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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'X'

Sinopse: Na década de 1970, um grupo de filmmakers descem para uma antiga casa de fazenda no interior de uma cidade no Texas para gravar um filme pornográfico. Mas quando os reclusos e idosos anfitriões da antiga casa os pegam em flagrante, o elenco logo se vê em uma luta desesperada por suas vidas. 

O clássico "O Massacre da Serra Elétrica" (1974) foi o que definitivamente inaugurou o subgênero de terror "Slasher", nome que dá aos filmes de orçamento apertado, onde retratava psicopatas matando jovens que somente pensavam em sexo e que ficavam perdidos em lugar nenhum no interior dos EUA. Entre a década de setenta oitenta esses filmes fizeram um tremendo sucesso, mas que, curiosamente, o que começou como uma crítica acida com relação ao lado obscuro e derrotado dos EUA daqueles tempos, se tornou posteriormente como um alerta sobre os perigos do sexo em tempos em que a AIDS estava se alastrando. O subgênero acabou tendo sobreviva na década seguinte através da franquia "Pânico" (1996), mas nunca mais retornando aos seus tempos mais dourados.

Retornando ao "Massacre da Serra Elétrica", o filme possuía várias camadas interpretativas, desde ao fato de uma geração moldada por drogas, sexo  rock roll dar de cara com o lado obscuro da sociedade norte americana, como também a mesma estava em mutação no momento em que sofria com crise financeira, governo Nixon e a ressaca sem fim devido a derrota no Vietnã. Em meio a isso, havia uma rixa entre o conservadorismo religioso versus "paz e amor" de uma geração que se via na não obrigação de seguir uma linha reta com relação a sua própria vida. "X" é um filme que presta uma homenagem, não somente ao subgênero "Slasher", como também faz um paralelo dos tempos conservadores hipócritas de ontem e hoje.

Dirigido por Ti West, o filme acompanha um grupo de cineastas pornográficos em sua gravação de um novo longa. Em 1979, Maxine, uma atriz pornô, Wayne seu namorado e produtor e mais um grupo de atores e pessoas vão para o Texas em uma fazenda, propriedade de Howard e Pearl, um casal idoso, para gravar o novo filme pornográfico The Farmer's Daughters. Quando o grupo chega na propriedade, são recebidos pelo casal - que apresenta estranhas características.

Com um prólogo que consegue obter a nossa atenção, o filme começa já dando indícios que veremos muitas homenagens com relação a esse subgênero, ao ponto de que as regras do mesmo já disparam em nossas cabeças e já fazendo com que nos preparemos por elas. Porém, diferente do que acontecia nos anos oitenta, não é pelo fato de um ou outro protagonista em “não fazer sexo” que irá salva-lo, pois aqui ninguém está salvo do perigo iminente que irá acontecer posteriormente. Essa mensagem subliminar é deixada de lado e fazendo com que o destino de alguns personagens entre em contramão com relação ao que estávamos imaginando.

Além disso o filme é uma curiosa homenagem dos tempos de um cinema mais independente, do qual bastava uma ideia na cabeça para pôr a mão na massa. Ao mesmo tempo o filme sintetiza tempos em que a pornografia fazia um grande sucesso, desde quando o clássico "Garganta Profunda" (1972) se tornou um grande sucesso e levantando a hipótese de se tornar um gênero lucrativo para aqueles tempos. Porém, tanto aqui como no clássico "Boogie Nights" (1999) é mostrado que o advento de novas tecnologias faria com que tudo se tornasse mais fácil para ser feito, mas ao mesmo tempo perdendo o espaço das grandes salas de cinema e sendo sucateado no advento do vídeo cassete.

Com uma reconstituição de época precisa, da qual a mesma sintetiza os tempos quentes dos anos setenta, o filme se encaminha para um verdadeiro banho de sangue, daqueles que todos imaginam quando embarcam neste tipo de subgênero. Curiosamente, o filme fala sobre os desejos reprimidos pelo sistema da igreja, cuja a mesma sempre uma hora e outra surge do nada, mas para somente se casar com a proposta principal da obra. Ti West talvez procura passar para nós a teoria de que nada pode ser reprimido em uma realidade em que o conservadorismo deseja sufoca-lo, pois quanto mais se estica a corda mais existe a chance de arrebenta-la.

"X" é um dos filmes de horror mais criativos do ano, onde presta uma curiosa homenagem ao subgênero  "Slasher" e tendo a coragem de quebrar certas regras criadas pelo conservadorismo. 


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