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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: UMA NOITE EM SAMPA



Sinopse: Um grupo de pessoas que vive no interior aluga um ônibus para ir à São Paulo assistir à uma peça no teatro Ruth Escobar. Ao fim do espetáculo, elas descobrem que o motorista não está e o ônibus está trancado. As pessoas não têm saída a não ser esperarem por ele. Mas é tarde da noite e eles ficam apavorados com os perigos que podem surgir como moradores de rua e um bocado de gente estranha.

Dependendo do seu conteúdo, um filme pode possuir inúmeras interpretações, das quais cada um que assiste pode tirar as suas próprias conclusões. É o caso agora de Uma Noite de Sampa, novo filme do cineasta Ugo Giorgetti (Cara ou Coroa) que, mesmo em pouco mais de uma hora de duração, a produção possui inúmeras camadas de interpretação. Se formos mais longe, o filme pode ser interpretado como uma metáfora da nossa sociedade brasileira atual, do qual se encontra cada vez mais presa devido ao medo da violência suburbana e dos estereótipos criados pelo dia a dia.
Mas talvez Uma Noite Sampa sinalize por algo que vai muito além do que isso. A proposta do cineasta que, há quem diga, sempre enxergou São Paulo com um olhar de dúvida, injeta aqui uma inspiração vinda do clássico O Anjo Exterminador do mestre Luis Buñuel. Naquele clássico, Buñuel retrata inúmeros personagens da alta burguesia, sendo impedidos de sair da sala principal de um casarão por algo que eles próprios não conseguem explicar.
É mais ou menos isso então que acontece em Uma Noite em Sampa: após assistirem a um espetáculo teatral, grupo que veio do interior, sendo alguns ex-moradores de São Paulo, ficam á espera do motorista do ônibus, do qual inexplicavelmente desaparece do local e fazendo com que o grupo fique a mercê do lado de fora do ônibus em plena noite escura. A longa jornada de espera na frente do veiculo logo vai descascando os medos que cada um ali guarda para si, não somente da violência que ocorre na grande metrópole, como também por possuírem receios perante aos drogados, sem tetos e figuras solitárias e estranhas que surgem no decorrer da noite.
Embora o filme tenha sido feito há pouco tempo, ele possui na realidade um clima meio retro, mas que sintetiza todo o clima de incerteza e medo do qual o Brasil vive atualmente. É ai que chego ao ponto do início do texto, já que a obra possui muito mais conteúdo do que apenas o que a gente vê na tela. Assim como foi visto em seus filmes anteriores, Ugo Giorgetti sabe como ninguém retratar de uma forma simples, porém crua, a divisão de classes que se encontra a nossa sociedade.
Infelizmente as pessoas se acostumaram mal a ficar presas ao estereótipo, do qual se cria então o medo, mas sem razão aparente. Nos momentos finais do filme, por exemplo, uma personagem cega dá um exemplo digno de nota e fazendo com aqueles que têm o dom da visão não consigam enxergar além do que os seus olhos podem ver. Essas pessoas então ficam presas como estátuas em seu próprio presente, como se elas estivessem no passado, mas o mundo continua andando.
Com um grande time de atores do teatro paulistano, como Fernanda Garrafa, Cris Couto, Maria Stella Tobar, Roney Facchini, Thaia Perez (que está no elenco de Aquarius) e Suzana Alves (sim, a Tiazinha), Uma Noite em Sampa vem nos dizer que estamos nos travando por medos, preconceitos e que, se continuarmos nesse retrocesso, seremos apenas seres humanos empalhadores para os olhos do resto do mundo. 


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