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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Antes Que Tudo Desapareça





Nota: Filme exibido para os sócios do Clube de Cinema de Porto Alegre no último dia 14/04/18. 

Sinopse: Narumi Kase (Masami Nagasawa) está com uma desconfiança enorme e não faz ideia do que fazer. Isso porque seu marido, Shinji Kase (Ryuhei Matsuda), voltou para casa depois de dias desaparecido e, misteriosamente, parece ser outra pessoal, mais gentil e amável. O que ela nem imagina é que, na verdade, o corpo de Shinji foi assumido por um alienígena que veio anunciar uma invasão à Terra.

Somente fui conhecer o trabalho de Kiyoshi Kurosawa no final de 2016, onde eu tive o privilegio de assistir no cinema o seu filme policial CREEPY. O filme, aliás, se difere de outros filmes dentro do gênero policial, já que Kurosawa surpreendia ao inserir situações imprevisíveis, das quais se enveredava até mesmo para um filme de terror psicológico fora do convencional. Em Antes Que Tudo Desapareça, Kurosawa explora o terreno da ficção científica, mas assim como o seu filme anterior, não estamos preparados para as suas invenções que foge dos padrões convencionais do gênero.
Em duas linhas narrativas, acompanhamos pessoas que se dizem serem alienígenas e que estão usando corpos humanos para conhecer melhor os habitantes da terra. Na realidade, a missão deles é também chamar os demais de sua raça, para então exterminar a humanidade e se criar um novo mundo na terra. Porém, nem tudo é como se espera, já que muito do que é ser humano ainda é um mistério para eles e fazendo com que um deles tome um caminho diferente. 
Kiyoshi Kurosawa novamente brinca com perspectiva do cinéfilo ao assistirmos a obra. Se num primeiro momento presenciamos um verdadeiro massacre de um típico filme de terror já nos minutos iniciais da obra, por outro lado, aos poucos o filme se envereda para uma ficção científica que nos soa algo semelhante do que era visto no cinema americano dos anos 50, mais precisamente, na época da Guerra Fria. Mas isso somente fica pela superfície, já que Kurosawa não está interessado em fazer algo convencional e tão pouco cair na vala comum com alguma solução fácil na reta final da história.
Tecnicamente, mesmo fazendo parte do gênero fantástico, o filme quase não usa efeitos visuais descomunais, pois quando eles surgem, eles não são nada gratuitos, mas sim correspondendo com a proposta principal da trama. O filme se sustenta mais na interpretação dos atores, principalmente daqueles que interpretam os alienígenas, cujo os personagens oscilam entre a inocência e uma aura sarcástica de acordo com o tempo em que eles têm contato com os humanos. Na medida em que o tempo passa, o alienígena que possui o corpo do personagem Shinji Kase (Ryuhei Matsuda), por exemplo, se torna o personagem mais interessante, pois ele se divide com o desejo em cumprir a missão, mas aos poucos começa até mesmo gostar do seu lado humano. 
Narumi Kase (Masami Nagasawa) é a sua guia, da qual não compreende as atitudes estranhas do seu marido, mas que, aos poucos, vai comprando a ideia de que tudo que ele diz é realmente real. Não é preciso ser gênio que nessa linha narrativa irá se enveredar para uma história de amor e que, por mais piegas que seja, é o suficiente para que aja um conflito emocional entre os personagens principais. Mas se por um lado essa linha narrativa soe óbvia, a outra em que vemos um jornalista acompanhar uma dupla de alienígenas impetuosos, acaba nos reservando momentos imprevisíveis, principalmente na reta final do filme em que os efeitos visuais mais complexos dão um verdadeiro show de som e imagem.
O ato final nos reserva momentos em que nos faz pensar, principalmente em tempos de incerteza em que ocorrem no nosso mundo real. Se os filmes de ficção americanos dos anos 50 remetiam um período de temor com relação a uma possível guerra nuclear, aqui a situação não é muito diferente, mas feito com doses de muito mais reflexão do que diversão. Kiyoshi Kurosawa deixa o seu filme em aberto para, então, debatermos sobre o que realmente nos faz humano. 
Antes Que Tudo Desapareça é um filme de ficção em que as emoções verdadeiramente humanas, por mais piegas que seja, são a principal arma contra o nosso derradeiro final.


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