Sinopse: Em 2014, Adolf Hitler acorda num terreno baldio em Berlim, sem saber o que aconteceu após o ano de 1945. Desabrigado e desamparado, Hitler interpreta tudo que vê em 2014 a partir de uma perspectiva Nazi e, apesar de todo mundo reconhecê-lo, ninguém acredita que ele é o próprio Hitler, e sim um comediante, ou um ator. Como resultado, os seus vídeos violentos e furiosos tornam-se um enorme sucesso no YouTube, e Hitler alcança o estatuto de celebridade moderna como um artista, onde tira proveito da situação e usa sua popularidade para voltar ao poder.
No falso documentário Borat,
Sacha Baron Cohen interpreta um Cazaquistão, que se diz ser um repórter e que
viaja para os EUA fazer um documentário sobre os costumes dos americanos. No
decorrer da obra, o ator consegue extrair o melhor e o pior do povo americano,
principalmente de um período conservador da era Bush. Passaram-se os anos e o
filme serviu de modelo para inúmeros outros filmes, mas Ele Está de Volta vai
muito além, pois serve como alerta para um futuro opressor para a humanidade.
Baseado na obra de Timur
Vermes, Adolfo Hitler surge do nada na Berlim atual e começa a tentar entender
o que aconteceu com ele e com o seu país ao longo das décadas. Gradualmente
conhece inúmeros meios de voltar aos holofotes, através de um funcionário de um
estúdio de televisão que procura uma oportunidade para crescer na vida. Ambos
então começam a viajar pelo país para entrevistar pessoas e perguntar a elas
sobre o que poderia melhorar no governo atual em crise.
Não demora muito para Hitler
ganhar seu próprio programa, ganhar audiência e se tornar febre na mídia e nas
redes sociais. Mais do que uma comédia, o filme é um verdadeiro alerta vermelho
do que acontece na sociedade atual, não somente na Alemanha, como também no
mundo todo. Onde há crise, sempre surgirá pessoas oportunistas, das quais
montam para si uma imagem de salvador, quando na realidade guarda para si
idéias megalomaníacas, das quais atingirá a todos, não importando qual classe
ou credo.
Dirigido por David Wnendt
(Feuchtgebiete), o longa tem cenas filmadas com câmeras escondidas durante uma
espécie de turnê que a equipe fez com ator Oliver Masucci devidamente
caracterizado. Foi nessas interações que as pessoas se mostraram mais
simpáticas com o político, o que estarreceu o ator principal. Algumas acabam
pondo pra fora o seu preconceito, desde serem contra os imigrantes, como também
a mistura de raças e manter a raça alemã pura e intocável.
Na segunda Guerra, Hitler
usava rádio e cinema para promover a sua propaganda nazista, da qual, no
princípio, usava humor para agradar o povo e fazê-los com que comprassem as
idéias dele. O filme então coloca Hitler amando a idéia do poder da mídia que
pode lhe oferecer através da TV, assim como as inúmeras possibilidades que a
internet escancara na sua frente. Isso sintetiza o poder que um político de
hoje usa para adquirir audiência, através de uma mídia sensacionalista e que só
se preocupa em obter audiência.
No mundo real não temos mais
Hitler, mas sim pessoas do ramo político que não estão muito longe do que ele
já foi um dia. Se nos EUA, a direita tem o seu artista conservador e
megalomaníaco Donald Trump pronto para abocanhar a Presidência, aqui a situação
do brasileiro se encontra na pior, pois Jair Bolsonaro, na ultima votação
(vergonhosa) do Impeachment, defendeu a imagem de um torturador dos tempos da
Ditadura e fazendo de forma escancarada propaganda pela volta daquele período.
2018 está chegando e, portanto, ficamos em alerta pelo pior que está por vir.
Com isso, mais do que uma
comédia, o filme é uma metáfora sobre o espírito do cidadão de inúmeros países
em crise, cada vez mais divididos entre esquerdas e direitas e nascendo então o
desejo por mudanças, por vezes radical. Hitler surgindo e sem nenhuma
explicação em plena Berlim atual seria talvez o desejo do povo alemão? O final
dá uma idéia dessa possibilidade e fazendo a gente se chocar com o fato dela
existir.
Ele Está de Volta é
um filme obrigatório, pois não só nos faz rir, mas também refletir sobre nós mesmos, pois
querendo ou não, somos responsáveis pela
criação de monstros dentro do poder.
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