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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 24 de abril de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Construindo Pontes



Sinopse:Construindo Pontes percorre caminhos entrelaçados: o do pessoal e o do político, retrata uma família e um país através da relação entre um pai e sua filha, um debate cinematográfico, poético e amorosamente bélico.
 
No recente filme Aquarius, testemunhamos fotos antigas lançadas na tela, sendo que as imagens são de tempos mais dourados e de recordações que nunca dormem. Em contrapartida, o filme se encerra com um plano em que foca cupins destruindo determinada história e sintetizando tempos indefinidos, não somente da protagonista do filme, como também de todo o cidadão brasileiro. Construindo Pontes segue uma proposta similar, onde tempos dourados é estraçalhado em nome de progresso e sem ao menos se preocupar com o futuro de muitos.
O documentário é conduzido pela cineasta Heloísa Passos (diretora de fotografia de filmes como Lixo Extraordinário), onde no passado ela havia ganhado de presente um rolo em Super-8 com imagens sobre as “Sete Quedas”, um paraíso natural. Infelizmente, em pleno regime militar, as “Sete Quedas” foram destruídas, para dar lugar à usina hidrelétrica, uma das maiores do mundo. Decidida em enfrentar esse passado, a cineasta, não somente decide retornar ao cenário dos acontecimentos, como também tenta convencer o seu pai, engenheiro que trabalhou construindo pontes durante a Ditadura Militar, para mostrar a ele o quão está errado com relação sua visão daquele tempo.
Usando cenas de arquivos, Heloísa cria um paralelo entre o passado e o presente, do qual eventos dos tempos do golpe de 1964 se tornem ondas gigantes na água que ainda avançam em nosso tempo. Em contrapartida, é surpreendente testemunharmos o embate entre ela e seu pai, que não aceita os eventos de 1964 como um golpe, mas sim com uma revolução a serviço do progresso no Brasil. Se por um momento ficamos chateados pelo posicionamento do seu pai, ao mesmo tempo, ficamos tensos com Heloísa, em momentos em que ela reage com certa ira, não somente com o que aconteceu ao passado, mas também com eventos da crise atual do Brasil e sem previsão de encerramento.
Em momentos de calmaria, o documentário se rende as cenas de arquivos, onde conhecemos mais sobre o passado de Heloísa, além de sua família em momentos descontraídos e sem nenhuma preocupação aparente. Ao mesmo tempo, Heloísa cria em sua montagem momentos criativos, onde mesmo com poucos recursos, torna sequências ricas em conteúdo: a cena onde num plano sequência mostra o interior da usina hidrelétrica, cujo cenário se mistura com cenas de arquivos, sintetiza muito bem isso.
Outro detalhe importante a ser destacado são os momentos de improviso vistos na tela, onde determinadas situações que surgem fora do previsto, acabam se tornando os melhores momentos. Quando pai e filha tentam fazer funcionar um super-8, por exemplo, temos uma pequena rixa em andamento, mas fazendo com que ambas as partes concluam o obstáculo com êxito. Um momento singelo, onde mesmo se destacando o atrito entre ambos, dá entender que, às vezes, as diferenças precisam ficar um pouco de lado para se chegar a um consenso.
O ato final, onde pai e filha se dirigem ao cenário que antes era um paraíso a ser visitado, irá desencadear novas reflexões e dando um novo passo na relação de ambos. Porém, assim como aconteceu no decorrer do projeto, as situações que surgem em cena vão contra a pretensão inicial da cineasta, mas ao mesmo tempo, surgindo um “bem vindo” final do qual nem mesmo ela previa. É um desses casos em que o improviso, além de um imprevisível surgimento do acaso, faz com que os minutos finais do documentário se tornar primorosos, dando continuidade com a proposta apresentada nas cenas iniciais da obra, elevando o relacionamento de pai e filha a um novo patamar e que, somente juntos, terão que descobrir. 
Construindo Pontes, não é somente sobre a nossa democracia atual em risco, como também um convite para conhecermos uma relação familiar humana e da qual nos identificamos facilmente com ela.
 
NOTA: O filme entrará em cartaz a partir da próxima quinta, as 17horas, no Cinebancários de Porto Alegre. Rua General da Câmara nº 424, centro de Porto Alegre.   



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