Sinopse: Em uma
fazenda dos Estados Unidos, uma família do meio-oeste é perseguida por uma
entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer
em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção
do som.
O gênero de horror dentro
do cinema atual vem se tornado um terreno cada vez mais fértil para aqueles que
procuram, não somente grandes sustos, como também algo mais criativo em termos
de roteiro. Se a franquia Invocação do Mal nos trouxe de volta aquelas velhas fórmulas
de sucesso de tempos mais longínquos, Corra teve a proeza de fazer uma dura
crítica de uma sociedade norte americana que ainda carrega o horror de um passado
racista e do qual ecoa no presente. Chegamos então a Um Lugar Silencioso, filme
de terror sem muitos recursos, mas que dá um banho contra qualquer filme de grande
orçamento que se perde no caminho.
Dirigido pelo ator de
comédias John Krasinski, a trama se passa numa realidade em que a sociedade
está sendo dizimada por criaturas misteriosas que se movem a partir de sons
emitidos no ambiente. Lee Abbott (o próprio John Krasinski) e sua esposa (Emily
Blunt) tentam a todo custo protegerem os seus filhos (os pequenos talentos Millicent
Simmonds e Noah Jupe) e do pequeno futuro rebento que falta pouco para nascer.
Dia após dia a luta é constante para continuar vivendo, pois se fizer um menor ruído,
a morte chegará muito rápido.
Se num primeiro
momento a premissa nos lembra o terror inglês O Abismo do Medo, o filme se
estende para outros subgêneros, que faz nos lembrar de Sinais de M. Night
Shyamalan, ou de qualquer filme de zumbis atual que se preze. Porém, John
Krasinski surpreende ao criar altas doses de tensão com simplicidade, onde
qualquer passo em falso vindo dos protagonistas poderá custar muito caro para
eles. Além disso, testemunhamos um raro caso de cinema silencioso, onde os protagonistas
se comunicam somente por sinais e nos fazendo relembrar até mesmo dos tempos do
cinema mudo.
Por vezes,
o movimento da câmera nos conta o que está acontecendo em cena, mesmo quando os
protagonistas se encontram nela, pois nunca se sabe das surpresas que surgem
repentinamente e fazendo com que fiquemos a frente dos personagens. A trilha sonora,
por sua vez, faz com que pulemos da poltrona a todo o momento, como se tornasse
uma espécie de alerta sobre o mal que está a caminho. Se durante a projeção
você também se lembrar do clássico Tubarão não se surpreende.
Embora
esteja tanto na frente como atrás das câmeras, John Krasinski se sai muito bem ao
interpretar um pai de família que tenta, mesmo em situações desesperadoras, obter
um equilíbrio para manter a sua família segura e forte nas situações difíceis.
E se os pequenos, porém, grandes talentos são uma verdadeira futura promessa
para o cinema, Emily Blunt novamente dá um show de interpretação em cenas de
tirar o fôlego de qualquer um: atenção para a cena da banheira que, desde já, é
uma das melhores do ano.
Infelizmente o filme
não é 100% perfeito, pois mesmo a gente estando em pleno século 21, a fórmula
de não enxergarmos o mal que está à espreita ainda causa um efeito valioso. Se
no filme Mama, por exemplo, eu havia observado isso, aqui eu novamente repito
essa observação, principalmente pelo fato de que não havia necessidade alguma
das criaturas ganharem forma, pois o medo pelo desconhecido já estava mais do
que dominando toda a obra. Porém, isso não empalidece o resultado final de um
filme simples, mas de grande potencial.
Um Lugar Silencioso é
um belo exemplo de filme de horror, onde não se prende a muitos recursos de
ponta, mas sim nos conquista pela simplicidade e pelas velhas fórmulas de um
bom e verdadeiro cinema.
2 comentários:
Boa resenha, Marcelo. Gostei demais desse filme.
Obrigado Ana
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