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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'A Escolhida'

Sinopse: Veronica Henley é uma mulher bem sucedida, mas que se vê presa em uma realidade horrível que a força a confrontar o passado, o presente e o futuro antes que seja tarde demais. 

"Corra" (2017) não só revitalizou o gênero de horror, como também representou o grande temor de que os monstros reais do nosso passado ainda podem estar vivos em nosso presente. O filme estreou justamente em um momento em que os EUA e o mundo estavam começando a serem governados por uma extrema direita disfarçada de conservadora, quando na verdade ela possui todos os resquícios de racismo e com discursos polarizados. "A Escolhida" (2020) é um de inúmeros filmes que pegaram carona com o sucesso da obra de Jordan Peele, mas obtendo luz própria no momento que nos apresenta reviravoltas surpreendentes dentro da trama.

Dirigido por Gerard Bush por Christopher Renz, o filme conta a história de Veronica (Janelle Monáe), que é uma autora bem sucedida que se encontra presa em dois diferentes períodos: Os dias atuais e o Antebellum, a era das plantações no sul. Imersa nesta horrorizante realidade, ela deve descobrir o mistério por trás desses acontecimentos e fugir, antes que seja tarde demais.

Falar mais sobre o filme seria o mesmo que estragar algumas surpresas que nos pega desprevenidos e revelando a força maior do filme como um todo. Tecnicamente o filme foi realizado de uma forma muito bem pensada, desde ao plano-sequência da abertura, como também nas cenas em que a câmera lenta nos fascina. Ao mesmo tempo em que há todo um cuidado para reconstituir o cenário da Guerra Civil americana, por outro lado, há ali indícios de aquele cenário pode não ser bem o que nós imaginávamos.

Além de facilmente entrar na lista de filmes "pós terror" que andam fazendo sucesso atualmente, a obra possui também pitadas de outros grandes sucessos da ficção, que vai desde "Black Mirror"(2011) como também "Westworld" (2016). Quem acompanhou essas duas séries já tem, portanto, uma bagagem pronta e com isso, talvez, não venha se surpreender tanto com os desdobramentos da trama. Porém, os desdobramentos acontecem de uma forma que nos põem em dúvida sobre o que realmente acontece na tela, até que tudo fica claro em um certo momento, mas também obtendo o fator surpresa como um todo.

Em termos de interpretações vale destacar o fantástico desempenho da atriz e cantora Janelle Monáe como protagonista e cuja sua personagem vai oscilando entre uma mulher segura de si para alguém que deseja sobreviver em meio ao horror criado pela humanidade e da qual é, por vezes, difícil de explicar. Horror esse cujo o ingrediente vem do nosso próprio mundo real e nos revelando que o racismo norte americano continua encravado em suas terras enquanto houver pessoas que acreditam que podem estar acima de outras. O ato final talvez nos dê certa esperança, mas também nos dizendo que a Guerra Civil americana nunca terminou, assim como outras que nasceram na esperança pelo fim da escravatura.

"A Escolhida" é horror e realidade que se cruzam na tela, pois a obra em si é uma representação do temor que muitos sentem perante o fascismo da era Trump.  


Onde Assistir: Aluge pelo Youtube. 


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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Cine Dica: Streaming - 'A Voz Suprema do Blues'

Sinopse: Na Chicago de 1927, a protagonista interpretada por Davis trava um tenso duelo com executivos brancos e com um dos membros de sua banda formada por negros, durante uma sessão de gravação em estúdio. 

A união do cinema com o teatro tende a gerar um filme sem personalidade ou uma obra que desafia o talento do elenco dentro dele. "Um Limite Entre Nós" (2016), por exemplo, é baseado em uma peça de teatro, mas sabendo se expandir em sua adaptação cinematográfica e gerando assim uma pequena joia como um todo. É então que chegamos "A Voz Suprema do Blues" (2020), que segue para um mesmo caminho, onde a direção segura e atuações poderosas faz com que a obra se torne maior e cujo o palco não seria o suficiente.

Dirigido por George C. Wolfe, "A Voz Suprema do Blues" acompanha Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, numa sessão de gravação de álbum mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável "Mother of the Blues". Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.

Baseado na peça do vencedor do Prêmio Pulitzer, August Wilson, o diretor George C. Wolfe aproveita para expandir a ideia principal da obra já em sua abertura, onde testemunhamos uma Chicago de 1927 cheia de detalhes e rico em sua reconstituição. Ao mesmo tempo, essa abertura possui ecos do que está por vir, onde não esconde o prelúdio de um EUA em decadência e não preparada para entrar na depressão dos anos trinta. Além disso, abertura também escancara o lado hipócrita de um país que se diz terra das oportunidades, mas não para todos e principalmente para o povo negro que mais sofreu ao longo do percurso.

É aí que o elenco brilha neste quesito. Vemos personagens que lutam pelo seu dia a dia, que mantém o seu talento pela música acima de tudo, mas não obtém o retorno como esperado. O resultado é vermos personagens colocando para fora o seu passado sem glamour, onde horror vindo do homem branco se tornou o único ensino para dizer o quanto essa terra das oportunidades é gananciosa, corrupta e muito racista. O peso dessa dramaticidade não poderia ser carregado por qualquer um e é aí que dois intérpretes se sobressaem de uma forma genial.

Conhecido mundialmente pelo ótimo "Pantera Negra" (2018), Chadwick Boseman entrega o papel de sua vida, ao interpretar um jovem trompetista cheio de sonhos, mas cujo os mesmos são sempre interrompidos por aqueles que comandam o dinheiro, ou pelo seu próprio talento que não cabe o suficiente em seu único corpo. Os discursos que ele dá no vestiário onde se encontra os músicos está entre os melhores momentos do filme e cuja as suas ações imprevisíveis irão selar o seu destino. Isso tudo faz a gente somente lamentar o recente falecimento do ator e do qual o mesmo não me surpreenderia se fosse indicado ao Oscar deste ano pelo seu incrível trabalho.

Mas como se isso já não bastasse, temos também uma Viola Davis quase irreconhecível e cuja a sua personagem Ma Rainey é uma espécie de entidade da natureza da qual não pode ser controlada. Sendo pisada na vida por tudo e a todos, a personagem Ma Rainey usa a sua personalidade forte para obter os seus reais propósitos, mesmo que isso lhe faça ser abandonada em um futuro próximo. Todas as cenas da atriz são poderosíssimas, mas o seu olhar em sua última cena nos diz tudo sem nenhuma palavra e sintetizando a sua dor interior mesmo quando a própria tenta escondê-la.

"A Voz Suprema do Blues" é uma pequena jóia cinematográfica, da qual retrata uma época em que era preciso saber jogar para sobreviver, mas cujo esse jogo até hoje não encontrou o seu derradeiro fim. 

Onde Assistir: Netflix. 

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Cine Dica: Streaming: '2020 Nunca Mais'

 Sinopse: Uma retrospectiva bizarra sobre um ano bizarro em todos os sentidos.  

"Black Mirror" é uma série revolucionária ao contar histórias fictícias, mas que não são muito distantes de nossa própria realidade. Questões como redes sociais, fake news, negacionismo e polarização ao extremo são alguns dos assuntos em que a série mais aborda e dos quais nós enfrentamos no lado de cá da tela. Tudo isso transbordou de vez no ano de 2020, onde a pandemia do Coronavírus revelou a face grotesca de várias pessoas, onde escancarou governos despreparados perante o assunto e o falso documentário "2020 Nunca Mais" vem para recontar os absurdos desse ano tão  complexo.

Realizado pelos mesmos criadores de "Black Mirror",  com o título original de Death to 2020 (Morte à 2020, em tradução livre) e encabeçado por Charlie Brooker e Annabel Jones, nada mais justo que esse especial relembraria os eventos deste ano com um humor ácido carregado de ironía. A previsão se concretiza logo aos primeiros minutos, quando somos apresentados aos “entrevistados” da retrospectiva, que vão desde um jornalista interpretado por Samuel L. Jackson até a própria Rainha Elizabeth II, vivida por Tracey Ullman.

A escolha pelo humor ácido para descrever o que passou neste último ano é mais do que apropriado, pois antes rir do que chorar perante tantas situações horríveis e absurdas que ocorreram ao longo de cansativos doze meses. O documentário se destaca principalmente pela escolha de seus personagens, onde cada um representa uma faceta de uma sociedade que prega a todo custo o seu pensamento, mas sem querer ouvir a opinião diferente do seu próximo. Se por um lado temos uma dona de casa que aceita todo o tipo de mentira que transborda em seu celular, do outro, temos o historiador que possui uma grande bagagem de conhecimento da história, mas que o próprio não consegue fazer uma análise construtiva sem mencionar histórias populares, porém, fictícias.

Logicamente, tudo isso se dirige à figura polêmica que foi Donald Trump, cujo o seu discurso negacionista com relação ao vírus sentenciou inúmeros norte-americanos a morte ao longo do ano. Curiosamente, a obra destaca outros governantes da extrema direita que possuem o mesmo discurso, como no caso do grotesco Primeiro Ministro da Inglaterra Boris Johnson e cujo o seus discursos são tão bizarros quanto do próprio Presidente norte americano. É tanta coisa hedionda que o documentário se estenderia ainda mais se colocassem o nosso Presidente Bolsonaro na jogada, mas para isso seria preciso fazer uma análise mais aprofundada, pois só com o nosso governo atual precisaria de, no mínimo, dois documentários para recontar tantas loucuras que acontecem por aqui em nossas terras tropicais.

Só para se ter uma noção de como esse ano foi problemático, a questão do coronavírus chega até mesmo a ficar em segundo plano em alguns momentos de projeção, principalmente quando os realizadores colocam na tela questões sobre o combate contra o racismo e que neste ano estourou com o assassinato covarde de um jovem negro que havia sido morto por um policial. Tudo isso acabou gerando uma convulsão social, da qual começou nos EUA e se espalhou ao redor do mundo. Isso fez com que aumentasse ainda mais o combate contra Donald Trump, mas esse embate somente estava começando.

É aí que no ato final do documentário testemunhamos uma eleição norte americana bizarra, onde vemos um Presidente negar o resultado de uma eleição e que não aceita a derrota até o último instante. Todos nós conhecemos essa e outras histórias do ano de 2020, mas olhando para as situações vistas na tela concluímos que nenhuma ficção vista no cinema ou literatura criada até aqui previu tamanha montanha russa de situações que fizeram a gente testar a nossa força de vontade a todo momento. O ano de 2020 deu adeus para alegria de muitos, mas os resquícios do que ele provocou continuam e cabe a gente ver o que acontece neste jogo já tumultuado para esse novo ano.

"2020 Nunca Mais" é um replay sobre tudo o que havia dado errado neste ano, mas também escancarando o quanto somos persuadidos a querer continuar cometendo os mesmos erros. 

Onde Assistir: Netflix.  

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

NOTA: VIDA LONGA AO CINEMA E FELIZ 2021

Cartaz da primeira sessão de cinema da história

Há 125 anos, no dia 28 de dezembro de 1895, acontecia a primeira sessão pública de cinema, no salão do Grand Café de Paris, por iniciativa dos irmãos franceses Lumière. Na programação daquela noite histórica foram exibidos 10 curtas-metragens produzidos pelos próprios Lumière e projetados através do pioneiro e inovador Cinematógrafo. 

Convencionou-se então que aquela data marcou oficialmente o "nascimento do Cinema" nos moldes que conhecemos até hoje. 


Vida longa ao Cinema! 

Fonte: Cine Um 


QUE 2021 VOLTEMOS A NOS REUNIR 

Não foi um ano fácil para mim e para muitos cinéfilos de plantão, já que devido a pandemia muitos cinemas ficaram fechados ao longo do ano e restringindo, enfim, o nosso prazer de curtir uma boa sessão de cinema. O novo ano que está chegando não nos traz ainda boas expectativas, mas ainda há esperança de colocarmos os pés em uma sala de cinema. O “novo normal” talvez não nos dê o mesmo frescor de tempos mais dourados em que nos reuníamos em uma sala escura, mas tenhamos fé que a sétima arte há de sobreviver aja o que houver.  

Para isso é preciso defendermos a nossa cultura, enfrentamos a mordaça, enfrentamos o descaso deste desgoverno e exigir que voltemos a sonhar como um todo. Que a turma cinéfila das Cinematecas, por exemplo, volte a lotar as salas e provando que o verdadeiro lar de um filme se encontra na tela grande de um cinema. Que os festivais voltem a revelar novos talentos e nos brindando com filmes autorais e de grande prestígio. Acima de tudo, que voltemos a nos reunir para colocarmos vida nesta arte que tanto merece o nosso respeito e que a gente aprecia com muito gosto.  

Feliz 2021 e que possamos sentir novamente a emoção e a surpresa de como os primeiros frequentadores de cinema se sentiram nas primeiras sessões há 125 anos.  


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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Cine Especial: Retrospectiva 2020 - Os 10 Melhores Filmes Nacionais do Ano

Barbara Paz em "Babenco"

O cinema nacional não morreu.

Alguns acreditam que ele está morto, mas o nosso cinema é resistente, mesmo quando alguns dizem ao contrário. Logicamente vivemos tempos terríveis, desde ao fato de haver uma pandemia nos assombrando, como também um desgoverno liderado por um fascista, do qual atinge em cheio a nossa cultura e que tem o desejo de nos censurar a todo momento. Com esse cenário, temos ainda uma Ancine amordaçada, quase extinta e revelando um cenário ruim que não se via desde a época quando o governo Collor extinguiu a Embrafilme.

Mas a história provou que resistimos e ainda resistiremos. Enquanto houver essa resistência o cinema nacional continuará vivo, mesmo quando não houver o mesmo brilho do passado. O ano de 2020 deu para contar nos dedos os filmes nacionais que eu assisti, mas eles existem e eu compartilho com vocês. Nem todos possuem ainda as minhas críticas, mas muito em breve estarão por aqui.

O cinema nacional não morrerá, mas sim você Bolsonaro, nas mãos do seu próprio retrocesso, da sua ignorância e se afogando em suas próprias mentiras.

Confira a minha lista dos 10 melhores filmes nacionais deste ano. 


1º "Babenco - Alguém tem que ouvir o Coração e Dizer: Parou"

"Babenco - Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou" não é somente uma declaração de amor a um cineasta, como também um exemplo na forma de melhor lidar com as adversidades que não nos mata e nos torna mais fortes na reta final da vida. Confira a minha crítica clicando aqui.

2º "Emicida AmarElo - É Tudo Pra Ontem"

É Tudo Pra Ontem" é uma bela aula de como se faz um documentário e que fortalece ainda mais a nossa cultura brasileira em meio a esses tempos nebulosos. Confira a minha crítica clicando aqui. 

3º "Fim de Festa"

"Fim de Festa" fala sobre um povo brasileiro cansado, mas que se vê disposto em seguir em frente mesmo em meio aos destroços. Confira a minha crítica clicando aqui. 

4º "Sete Anos em Maio"

"Sete Anos em Maio" é a síntese de um Brasil de 2020 dividido, preconceituoso e que passa pano para autoridade branca sem escrúpulos. Confira a minha crítica em breve.  

5º "Açúcar"

"Açúcar" é um filme que fala sobre o passado que transita pelo presente e que a elite brasileira atual anseia pelo seu retorno infelizmente. Confira a minha crítica clicando aqui. 

6º "Vento Seco"

"Vento Seco" talvez seja o último sopro de resistência e coragem vindo do nosso cinema brasileiro recente e cabe essa coragem ser repassada para aqueles que desejam passar a sua mensagem. Confira a minha crítica em breve.    

7º "Volume Morto"

"Volume Morto" é uma pequena pérola do nosso cinema brasileiro atual e cuja a sua genialidade sobrevive mesmo em meio as limitações que nos encontramos atualmente. Confira a minha crítica em breve.  

8º "Meio Irmão"

 "Meio Irmão" fala de uma geração sem muitas expectativas, mas enfrentando os obstáculos para se encontrarem na vida. Confira a minha crítica clicando aqui. 

9º "Nóis Por Nóis"

"Nóis Por Nóis" é um retrato cru de uma geração abandonada pelo estado e tudo que resta é se protegerem uns com os outros. Leia a minha crítica clicando aqui. 

10º "O Cemitério das Almas Perdidas"

"O Cemitério das Almas Perdidas" é prato cheio para aqueles que procuram um entretenimento puramente trash brasileiro e que não deve em nada para os gringos. Confira a minha crítica em breve. 

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Cine Especial: Retrospectiva 2020 - Os 10 Melhores Filmes Internacionais do Ano

 "Você Não Estava Aqui"

Já vai tarde o ano de 2020. 

Foi um ano terrível, tanto para aqueles que lutam para sobreviver, desde a enfrentar a pandemia devido ao coronavírus, como também para aqueles que apreciam um bom filme, mas viram os cinemas serem fechados. Devido a esse cenário o futuro do cinema é incerto, já que muitos dos grandes estúdios decidiram lançar os seus principais títulos via Streaming e colocando o nosso maior prazer em risco.

O cinema começou como uma arte em movimento, mas se tornando também um entretenimento para a massa como um todo e levando para as salas milhares de pessoas a cada ano. Com esse cenário, o cinema pode voltar ao status de arte em definitivo, já que pode correr o risco de não ser mais algo a ser apreciado por todos ao longo dos próximos anos. De qualquer forma, rezo para que eu possa voltar a uma grande sala de cinema, com a sessão lotada e sentindo vida dentro dela quando as pessoas aplaudem ao testemunharem um grande espetáculo.

Confira os melhores títulos internacionais de 2020 na minha opinião.     

1º "Você Não Estava Aqui" 

"Você Não Estava Aqui" é um retrato sobre nós mesmos sendo triturados pelo trabalho informal e que não nos dá nenhum direito de sonhar por um futuro melhor. Leia a minha crítica clicando aqui.   

2º "Mank"

"Mank" transita entre o glamour e a podridão da era de ouro de Hollywood e fazendo a gente desejar que venham mais esqueletos saindo do armário ao longo dos próximos anos. Leia a minha crítica clicando aqui.  

                                               3º "Destacamento Blood"                                              

"Destacamento Blood" fala sobre como as guerras de ontem e hoje são inúteis e tudo que resta é somente salvar o irmão que está em perigo logo a frente. Leia a minha crítica clicando aqui. 

4º "A Voz Suprema do Blues"

"A Voz Suprema do Blues" é uma pequena jóia cinematográfica, da qual retrata uma época em que era preciso saber jogar para sobreviver, mas cujo esse jogo até hoje não encontrou o seu derradeiro fim. Leia a minha crítica em breve no meu blog. 

5º "Retrato de Uma Jovem em Chamas"

"Retrato de Uma Jovem em Chamas" é sobre o começo e o fim de uma surpreendente história de amor e da união de mulheres que fazem a diferença quando estão unidas perante uma realidade não muito acolhedora. Leia a minha crítica clicando aqui. 

6º "Borat Fita de Cinema Seguinte"

"Borat: Fita de Cinema Seguinte" é o filme certo na hora certa, em um ano em que temos um inimigo invisível e sendo esnobado por políticos que brincam com as vidas de todos os povos do mundo. Leia a minha crítica clicando aqui. 

7º "A Assistente"

"A Assistente" é um filme sobre o antes e depois dos escândalos recentes de Hollywood, mas que serve também como reflexão para que as mulheres não se calem perante os horrores vindo dos próprios homens.  Leia a minha crítica clicando aqui.  

8º  "Estou Pensando em Acabar Com Tudo"

"Estou Pensando em Acabar com Tudo" é uma verdadeira viagem sobre sonhos e desilusões, mas tudo emoldurado de uma maneira que nos faça pensar sobre o que acabamos de testemunhar. Leia a minha crítica clicando aqui.  

9º "O Homem Invisível"


"O Homem Invisível" fala sobre um assunto universal, onde as mulheres não devem recuar, mas sim enfrentar o monstro abusivo que deseja sempre as tratar como propriedades e não com humanidade.  Leia a minha crítica clicando aqui. 

10º "Tenet"

 "Tenet" é puramente Christopher Nolan e que fará com que os seus fãs se apaixonem mais, assim como os seus detratores que irão cada vez mais odiar. Leia a minha crítica clicando aqui. 

Menções honrosas de última hora: 

"Mulher Maravilha - 1984"

"Mulher Maravilha" - 1984" é ótimo por saber sintetizar o nosso desejo atual de voltarmos aos tempos mais coloridos, mas que para isso é preciso aceitarmos o que nós perdemos e assim amadurecermos para obtermos um voo mais alto. Confira a minha crítica clicando aqui. 

"Soul"

"Soul" é um filme que faz pensar sobre a sua própria vida, da qual não pode passar despercebida, mas sim sentida ao máximo e que faça valer a pena essa jornada como um todo. Leia a minha crítica clicando aqui.


Merecem serem conferidos: "O Caminho de Volta", "Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre", "O Som do Silêncio", "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica", "Você Nem Imagina", "O Diabo de Cada Dia", "Os 7 de Chicago", "O Que Ficou para Trás",  "Aves de Rapina", "A Vastidão da Noite", "#Alive", "Magnatas do Crime", "Emma", "Viver Duas Vezes" "O Poço", Shirley, "Rede do Ódio", O "Dilema das Redes".         


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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'Mulher Maravilha - 1984'

Sinopse: Avançando para a década de 1980, a próxima aventura da Mulher-Maravilha nos cinemas a coloca frente a dois novos inimigos: Max Lord e Mulher-Leopardo. 

O ano de 2020 foi tão trágico que muitas pessoas desejam que ele jamais tivesse acontecido. Porém, desejar isso é o mesmo que mentir para nós mesmos, pois seria negar a própria realidade em que nós todos vivemos. Perdemos entes queridos, mas nós não podemos trazê-los de volta, mesmo quando o nosso coração deseja esse tal feito.

Realidade essa que ecoa até mesmo no cinema, mesmo que de forma indireta. Ainda levará um tempo para chegar filmes que retratem esse ano, mas já há alguns exemplos que são uma verdadeira metáfora sobre os nossos próprios erros que provocamos nestes tempos nebulosos. "Mulher Maravilha - 1984" vem justamente no encerramento deste ano complicado, mas nos passando uma mensagem positiva para nunca sermos mentirosos com nós mesmos e nunca desejar o que não pode mais ser alcançado.

Dirigido novamente por Patty Jenkins, "Mulher-Maravilha - 1984" acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot) em 1984, durante a Guerra Fria, entrando em conflito com dois grandes inimigos - o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Cheetah (Kristen Wiig) - enquanto se reúne novamente com seu interesse amoroso Steve Trevor (Chris Pine).

O resumo acima é muito limitado se comparado ao filme como um todo, já que desde o início ele nos entrega um grande espetáculo, mas sem os vícios atuais do cinemão hollywoodiano. Embalado com uma majestosa trilha sonora de Hans Zimmer, o prólogo já nos pega desprevenidos, onde testemunhamos uma pequena Diana participando de um jogo Olímpico das Amazonas. Além de apreciarmos novamente a força dessas mulheres, Patty Jenkins novamente cria todo esse momento com um tom mais verossímil, nada muito exagerado, remetendo aos tempos de como se fazia grandes épicos e nascendo assim um grande espetáculo.

O filme avança no tempo e paramos justamente no ano de 1984, onde a reconstituição sintetiza uma época cheia de promessas, mas das quais ficaram muito mais em sua superfície colorida. Curiosamente, o filme vem justamente em um momento em que a nostalgia pelos anos oitenta se encontra um tanto que cansada, mesmo quando a própria nos é sedutora e nos fazendo desejar em querer retornar para aquela época. Isso tudo é proposital, já que o filme toca justamente em desejos inalcançáveis, mas que no fundo desejamos mesmo quando é impossível.

Os desejos é o que move os personagens principais da trama, desde a própria protagonista, como também os seus antagonistas interpretados por Kristen Wiig e Pedro Pascal. Esse último, aliás, poderia facilmente cair na fórmula fácil ao apresentar um vilão megalomaníaco dentro da trama, mas o roteiro colabora para nos mostrar um personagem cheio de camadas, movido pela frustração que carregou em vida e desejando sempre algo que não pode ser realizado. Pedro Pascal surpreende em um papel que poderia ter dado tudo errado, mas ao invés disso nos brinda com personagem trágico e bem construído.

O mesmo pode ser dito sobre Barbara, já que o desempenho de Kristen Wiig pode ser facilmente comparado com atuação de Michelle Pfeiffer em "Batman - O Retorno" (1992). De uma mulher frágil que era vítima do machismo, Barbara mostra a sua real face no momento em que realiza o seu maior desejo, mas pagando um alto preço para obter isso. O duelo verbal e físico entre ambas as personagens está também entre os pontos altos do filme.

Mas o filme pertence mesmo a Gal Gadot do começo ao fim dele. Embora ainda não seja uma grande atriz, é preciso reconhecer também que a moça nasceu para a personagem, pois ela nos transmite uma inocência há muito tempo perdida destas adaptações de HQ de super heróis para o cinema. Além disso, a sua interação com Chris Pine, que retorna como Steve Trevor, é algo que funciona de forma redondinha e que com certeza fará muitas jovens suspirarem devido essa relação tão complicada.

Complicada eu digo pelo fato de como Steve Trevor voltou a vida, pois a resposta está justamente no principal problema que move a trama. O principal vilão é justamente os desejos que se realizam, dos quais surgem para alimentar o anseio dos seus personagens, mas correndo o sério risco de tudo sair do controle. O filme não é somente uma metáfora sobre a busca da terra das oportunidades tão vendida por Ronald Reagan na época, como também ela se alinha em tempos de hoje em que a população cada vez mais se alimenta através da mentira e da qual precisa ser combatida.

Maxwell Lord, por exemplo, não é somente uma versão caricata de Donald Trump, como também de todos os líderes de hoje que vendem propaganda falsa através de fake news, mas alimentando os anseios de uma parcela do povo que não consegue conviver mais com a verdade, mas sim com o que eles gostariam de ouvir realmente. Um blockbuster que nos faz pensar, mesmo quando a sua proposta principal é somente entreter.

Tecnicamente o filme surpreende pelas cenas ação fluidas, das quais podemos ver sempre o que acontece e nunca sendo poluídas por efeitos digitais desnecessários. Se a cena de abertura das Olimpíadas das Amazonas nos tira o fôlego aguarde para cenas que remetem as raízes da personagem, desde a um velho transporte aéreo conhecido pelos fãs, como também testemunharmos finalmente a heroína voando. Aliás, atenção para essa cena, já que Patty Jenkins a faz com amor, com velhos recursos do cinema e que com certeza ela buscou inspiração no clássico e único "Superman" (1978).

"Mulher Maravilha" - 1984" é ótimo por saber sintetizar o nosso desejo atual de voltarmos aos tempos mais coloridos, mas que para isso é preciso aceitarmos o que nós perdemos e assim amadurecermos para obtermos um voo mais alto. 


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