Sinopse: Um professor, de um respeitado colégio, se joga da janela sob os olhares assustados de seus alunos. Seis deles não demonstram sentimento algum. Pierre, o professor substituto de francês, rapidamente nota o comportamento estranho deste grupo de seis alunos.
Os tempos atuais, onde a esperança por um futuro melhor está cada vez mais sendo devorada por poderes políticos, vem se tornando uma fonte farta para elaboração de inúmeras histórias que sintetizam um clima de temor. Com isso, seja em filmes de suspense ou ficção, somos jogados em um cenário, por vezes, imprevisível, mas que nos soa verossímil. "O Professor Substituto" segue esse meu pensamento, onde os ingredientes dos gêneros citados acima criam um cenário peculiar sobre os nossos tempos contemporâneos.
Dirigido por Sébastien Marnier, o filme começa com um professor que comete suicídio se jogando pela janela da sala de aula, em frente aos alunos. Em seu lugar é contratado Pierre Hoffman (Laurent Lafitte) do filme "Elle" (2016), como professor substituto, que logo percebe que um grupo de seis dos seus novos alunos parece indiferente ao que acontece à sua volta. Aos poucos, Hoffman nota que este pequeno grupo exerce uma estranha influência sobre o resto da escola, inclusive na direção.
Na medida que o filme avança, Sébastien Marnier constrói um cenário peculiar, tanto para nós, como também para a visão de Hoffman que cai nessa realidade estranha. Os alunos, aliás, agem de uma forma como estivessem querendo se desgrudarem daquela realidade, como se estudar, por exemplo, fosse inútil e tendo pleno conhecimento de tudo. O conhecimento, por sua vez, se torna a maldição desses jovens, principalmente quando se é revelado como eles encaram os males do nosso mundo.
É aí que o filme entra em um terreno familiar, com direito de cenas caseiras pularem da tela para nós, onde testemunhamos poluição, desmatamento, abatedouros e tudo isso moldurado por poderosos. Portanto, não se surpreenda quando surgir um certo líder da Extrema Direita em cena, pois afinal é inevitável que isso aconteça. Ao adentramos a esse cenário familiar tudo que vier será aceito pra valer.
Do segundo ato adiante, Sébastien Marnier usa os ingredientes do gênero do horror, mas de uma forma que sintetize todo o conflito interno que o protagonista está sentindo perante aos fatos que ele ainda não compreende. Com isso, não se surpreenda ao adentrarmos aos típicos ingredientes desse gênero fantástico, muito embora o filme se envereda mais para um suspense psicológico, porém, não menos assustador. Aliás, o lado vazio da vida representado pelos adultos em cena, sintetiza uma realidade alienada vinda desses últimos e que procuram por algum sentido no dia a dia em situações, por vezes, absurdas.
O ato final nos reserva desdobramentos surpreendentes. Quando a gente acha que as coisas irão se encaminhar por algo que a gente já previa, eis que os realizadores nos pregam uma surpresa e que fará com que as últimas imagens a gente tão cedo não se esqueça. Curiosamente, o final me lembrou muito o filme "O Abrigo" (2011) de Jeff Nichols, muito embora os desdobramentos das duas tramas seguem uma linha narrativa distintas uma da outra.
"O Professor Substituto" é sobre os tempos assustadoramente pessimistas em que vivemos e que nenhum outro filme de ficção conseguirá superar isso.
Joga no Google e me acha aqui:
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