Sinopse: Rachel (Teresa Palmer) é uma mãe vivendo o luto de um trágico acidente onde um de seus gêmeos perdeu a vida. Para reconstruir a família, Anthony (Steve Cree) muda com a esposa e seu filho sobrevivente para a cidade onde cresceu, a milhares de quilômetros de onde viviam.
Se no princípio um filme nos apresenta algo a mais do que aparenta ser ele acaba ao longo da história adquirindo novas camadas de interpretação e fugindo do convencional. Pegamos como exemplo o clássico "O Bebê de Rosemary" (1968), do qual até a pouco tempo muitos apontavam como um filme de terror sobre o nascimento do filho do demônio, quando na verdade ele pode ser interpretado como um horror psicológico em que a protagonista sofre durante e após o seu parto. No caso de "Gêmeo Maligno" (2022) a trama oscila por momentos convencionais para situações que beiram ao surreal e fazendo a gente se perguntar se o que acorre na trama é sonho ou realidade a todo momento.
Dirigido por Taneli Mustonen, a trama acontece após um trágico acidente que matou um filho do casal Rachel e Anthony e ambos decidem se mudar e se concentrar em seu filho gêmeo sobrevivente, Elliot. O que começa como um tempo de cura e isolamento no campo escandinavo se transforma em uma batalha desesperada pela alma de seu filho, quando uma entidade que afirma ser seu irmão gêmeo morto assume Elliot. Porém, algo não está certo e Rachel começa a descer ao inferno entre sonhos e pesadelos.
Embora o filme nos passe aquela sensação de originalidade quase zero em alguns momentos, ao mesmo tempo nos surpreende pela boa direção de Taneli Mustonen, do qual o mesmo consegue criar uma atmosfera mórbida e quase claustrofóbica em algumas situações no cenário principal em que se passa a trama. Ao mesmo tempo uma edição fragmentada nos é jogada a quase todo momento, como se a intenção fosse para montarmos um grande quebra cabeça e nos forçando em advinhar o que está realmente acontecendo dentro da história. Quando desconfiamos que o filme se encaminha para algo convencional dentro do gênero eis que ele nos surpreende em nos enviar para diversas direções e fazendo a gente pensar sobre qual é o grande segredo por detrás dessa cortina de fumaça.
Até lá, somos brindados com até boas interpretações do elenco principal, principalmente de Teresa Palmer que surpreende ao interpretar uma mãe que carrega o luto pela perda do seu filho e tenta de todos os meios em manter seguro o seu outro. Porém, na medida em que a trama avança, muitos elementos e informações que surgem nos faz questionar com relação ao que acontece naquele lugar e fazendo com que a gente imagine que tudo não passa de uma grande seita que deseja a alma do garoto ou algo do gênero. Neste último caso, os realizadores pecam ao fazer a gente se lembrar por demais do extraordinário "Midsommar" (2019) ao invés de procurar obter luz própria no decorrer da trama.
Felizmente esse deslize é compensado pelas várias passagens em que achamos que algo de terrível está acontecendo, quando na verdade tudo não passa de um grande sonho ou pesadelo e cuja as cenas são tão surpreendentes que somente alguém como Freud explicaria. Os sonhos, por sua vez, acabam sendo também uma mera distração para ocultar o grande segredo que existe dentro da história e cuja a revelação surpreende principalmente para aqueles que toparam em acreditar que estavam vendo um mero filme de terror convencional. Claro que o cinéfilo mais atento irá fazer comparações com outros títulos similares como no caso, por exemplo, da "Ilha do Medo" (2010), muito embora ambos terminem de maneira distintas e fora do padrão habitual.
"Gêmeo Maligno" nos engana através do seu título em um primeiro momento, já que o filme como um todo é uma verdadeira decida ao mundo dos sonhos, pesadelos e até mesmo aos delírios de uma mente em desespero e pedindo por socorro.
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