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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 17 de julho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Anos 90' - A Síntese de Uma Época

Sinopse: Em pleno anos 90, Stevie (Sunny Suljic) é um garoto de Los Angeles tentando curtir o início da adolescência enquanto tenta relevar o relacionamento abusivo com o irmão mais velho. . 

Através dos filmes, séries, músicas e leituras, existe atualmente um desejo em resgatar o melhor da cultura pop dos anos 80, cujo a época foi rica, ao menos, para as pessoas que a recém haviam nascido naqueles tempos jaz longínquos. Quanto aos anos 90, há também um resgate por aquele período, muito embora ele pareça menos colorido, mais selvagem, porém, não menos fascinante. "Anos 90" (2018) é a reconstituição de uma época e da qual muitos irão se identificar com ela.
Estreando como diretor, o ator Jonah Hill, conhecido por filmes como "O Lobo de Wall Street" (2013), conta a história de Stevie (Sunny Suljic), um garoto de Los Angeles, que sofre nas mãos de um irmão abusivo (Lucas Hedges), do filme “Lady Bird” (2017) e que quase não recebe acolhimento da mãe (Katherine Waterston), vista em filmes recentes como "Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald"(2018). Fora de casa, ele começa acompanhar uma pequena gangue de skatistas e com eles começa a experimentar diversas experiencias. Na medida que o tempo passa, Stevie começa a enxergar uma outra realidade de sua vida e da qual ele próprio desconhecia.
O início da trama é um primor de qualidade, já que Stevie se torna uma espécie de nosso Avatar e fazendo com que presenciamos um período que não volta mais. Jonah Hill faz uma belíssima reconstituição daqueles tempos, ao ponto do formato da imagem, de 1x1:33, evoca diretamente a proporção televisiva, mais quadrada do que a maioria das projeções de cinema, enquanto a textura granulada do 16mm remete à época pré-digital. A edição fragmentada e o uso estridente de música são herdeiros de uma geração MTV e que assistia “Beavis and Butt-Head".
Portanto, não é preciso ser gênio em adivinhar que muitos elementos da cultura pop daquela época irão aparecer no decorrer do filme. Elementos como CDs, Nintendo 64, skates, gibis, pôsteres de banda nas paredes do quarto, aluguel de filmes na locadora do bairro, canções como “Kiss From a Rose” e demais ingredientes que nos coloca a frente de um passado que, por vezes, se torna cada vez mais dourado. É um filme em que nós, principalmente os da faixa de 30 anos, facilmente nos identificamos, pois ele sintetiza uma geração perdida e que procurava algum sentido na vida.
Na medida que o filme avança, Stevie começa atravessar diversas experiências, das quais irão faze-lo com que o próprio amadureça, mesmo quando algumas sejam um tanto que inapropriadas. Porém,  Jonah Hill procura fazer com que a gente não julgue os personagens perante as situações em que eles participam, já que muitos de nós passávamos por situações semelhantes e, portanto, não estamos em posição de julgar mas  sim refletir. Cada situação que Stevie passa é proposital para nos provocarmos um déjà vu, independente de vir à tona boas ou más lembranças dentro de nós.
Embora Stevie seja o protagonista, alguns coadjuvantes roubam a cena. Embora tanto o irmão como a mãe sejam personagens secundários, por outro lado, isso não os impedem de serem personagens trágicos e dos quais buscam compreender, não somente Stevie, como também a própria realidade em que eles vivem. Ao interpretar o irmão de Stevie, por exemplo, Lucas Hedges comprova novamente porque é considerado a mais nova promessa do cinema norte americano.
Mas é pela gangue de skatistas que pulsa o coração do filme como um todo. Rebeldes, porém, humanos, os jovens personagens não escondem o carinho que sentem por Stevie, na medida que ele se descobre com relação a masculinidade e do amadurecimento relacionada às drogas, ao álcool, ao sexo. E se Fuckshit (Olan Prenatt) representa a inconsequência da geração Nivana, do outro, Ray (Na-kel Smith) é o lado paterno e maduro de uma geração que, mesmo sem muitas expectativas, mantem as esperanças na medida que o tempo avança.
"Anos 90" é um filme que nos faz resgatar lembranças e sensações antes guardadas, mas que agora elas se tornam cada vez mais preciosas. 


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