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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 10 de maio de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Tubarão'

 

Nada melhor do que revisitarmos um grande clássico na tela grande, pois foi lá onde a obra foi exibida pela primeira vez e mantendo seu grande impacto. Por melhor que seja eu colecionar obras primas do cinema eu prefiro também os revisitar e para assim ter a sensação de estar em uma viagem no tempo e tendo o privilégio de dizer que vi tal título na tela grande. As salas de Porto Alegre nos dão a chance para tal feito e a melhor pedida é a Cinemateca Capitólio.

Dona de uma programação alternativa para os cinéfilos, o local também nos oferece uma programação de diversos clássicos de diversas épocas. Até a pouco tempo estava sendo exibido o Ciclo Fim de Verão, onde havia exibição de filmes em que o cenário se passava no período veranesco. No encerramento do ciclo teve a exibição daquele clássico que mudou a cara do cinema norte americano que foi "Tubarão" (1975).

Um dos primeiros grandes sucessos da carreira de Steven Spielberg e do qual fez as pessoas até terem medo de tomarem banho sozinhas dentro da banheira. Foi o primeiro grande filme a ultrapassar a marca dos R$ 100 milhões de dólares somente no território norte americano e inaugurando a leva de filmes Blockbuster que começaram a serem lançados no verão. Revendo na Cinemateca Capitólio eu percebi que o filme não envelheceu nenhum pouco e causando o mesmo impacto que a geração setentista sentiu.

Foi em uma sessão de Domingo as 18 horas, sendo que houve uma fila imensa e que se compara com a mesma imagem clássica do Cine Vitória em que os cinéfilos dos anos setenta foram em massa para assistir ao filme de Spielberg. Dentro da sala não havia mais lugar disponível, sendo que alguns ficaram sentado nas escadas, mas pouco se importaram com isso pois estavam focados na tela. Quando o tema de John Williams começa a plateia ficou em silêncio e já tendo uma noção do que virá em seguida.

Tubarão sendo exibido no Cine Vitória em 1975

Falando no mestre de trilhas sonoras, o próprio Steven Spielberg reconhece que metade do sucesso do filme se deve a sua trilha sonora, pois quando ela é tocada é sinal de que o Tubarão está por perto e fazendo com que o público respire fundo. Curiosamente, a sua trilha não somente serviu como alerta da aproximação da criatura, como também nos pregando um grande susto em algumas cenas mesmo sem a presença o vilão em cena. Isso é constatado em um momento que fez todo mundo pular da cadeira.

Em uma determinada passagem do filme, o chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) e o pesquisador de tubarões Matt Hooper (Richard Dreyfuss) estão em alto mar quando avistam um barco em pedaços. Hooper nada para baixo do barco onde lá encontra um grande dente de tubarão branco, mas é pego de surpresa por uma cabeça que sai do nada de um buraco. Neste instante a trilha de Williams dispara e fazendo os cinéfilos do local pularem de suas cadeiras e repetindo o mesmo feito que as plateias sentiram nos anos setenta.

Mas talvez a melhor cena do filme é ainda para mim a USS Indianapolis, uma história realmente verídica e contada pelo caçador de tubarões Quint (Robert Shaw). Atuação de Shaw é digna de nota, pois cada passagem da história como ele conta faz com que adentremos no terrível cenário em que diversos marinheiros foram mortos em alto mar e fazendo com que a tensão somente aumente sendo alinhada pela trilha de John Williams. Neste momento olhei em volta e vi todos concentrados na tela e fazendo com a realidade em volta se tornasse esquecida.

Mas o exemplo final de que o filme não envelheceu mal é graças a presença do Tubarão. Apelidado carinhosamente de Bruce, a criatura de borracha e mecânica deu muita dor de cabeça para Spielberg e os produtores, já que ele sempre afundava e gerando diversos problemas. Quando as coisas funcionavam bem a magia do cinema fazia o resto e moldado a criatura se tornar uma entidade assustadora e fora do normal para os padrões de um tubarão comum.

Em tempos atuais em que o CGI está cada vez mais chato de se ver é impressionante como ainda sentimos o peso e a verossimilhança deste Tubarão, ao ponto de até mesmo aceitarmos a criatura pular da água e atacar o barco dos protagonistas e fazendo o caçador Quint escorregar até a sua boca. Na cena mais forte do filme Quint é devorado vivo pelo Tubarão, sendo sacudido, de um lado para o outro e sendo atorado ao meio e partindo para as profundezas do oceano. Neste instante eu olhei para o lado e vi uma jovem colocar as mãos no rosto de tão horrorizada que sentiu naquele momento.

Após a sessão houve um debate, mas eu decidi sair da sala para respirar um ar puro, pois a tela de um grande cinema me fez assistir ao filme como se fosse a primeira vez. Pessoas saíram comigo comentando sobre a obra de uma forma entusiasmada, como se tivessem saído da sala carregando uma aura positiva e fazendo com que não se esquecendo tão cedo da experiência. O filme que muda a forma de lançar filmes ainda teria o mesmo desempenho para essa geração que anda cansada de efeitos visuais sem vida e apreciando algo mais significativo para a história.

"Tubarão" não é somente um dos melhores filmes de todos os tempos, como também um exemplo de obra que soube envelhecer muito bem através do tempo.    

Nota: Filme exibido na Cinemateca Capitólio no dia 31 de Março as 18h. 

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