Nos dias 07 e 08 de Abril eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Cinema Russo: Diretores, Diretoras e um pouco de História, criado pelo Cine Um e ministrado pela editora da revista cinema Teorema Ivonete Pinto e pela pesquisadora de cinema Juliana Costa. Antes disso, eu estarei por aqui postando sobre os melhores filmes daquele país, cujo alguns clássicos nos ensinam até mesmo o verdadeiro significado da palavra “socialismo”.
SOLARIS (1972)
Sinopse: Solaris é um
planeta distante, que vem sendo constantemente estudado há décadas, e cujo
mistério sobre seu oceano ainda não foi esclarecido, nem seus efeitos. Por
falta de interesse e resultados, a solarística está morrendo; aliado a isto, os
membros na estação espacial que orbita o planeta estão sendo afetados pelo
oceano. Por conta disto, o psicólogo Kelvin - conhecido de um dos doutores da
solarística e amigo de um dos tripulantes - é mandado para a estação para
averiguar a situação. Lá, ele percebe aos poucos que Solaris é, mais que um
planeta, um espelho da alma.
Refilmado em 2002 por
Steven Soderbergh, Solaris é um clássico filme russo dirigido por Andrey
Tarkovskiy baseado na obra do autor polonês Stanislaw Lem. Há quem considere
Solaris uma resposta soviética ao americano 2001 – Uma Odisséia no Espaço. Mas
Tarkovsky afirmava não ter assistido o filme dirigido por Stanley Kubrick antes
de produzir sua aclamada ficção científica. Stanisław Lem quase não permitiu a
adaptação de Tarkovski, pois o diretor russo inicialmente insistia em retirar
do roteiro toda referência à ficção científica, o que desagradou o escritor.
Solaris apresenta uma das
histórias mais complexas, belas e trágicas. Muitos reclamam do início lento da
obra, e realmente sua primeira meia hora é lentíssima, às vezes com cenas muito
desconexas em relação à trama principal. Mas o filme cresce assustadoramente
quando o protagonista Kelvin chega à Estação Solaris e o que se segue é quase um filme de
terror com vultos passando, silêncio inquietante, um clima realmente
assustador.
Stalker (1979)
Sinopse: Três
viajantes do futuro atravessam uma zona proibida e encontram um lugar onde as
fantasias são realizadas e a verdade é revelada.
Em 1979, ao realizar Stalker,
o cineasta confirmava-se independente dentro do cinema soviético, nem
padronizado, nem cumpridor de cânones. E aqui, ia mais longe. Além da adequação
de cada diálogo em prol da narrativa, cada gesto, cada pequena contração dos
músculos faciais carregava uma representação.
Os personagens
principais dessa trama são três: Stalker (uma espécie de andarilho de caminhar
titubeante), o professor e o escritor. E são os três que partem numa jornada a
uma terra abandonada e proibida, a Zona. Perigosa e nascida de uma catástrofe,
essa área reclama visitas por possuir uma caverna que supostamente preenche os
desejos mais escondidos.
O filme gira, então, em
torno da busca da fé. Cada frase, principalmente as do personagem Stalker, e
cada expressão facial vêm para requerer essa fé, seja ela dos outros
personagens (o professor e o escritor), seja ela dos próprios espectadores.
Mesmo que contemplativamente, o espectador parece precisar crer para o filme
fazer sentido. Tarkovsky, então, ao longo da narrativa, vai colocando
gradativamente essa semente de crença em nossas mentes.
E isso só tem a se exacerbar
com cada enquadramento, cada música, cada fala. Enfim, cada plano, com seus
corpos, objetos, paisagens, vento e neve contribuindo, indiretamente, para
tecer o fio narrativo. O cinema de Tarkovsky carrega a característica primeira
das coisas perfeitas: o que ali não aparece, com certeza seria excesso.
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