Sinopse: O casal
Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson) segue o trabalho de
investigação de eventos sobrenaturais. Destra vez eles vão até Londres, onde
uma mãe solteira com quatro filhos tem vivido momentos de aflição, pois sua
casa foi invadida por espíritos do mal.
Uma das coisas que eu gostei em
Invocação do Mal é da obra possuir inúmeros ingredientes de que se usava para
se fazer filmes de horror de antigamente. Nada de sangue ou violência
explicita, mas sim uma atmosfera gótica, onde luz, sombras, ruídos, vozes
amedrontadoras e portas que se abrem e fecham sozinhas criam um cenário opressor.
Agora em Invocação do Mal 2, esses ingredientes retornam com força total e ao
mesmo tempo se casando com uma realidade mais crua com relação aos fatos
verídicos.
Novamente dirigido por Janet
Hodgson, o filme retrata a dura vida de uma mãe separada (Frances O'Connor) e
de seus quatro filhos num bairro de Londres. A filha caçula Janet (Madison
Wolfe) começa a andar sonâmbula, falar com outra voz, causar manifestações
dentro da casa e despertando o interesse da mídia. A situação vai até o casal
de peritos no assunto Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson) que,
ao mesmo tempo em que aceitam a investigação mandada pela igreja, eles mesmos
tem que enfrentarem os seus próprios temores.
Se no filme anterior a
reconstituição de época (anos 60) era ótima, aqui a reconstituição do ano de
1977 não é somente perfeita, como ela é crua e realista. A casa onde a família
vive, por exemplo, ela é suja, simples e fazendo a gente crer naquela realidade
sendo afetada por estranhos acontecimentos. Ao mesmo tempo o filme é hábil ao
introduzir elementos do que acontecia na época, desde o que acontecia com o
governo Inglês, como também a moda e as músicas de sucesso.
Essa realidade da qual nos
identificamos facilmente faz com que os momentos de horror se tornem mais
eficazes, mas ao mesmo tempo criando um clima de incerteza, pois eles podem ser
algo vindo do além, como também vindo de mentes fracas pedindo atenção. Ponto
para o cineasta Hodgson, pois embora ele nos reapresente o casal protagonista
em uma situação fantasmagórica do passado, isso não signifique que suas
próximas missões sejam realmente genuínas. Do primeiro ao segundo ato, somos
apresentados situações da quais podem soar verdadeiras, como também fruto de
uma mente fraca.
Até que os verdadeiros fatos
surgem na mesa, somos brindados com o melhor de um filme de horror de
qualidade. Hodgson cria um verdadeiro palco para a criação de um momento do
qual se irá criar o momento de terror puro e que nos faz pular da cadeira
facilmente. Se a imagem da boneca Annabelle (que teve até mesmo o seu próprio
filme) nos deixava apreensivo, o que dizer então da imagem sombria e
amedrontadora de uma misteriosa freira, da qual tanto surge no fundo de um
corredor, como também de um quadro inanimado, mas não menos terrível de ser
visto. Atenção para a cena em que essa personagem se mistura com o quadro em
meio às sombras, simplesmente assustador e eficaz.
Outra genialidade vinda de
Hodgson é dele criar planos sequências onde ele nos apresenta o cenário dos
acontecimentos. Em muitos momentos a sua câmera começa a focar por cima, para
logo em seguida baixando, entrando na casa, nos apresentando cada um dos seus
personagens e explorando minuciosamente o lugar em que eles vivem. Não há
parede ou janela que interfira na aproximação da câmera, como se ela própria
fosse à entendida invadindo aquele lugar.
Assim como no filme
anterior, o casal Lorraine e Ed são as almas do filme, principalmente Lorraine.
Interpretada novamente com intensidade por Vera Farmiga, Lorraine nos passa
todo o peso da responsabilidade de possuir um dom, do qual pode ajudar inúmeras
pessoas, mas ao mesmo tempo por em risco, tanto da sua vida, como também a do
seu marido. Ambos em cena sentimos uma química perfeita e fazendo a gente
desejar que nada de ruim aconteça com eles.
O ato final, realidade e
fantasia se chocam e nos brindando com inúmeros momentos angustiantes e
colocando a força de vontade dos personagens em cheque. Embora esse ato nos
empolgue do começo ao fim, infelizmente ele sofre do mesmo mal do filme
anterior, ao nos apresentar o final desse conflito de uma forma bem resolvida e
forçando a gente sair do cinema com aquela sensação de que poderia ser menos
reconfortante aqueles minutos finais. Para quem gosta de ficar assistindo os
créditos finais, recomendo assisti-los, pois eles mostram cenas reais dos
verdadeiros fatos dos quais esse filme se baseou, sendo que esses sim, acabam
sendo mais arrepiantes dos que as cenas finais da trama.
Embora com esse deslize,
Invocação do Mal 2 cumpre o seu dever com louvor, ao não nos pregar sustos com
facilidade, mas sim nos brindando com um cenário reconfortante, para que ele
gradualmente se torne o mais puro pesadelo.
Leia também: INVOCAÇÃO DO MAL.
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