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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Cine Dica: Streaming - 'A Voz Suprema do Blues'

Sinopse: Na Chicago de 1927, a protagonista interpretada por Davis trava um tenso duelo com executivos brancos e com um dos membros de sua banda formada por negros, durante uma sessão de gravação em estúdio. 

A união do cinema com o teatro tende a gerar um filme sem personalidade ou uma obra que desafia o talento do elenco dentro dele. "Um Limite Entre Nós" (2016), por exemplo, é baseado em uma peça de teatro, mas sabendo se expandir em sua adaptação cinematográfica e gerando assim uma pequena joia como um todo. É então que chegamos "A Voz Suprema do Blues" (2020), que segue para um mesmo caminho, onde a direção segura e atuações poderosas faz com que a obra se torne maior e cujo o palco não seria o suficiente.

Dirigido por George C. Wolfe, "A Voz Suprema do Blues" acompanha Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, numa sessão de gravação de álbum mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável "Mother of the Blues". Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.

Baseado na peça do vencedor do Prêmio Pulitzer, August Wilson, o diretor George C. Wolfe aproveita para expandir a ideia principal da obra já em sua abertura, onde testemunhamos uma Chicago de 1927 cheia de detalhes e rico em sua reconstituição. Ao mesmo tempo, essa abertura possui ecos do que está por vir, onde não esconde o prelúdio de um EUA em decadência e não preparada para entrar na depressão dos anos trinta. Além disso, abertura também escancara o lado hipócrita de um país que se diz terra das oportunidades, mas não para todos e principalmente para o povo negro que mais sofreu ao longo do percurso.

É aí que o elenco brilha neste quesito. Vemos personagens que lutam pelo seu dia a dia, que mantém o seu talento pela música acima de tudo, mas não obtém o retorno como esperado. O resultado é vermos personagens colocando para fora o seu passado sem glamour, onde horror vindo do homem branco se tornou o único ensino para dizer o quanto essa terra das oportunidades é gananciosa, corrupta e muito racista. O peso dessa dramaticidade não poderia ser carregado por qualquer um e é aí que dois intérpretes se sobressaem de uma forma genial.

Conhecido mundialmente pelo ótimo "Pantera Negra" (2018), Chadwick Boseman entrega o papel de sua vida, ao interpretar um jovem trompetista cheio de sonhos, mas cujo os mesmos são sempre interrompidos por aqueles que comandam o dinheiro, ou pelo seu próprio talento que não cabe o suficiente em seu único corpo. Os discursos que ele dá no vestiário onde se encontra os músicos está entre os melhores momentos do filme e cuja as suas ações imprevisíveis irão selar o seu destino. Isso tudo faz a gente somente lamentar o recente falecimento do ator e do qual o mesmo não me surpreenderia se fosse indicado ao Oscar deste ano pelo seu incrível trabalho.

Mas como se isso já não bastasse, temos também uma Viola Davis quase irreconhecível e cuja a sua personagem Ma Rainey é uma espécie de entidade da natureza da qual não pode ser controlada. Sendo pisada na vida por tudo e a todos, a personagem Ma Rainey usa a sua personalidade forte para obter os seus reais propósitos, mesmo que isso lhe faça ser abandonada em um futuro próximo. Todas as cenas da atriz são poderosíssimas, mas o seu olhar em sua última cena nos diz tudo sem nenhuma palavra e sintetizando a sua dor interior mesmo quando a própria tenta escondê-la.

"A Voz Suprema do Blues" é uma pequena jóia cinematográfica, da qual retrata uma época em que era preciso saber jogar para sobreviver, mas cujo esse jogo até hoje não encontrou o seu derradeiro fim. 

Onde Assistir: Netflix. 

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sábado, 29 de agosto de 2020

Luto: Chadwick Boseman (1977 - 2020)



Acordo por volta das seis horas da manhã para me aprontar para o trabalho. Eis que hoje abri o meu celular para ler alguma notícia antes de eu levantar da cama e dou de cara com anuncio da morte de  Chadwick Boseman. Achei no início que era mais um fake news, mas nesse caso, infelizmente, não era e o ator veio a falecer de câncer. Chadwick Boseman nos deixa em um momento em que vivemos em um mundo cheios de incertezas com relação ao futuro, mas deixou um presente que jamais esqueceremos.

Com uma carreira sólida na tv, o ator teve a sua primeira oportunidade no cinema atuando no filme "James Brown"(2014) e do qual retrata os altos e baixos da carreira do inesquecível músico. Porém,  Chadwick Boseman viria a ganhar o estrelato no filme "Capitão América: Guerra Civil" (2016) do qual, em meio as desavenças dos heróis, o príncipe que viria se tornar rei chamado  T'Challa teve a sua origem retratada de forma sublime e defendida pela grande atuação de Boseman.  Foi então que o próprio teve a chance de atuar em seu próprio filme, "Pantera Negra" (2018) e do qual entrou para história.

Sucesso de público, crítica e vencedor de 3 Oscar, "Pantera Negra" se tornou um legitimo exemplo positivo de uma adaptação de HQ a ser seguido, onde se comprovou que ainda precisamos muito evoluir, para que assim todos os povos do mundo possam sobreviver. Se nos filmes anteriores os engravatados da Marvel tinham certo receio de abordar assuntos políticos, aqui tudo é mais escancarado e fechando com chave de ouro com uma frase dita pelo próprio protagonista no final da obra:  

"Em tempos de crise, os sábios constroem pontes, enquanto os tolos constroem muros". 

O personagem viria a dar as caras novamente em "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e "Vingadores: Ultimato" (2019). Além disso, Chadwick Boseman surpreenderia novamente a crítica pela sua atuação no filme "Destacamento do Blood", de Spike Lee, e do qual pode ser conferido na Netflix. O ator parte precocemente aos 43 anos, mas deixa um legado irretocável, pois ele inspirou toda uma geração de jovens negros e negras e lhes deu um verdadeiro super-herói para admirar na telona.  



Wakanda para sempre 


Filmografia:  

2020 Destacamento Blood 

2019 Crime sem Saída 

2019 Vingadores: Ultimato 

2018 Vingadores: Guerra Infinita 

2018  Pantera Negra 

2017 Marshall: Igualdade e Justiça 

2016 Capitão América: Guerra Civil 

2016 Deuses do Egito 

2016 Message from the King 

2014 A Grande Escolha 

2014 James Brown 

2013  42 - A História De Uma Lenda 

2011 Fringe - Temporada 4 

2011  Justified - Temporada 2 

2010 Castle - Temporada 3 

2010 Detroit 1-8-7 - Temporada 1 

2010 Persons Unknown - Temporada 1 

2010 The Glades - Temporada 1 

2009 Lie To Me - Temporada 2 

2008 Cold Case - Temporada 6 

2008 ER - Temporada 15 

2008 No Limite, a História de Ernie Davis 

2005 CSI: New York - Temporada 2 

2003 Lei & Ordem - Temporada 14 


Confira também a minha crítica sobre "Pantera Negra"clicando aqui. 


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