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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz e no Streaming: 'Mank'

Sinopse: A história tumultuosa de Herman J. Mankiewicz, roteirista da obra-prima icônica de Orson Welles, "Cidadão Kane" e sua luta contra Welles pelo crédito do texto do grandioso longa.

Quando David Fincher lançou o filme "A Rede Social" (2010) muitos críticos fizeram comparação ao clássico "Cidadão Kane"(1941), já que a jornada de ambos os protagonistas era adquirir poder, mas ficando sozinhos e desejando no final o seu "Rosebud". Claro que não faltou especulações da possibilidade de o cineasta fazer algo diretamente ligado ao clássico de Orson Welles, pois material farto para o feito não faltava, só bastava colocar a mão na massa. Eis que na reta final de 2020 chega "Mank", filme que não somente explora as sementes que tornaram aquele filme em uma obra prima, como também ao retratar as engrenagens que moviam o entretenimento e as questões políticas daqueles tempos longínquos.

O enredo de “Mank” segue a história tumultuosa do roteirista Herman J. Mankiewicz da obra-prima icônica de Orson Welles e sua luta com o autor pelo crédito do script do grandioso longa. Ao mesmo tempo conhecemos os personagens que serviram de inspiração para se tornarem os protagonistas da história. Ao mesmo tempo, vemos um Mank lutando contra os seus próprios demónios.

Durante décadas "Cidadão Kane" sempre ficou no topo como a maior obra prima da história do cinema e todo o crédito ia para o colo de Orson Welles ao longo do tempo. Porém, David Fincher, ao lado do seu pai e roteirista Jack Fincher, criaram juntos um roteiro em que joga uma nova luz sobre os fatos e exploram essa figura curiosa que foi Mank em meio as luzes, figurinos, dinheiro, vícios e a ganância que moldava uma Hollywood de tempos mais dourados. Ao mesmo tempo, o filme é uma homenagem aos tempos em que se realmente colocava a mão na massa para se construir um grande filme, mesmo que a maioria ali esteja criando unicamente para obter algum lucro.

O filme em si funciona de forma independente, mesmo você já tendo assistido, ou não, ao clássico de Orson. Porém, para os cinéfilos de carteirinha, o filme é rico ao inserir várias referências ao clássico, principalmente quando o protagonista adentra ao universo de riqueza de William Randolph Hearst, que aqui é interpretado pelo ótimo Charles Dance da série "Game of Thrones". Curiosamente, o longa foi filmado em preto e branco com câmeras digitais, mas as cenas foram moldadas para parecerem película envelhecida, assim como o som foi gravado em apenas um único canal, assim como também a sua trilha sonora.

Mas embora o filme seja uma reconstituição de uma época, é notório que os dilemas políticos daqueles tempos não sejam muito diferentes dos quais são vistos hoje em dia. Não deixa de ser curioso, por exemplo, a cena da festa de aniversário do produtor da Metro-Goldwyn-Mayer, onde eles começam a discutir sobre política e subestimam o poder de Hitler naquela época. São diálogos que nos faz lembrar o quanto subestimamos o poder de ditadores do passado, mas que não serviu de exemplo o suficiente para impedir que cometêssemos os mesmos erros em nosso presente.

Aliás, é nessa cena que se destaca a personagem Marion Daves, esposa do magnata William Randolph Hearst e brilhantemente interpretada por Amanda Seyfrield. Se destacando em séries de tv como "Big Love" (2006), ela foi ganhando destaque no cinema em filmes como, por exemplo, "OS Miseráveis" (2012). Aqui, ela interpretada uma mulher presa as regras do machismo da época, mas não escondendo que possui opinião própria e nos brindando com ótimas cenas.

Porém, não resta a menor dúvida que o filme pertence a Gary Oldman, cujo o seu Mank pode facilmente ser reconhecido posteriormente como uma de suas melhores atuações da carreira e que não duvido que seja novamente indicado ao Oscar. Oldman cria para o seu Mank um ser de grande potencial, mas movido por vícios vindos do universo do qual ele convive, mas não o enfraquecendo em seu trabalho e pensamentos com relação a realidade em sua volta como um todo. Destaque para o seu discurso na cena do jantar, da qual será lembrada pelos próximos anos a fio e que é, sem sombra de dúvida, uma das mais bem filmadas da carreira de David Fincher.

O final do filme nos passa a sensação de dever cumprido, principalmente ao revelar o verdadeiro gênio que foi Mank por detrás das cortinas da história de "Cidadão Kane". Não que isso vá diminuir a importância de Orson Welles dentro da história do cinema, mas o filme também vem nos dizer que sempre há algo muito além de determinadas lendas construídas após diversas décadas. Um filme para se debater, refletir e apreciar ainda mais os tempos de um cinema mais dourado, mesmo ele sendo construído por certos gananciosos.

"Mank" transita entre o glamour e a podridão da era de ouro de Hollywood e fazendo a gente desejar que venham mais esqueletos saindo do armário ao longo dos próximos anos.   


Onde Assistir: Netflix. 

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