Sinopse: A médica
Malena (Bárbara Lennie) decide adotar um bebê. Ela encontra uma mulher grávida,
com dificuldades financeiras, disposta a entregar o bebê para uma família
adotiva. Chegado o dia do parto, Malena está presente para acolher o novo
filho, mas ela se surpreende quando a família da mãe biológica exige uma grande
quantia de dinheiro para concluir o processo de adoção. A médica deve ceder à
chantagem?
O interessante ao
assistir a esse filme argentino do cineasta Diego Lerman é ter o prazer de
presenciarmos algo um tanto que incomum na apresentação da história. Os
primeiros minutos o cinéfilo não tem exatamente uma base do que está presenciando,
principalmente sobre quão o peso a protagonista está vivendo. Têm-se então inúmeras
interpretações surgindo em nossas cabeças, mas nenhuma corresponde de uma forma
correta com o que iremos testemunhar em seguida.
Malena, interpretada
com intensidade pela atriz Barbara Lennie, está dirigindo numa noite chuvosa.
No raiar do dia, ela chega a um hospital de uma vila do interior da Argentina,
onde é recebida pelo médico Dr Costa (Daniel Aráoz) e a leva até a paciente
Marcela, vivida por Yanina Avila e que está prestes a dar a luz. Gradualmente descobrimos
que Malena é médica, já conhecendo algum tempo Marcela, sendo que a primeira tem
como objetivo adotar a criança que está prestes a nascer, mas terá que
enfrentar adversidades desse local que é uma clínica clandestina e sofrendo até
mesmo extorsão.
Numa coprodução
Argentina, Brasil, França, Polônia e Dinamarca, o roteiro (uma parceria do
diretor com Maria Meira) é criado com o objetivo de não haver muitas palavras,
tanto entre a verdadeira mãe como também da protagonista que deseja adotar a
criança. Se por um lado a médica, que aceitou se submeter a uma situação
informal de adoção, mas não esperando ser extorquida em troca de obter uma
vida, Marcela, mesmo não tendo nenhuma condição para criar mais um filho, se
sente humilhada, principalmente pelo fato de estar consciente que não obterá
nenhum dinheiro durante todo esse percurso.
Como essa situação não
se segue de uma forma legal, tudo então é feito de uma forma errônea, onde as ações
dos personagens se encontram na corda bamba: quem é vilão, vítima e quem são as
pessoas envolvidas na venda clandestina de bebês?
Essas e outras questões
atormentam a mente do cinéfilo durante a projeção, já que as motivações de inúmeros
personagens envolta da protagonista são sempre apresentadas de uma forma
ambígua, como se estivesse sempre havendo segundas intenções contra ela. O
resultado é apresentação de situações imprevisíveis e dos quais testam a própria
sanidade de Malena.
O filme, então, se envereda
em momentos de drama, suspense e denúncia social. Sem julgamentos aos atos das
duas mulheres, tanto Malena como Marcela tem justificativas mais do que claras ao
se envolverem nessa situação, culminando num final surpreendente e fazendo com que
o cinéfilo tenha a sua própria interpretação com o destino de ambas em cena.
Tanto Barbara Lennie como Yanina
Ávila enchem a tela com incríveis interpretações, onde as palavras nem precisam
ser ditas, pois basta as suas expressões para compreendermos o que as suas
personagens passam internamente. Destaque também para a brasileira Paula Cohen
faz uma participação na pele de uma advogada de caráter um tanto duvidoso. Um
filme que vale a pena ser descoberto.
Onde assistir: Casa de Cultura Mario Quintana. Rua das Andradas 736, Porto Alegre. Hórário: 19h.
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