Nos dias 24 e 25 de Outubro eu estarei me encaminhando para
minha 40ª participação nos cursos do Cena Um. Na próxima aula o tema será sobre
o gênero Noir, que será ministrado pelo Doutor de Cinema Fernando Mascarello.
Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu estarei postando sobre os
filmes que eu assisti desse cinema inovador, corajoso para a época e que se não
fosse por eles, não existiria filmes como Pulp Fiction ou Sin City.
O MENSAGEIRO DO DIABO
Sinopse: O reverendo Harry Powell não é bem o que aparenta ser: utilizando-se de palavras da Bíblia e belas canções religiosas, e com a ajuda de seu carisma que consegue conquistar rapidamente as pessoas, ele é na verdade um golpista que se aproveita da situação de recém-viúvas para tirar dinheiro delas. Sua nova vítima é Willa Harper (Shelley Winters), que perdeu seu marido, enforcado por assassinato.
Quando fez O Mensageiro do Diabo,
Charles Laughton tinha apenas uma co-direção que se chamava O Homem da Torre Riffel
do ano de 1951. Na realidade foi no trabalho como ator que ele ganharia grande
prestigio, atuando em mais de 50 títulos e sendo dirigido por verdadeiros
mestres do cinema como Alfred Hitchcock e Jean Renoir. Tal experiência que teve em meio a grandes talentos
na direção, fez que ganhasse interesse em dirigir e o resultado foi à criação
de um único filme em sua carreira, mas que é indubitavelmente um belo exemplo
de herdeiro de outros gêneros cinematográficos vistos em outras décadas.
O filme nos brinda com belas
imagens em preto e branco que solta aos olhos, que por vezes lembra, tanto o período
do expressionismo alemão como também os primeiros títulos gênero noir que
surgiram no cinema americano a partir da década 40. Ver O Mensageiro do Diabo
se tem uma sensação de mistura de talentos: visualmente o filme lembra os
melhores títulos de Fritz Lang (Metrópolis), mas por outro lado possui uma dose
de humor negro que nos lembra um filme de Hitchcock. Porém, o filme se
direciona por ares um conto de fadas mais sombrio, para não dizer macabro.
Harry Powell (Robert Mitchum) é
um ex-presidiário, que por sua vez é uma verdadeira mistura de anjo e demônio num
único corpo, sendo um reverendo fervoroso e um assassino de esposas das quais
rouba dinheiro. Sua próxima vitima é uma viúva (Shelley Winters) e seus dois
filhos, que ambos guardam uma quantia exorbitante de dinheiro dado pelo pai falecido.
Após o assassinato da mãe (a cena em que mostra onde está o corpo é desde já
espetacular) as duas crianças decidem fugir pelo mundo, mas ao mesmo tempo o
grande vilão da trama fica no encalço dos dois.
À medida que o vilão chega mais
perto dos seus pequenos alvos, se aumenta ainda mais o suspense, se criando
momentos soberbos e fazendo do falso pastor Harry num dos melhores e mais enigmáticos
vilões da historia do cinema. Pelo fato do cineasta ter sido um ótimo ator, ele
optou por alguém como Mitchum, que possuía um grande talento de misturar um
lado cômico com o seu lado mais perverso e se criando então um verdadeiro
estudo sobre as origens da maldade humana. Com sua face enigmática, Mitchum
também passou certo apelo sexual nas entrelinhas, sendo algo chocante para os padrões
morais dos bons costumes americanos da década de 50.
Talvez por ser uma obra com um conteúdo
até então inédito aos olhos do cinéfilo americano daquele tempo, O Mensageiro
do Diabo acabou se tornando um verdadeiro fracasso de bilheteria e prejudicando
a carreira de Laughton para sempre. Depois disso ele jamais dirigiria um filme
novamente. Porém, o tempo fez justiça e O Mensageiro do Diabo sempre se
encontra facilmente na lista dos melhores filmes de todos os tempos.
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