos os outros da “série”.
Percebe-se que não só
um personagem procura vingança nos três filmes. Enfim, o filme tem uma direção
ótima para um diretor “estreante” no cinema mundial e consegue não só passar
cada protagonista como sendo um mero personagem, mas sim cada um como sendo
individualmente um ser a ser explorado mostrando suas emoções durante o filme.
OLDBOY
Sinopse: 1988. Oh
Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3
anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para
casa de uma cabine telefônica e logo em seguida desaparece, deixando como pista
apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha. Pouco depois
ele percebe estar em uma estranha prisão, que na verdade é um quarto de hotel
onde há apenas uma TV ligada, no qual recebe pouca comida na porta e respira um
gás que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV ele descobre que
é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa, o que faz com que
tente o suicídio. Sem obter sucesso, ele passa a se adaptar à escuridão de seu
quarto e a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo
obrigado a cumprir sem saber o porquê.
A ‘escola Tarantino’ ultrapassou fronteiras e
chegou à Coréia do Sul no início do século 21. “OldBoy” é uma das melhores
produções que lembram o estilo do diretor norte-americano. Vingança, submundo e
muita violência são os ingredientes deste longa ousado, perturbador e
espetacularmente subversivo.
O longa tem uma linha
narrativa independente e não precisa de seu antecessor para o entendimento da
história. “OldBoy” é um ‘soco na mente’ do espectador. A começar pelo ótimo
roteiro baseado em um mangá japonês que é repleto de mistério, reviravoltas e
violência, tanto física como psicológica.
A trama, que lembra o
conceito de “1984” e a subversão de “Laranja Mecânica”, expõe o sentimento
humano à ambiguidade, à represália e à insanidade e de uma forma densa,
dramática e amorosamente desesperançosa. A boa fotografia, que faz da opressão
algo artístico, e a atmosfera underground ditam o ritmo do longa até o clímax
surpreendente e fazem o espectador apreciar uma das experiências mais
perturbadoras do cinema. Destaque para a antológica cena de luta em um estreito
corredor filmado em plano-sequência.
LADY VINGANÇA
Sinopse: Aos 19 anos
Lee Geum-Ja (Lee Yeong-Ae) é condenada a 13 anos de prisão pelo seqüestro e
assassinato de um menino de 6 anos. Ela está acobertando o verdadeiro culpado,
seu namorado e professor Sr. Baek (Choi Min-Sik). Quando descobre que está
sendo traída, Geum-Ja passa todo o seu tempo na cadeia preparando uma vingança
para o ex-amante. Treze anos depois ela sai da cadeia e, com a ajuda de algumas
ex-colegas da prisão, encontra Srr. Baek e põe em prática seu minucioso plano.
Fechando a trilogia da
vingança, os momentos mais fortes de Lady Vingança são aqueles que você
simplesmente não vê. É o poder da sugestão no cinema e a confiança do diretor
na platéia. A violência neste filme é sufocante, mas quase nunca revelada. E
ainda assim, muita gente não consegue olhar para a tela. E talvez, o cinema
jamais tenha sido tão contundente ao denunciar crimes contra crianças. Não há
banalização da violência, mas o cineasta não deixa de mostrar como a mídia se
encarrega disso. O que também impressiona em Lady Vingança é como Park
Chan-Wook consegue extrair beleza e sensibilidade de um tema tão difícil.
Provavelmente, o filme nunca teria saído deste jeito se fosse bancado por um
estúdio de Hollywood.
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