Sinopse:
Após cumprir pena por tráfico de drogas, o turco Nuri Sekerci leva uma vida
amorosa e tranqüila com a esposa Katja Sekerci e o filho Rocco na Alemanha.
Certo dia, ele e o menino estão no escritório e morrem vítimas de uma explosão
criminosa, tragédia que deixa Katja arrasada. Ela batalha na justiça pela
punição dos culpados, um casal neonazista, e, insatisfeita com o desenrolar do
caso, decide pela vingança com as próprias mãos.
Adolf
Hitler está morto, mas a sua ideia, infelizmente, está viva e ainda ganhando
seguidores no mundo a fora. Basta vermos a explosão que foi o surgimento de
nazistas dentro do governo Trump, ou de pessoas que aprovam discursos conservadores
e retrógrados de tal político chamado Jair Bolsonaro aqui no Brasil. Em Pedaços
é a síntese de uma realidade global, aonde discursos politicamente incorretos
vão ganhando, não somente as redes sociais, como também as ruas e assim colecionando
suas vitimas.
Dirigido
por Faith Akin (Do Outro Lado),
acompanhamos na trama os primeiros anos de casamento do turco Nuri (Numan Acar) e de sua esposa Katja (Diane Kruger, de
Bastados Inglórios). Certo dia, Katja deixa o seu filho no trabalho do seu
marido, para ele assim cuidá-lo, mas quando ela retorna o local sofreu um grave
atentado e provocando a morte de seu marido e filho. Na busca pela Justiça
legal, Katja descobre que o atentado foi provocado por um casal nazista, mas
para a sua surpresa, descobrirá que a justiça terá que ser feita de outra
maneira.
Com o
desejo de querer que embarquemos numa trama, cuja ficção e realidade se separam
somente numa linha bem fina, o cineasta Faith Akin já nos apresenta o início do
filme de uma forma convidativa. Os primeiros minutos são inundados por imagem
de um filme caseiro, onde assistimos o casal central se casando e desejando um
para o outro um belo futuro. Uma forma criativa para já nos familiarizarmos com
os personagens e para, logo em seguida, sentirmos a dor e a realidade crua que
virá.
Após
o atentado, testemunhamos um Faith em frangalhos e com todo o peso do mundo por
ter perdido os seus entes queridos num ato cruel tão sem sentido. Embora seja
conhecida por ter atuado em superproduções americanas como Tróia e A Lenda do
Tesouro Perdido, é somente aqui que Diane
Kruger nos brinda com o melhor desempenho de sua carreira e que, talvez, tenha
sido o melhor desempenho feminino do ano passado. Sua Faith é uma personagem
cheia de vida nos primeiros minutos da obra, mas que sua energia vai
desaparecendo e dando lugar a um ser humano a beira do precipício.
Dividido
em três atos, o início da trama é sobre a queda e a procura por uma força
interna da qual a protagonista busca para não desistir. Já o segundo ato, testemunhamos
o cenário do julgamento, onde se desencadeara eventos irreversíveis para todos.
Diferente do filme recente, o libanês O Insulto, aqui a justiça é falha, não
somente por sua parcialidade nítida, mas porque, talvez, represente uma parcela
de Alemanha atual, que vê a questão do nazismo com desdém e não leve o caso a
sério como deveria ser.
Devido
essa falha da justiça, é assim que, lamentavelmente, surja cada vez mais
seguidores de ideias que não deveriam mais existir, mas que existem graças à
falha do homem em não querer combater de frente os horrores de um passado
distante que insiste em voltar. O terceiro ato é o resultado de uma justiça
falha, mas não espere pelo típico filme de ação de “olho por olho”, mas sim de uma
realidade crua, em que a vingança com as próprias mãos pode até ser mais rápida,
mas que não aliviará a dor que jamais termina.
Em
Pedaços é uma trama que se passa na Alemanha, mas retratando um problema global e do qual, infelizmente, é vinda de um passado errôneo e que nunca se
apaga.
Onde
assistir: Casa de Cultura Mario Quintana, na sala Paulo Amorim as 15h30. Rua
das Andradas, nº 736, centro de Porto Alegre.
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