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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Cine Especial: 'Better Call Saul - O Fim de Uma Era'

Sinopse: Jimmy McGill, também como conhecido como Saul Goodman, tenta ser um homem honesto e construir uma carreira de respeito. Mas há um lado seu que só quer aplicar golpes e se tornar um advogado picareta 

Na minha opinião, se "Breaking Bad" existe e se tornou o que ela é muito se deve a greve dos roteiristas que ocorreu nos EUA, da qual iniciou em 5 de novembro de 2007 e se encerrou em 12 de fevereiro de 2008. Ela ocorreu não somente pelo fato de os roteiristas estarem escrevendo muito e ganhando pouco, como também eles se viam sendo obrigados a fazerem tramas desnecessárias para séries tv e para que as mesmas se prolongassem até o 24º episódio de cada temporada. A partir daí algo de interessante aconteceu.

Com menos episódios e liberdade maior na criação das tramas, os roteiristas abriram um leque de possibilidades, principalmente pelo fato de atrair cineastas autorais para as tvs, sendo que os mesmos estavam cada vez mais perdendo liberdade na criação de determinados filmes para o cinema, mas enxergando na telinha a chance de obter liberdade criativa maior que até então nunca haviam conseguido obtê-la. A partir de então, as séries de tv começaram a ganhar uma linguagem mais cinematográfica, coisa que talvez não se via muito desde que David Lynch havia virado a tv norte americana do avesso com o seu "Twin Peaks" (1990) e tendo temporadas com um número cada vez menor de episódios, porém, com melhor conteúdo a ser degustado. "Breaking Bad" foi um desses primeiros bons exemplos, ao retratar o professor de química Walter White que, ao descobrir que tem câncer, decide criar drogas para vender e assim obter dinheiro para dar a sua família caso venha falecer.

Sucesso de público e elogiado pela crítica, a série abocanhou diversos prêmios ao longo dos anos, mas muitos fãs ficaram órfãos quando ela havia se encerrado. Porém, o programa tinha diversos personagens surpreendentes e dos quais facilmente poderiam ser usados em um possível derivado e muitos ficavam se perguntando como seria uma série protagonizada pelo advogado trambiqueiro Saul Goodman e do qual foi interpretado brilhantemente pelo ator Bob Odenkirk. Eis que em 2015 chega e a Netflix lança então a série "Better Call Saul", programa que se encerrou recentemente e que nos surpreendeu em cada episódio pela sua qualidade, tanto em suas tramas engenhosas como também na forma de filma-las.

Ao longo de seis temporadas, acompanhamos Saul em seu exílio como foragido, ao vermos o mesmo trabalhando vendendo sorvete em um grande shopping, mas jamais se esquecendo do que ele foi um dia no passado. Todas as temporadas começam neste ponto, cuja a fotografia em preto e branco fria sintetiza um protagonista adormecido, mas pronto para despertar o seu talento, mesmo quando o mesmo era usado para métodos nenhum pouco limpos. As tramas foram prosseguindo, onde fomos conhecendo a transição do protagonista para o mundo da advocacia, assim como o seu irmão Chuck, brilhantemente interpretado por Michael McKean e sua namorada e também advogada Kim Wex (Rhea Seehorn).

Ao mesmo tempo, velhos conhecidos nossos de "Breaking Bad" foram reaparecendo ao longo da série como Mike (Jonathan Banks), Gus (Giancario Esposito) e trazendo consigo todo o seu conflito com a máfia do tráfico controlada pelos Salamancas. Isso fez com que acompanhássemos duas linhas da mesma história, ao vermos a transformação gradual de Jimmy para o Saul como nós havíamos conhecido, como também a guerra que os Salamancas haviam orquestrado antes dos eventos da série original. Embora todos nós já sabíamos quais seriam os destinos da maioria desses personagens, os roteiristas foram engenhosos em sempre terem mantido o nosso interesse sobre as raízes de Saul e sobre o destino da sua companheira Kim que foi se revelando uma das melhores personagens do programa ao longo desse tempo.

Eis então que a sexta e última temporada chega de uma forma arrasadora, onde os diretores usaram e abusaram da melhor forma possível para filmar a história e cuja a mesma sela com um laço forte todos os eventos vistos anteriormente em "Breaking Bad". E sim, os personagens Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) finalmente aparecem em participações especiais, porém, bastante importantes ao colaborar em nos apresentar a real faceta de Saul. Embora todos os eventos das duas séries tenham construído a sua pessoa, vale salientar que essa última temporada nos passa a ideia de que ele sempre foi assim, uma pessoa que joga os dois lados da moeda da Justiça desde sempre para sobreviver, mas tendo total consciência de possíveis consequenciais que poderiam vir a seguir.

Portanto, ao vermos o mesmo jogando suas cartas na manga, mesmo correndo o sério risco de ser enclausurado pelo resto da vida, é o ápice de toda a construção da jornada desse personagem, que lutou das mais diversas formas, até mesmo sujas, para se safar perante a justiça e contra aqueles que poderiam facilmente terem dado um tiro em sua cabeça. Ao final, vemos o mesmo ao lado de Kim, aquela que ele sempre amou, admirou e cujo o enquadramento da última cena dos dois juntos, alinhado com uma belíssima fotografia em preto branco, com certeza entrará facilmente para um dos momentos mais importantes dos seriados de tv norte americanos e isso eu falo sem exagero.

Com uma criativa homenagem ao clássico literário "Máquina do Tempo" de H. G. Wells, "Better Call Saul" se encerrou de uma forma extraordinária, com uma linguagem cinematográfica autoral de ponta a ponta e por ter criado em nós uma sensação de estarmos órfãos por longas horas. 


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