Sinopse: Comediante fracassado que trabalha em um bar começa a ser assediado de forma compulsiva por uma misteriosa mulher.
Quando se ouve aquela famosa frase "baseado em fatos reais", seja em filmes ou séries, não significa que a trama seja necessariamente verdadeira. É preciso destacar o fato que ambas as mídias precisam nos apresentar uma boa história e que as vezes elas precisam serem remodeladas para agradar as grandes plateias. Por mais que os realizadores se esforcem dificilmente algum ponto da trama não irá bater com eventos verdadeiros que serviram de inspiração para o projeto.
Com o papel da internet, dizer que algo é realmente verdadeiro se torna ainda mais difícil, mesmo para os grandes estúdios. Porém, mesmo que nasça essa dúvida, é preciso reconhecer que uma obra sendo bem-feita, sendo ela fiel ou não aos fatos, é mais do que compensatório para os nossos olhos e mentes que buscam por algo que faça a diferença. "Bebê Rena" (2024) é um desses casos em que o projeto foi vendido do começo ao fim como fato verídico, mas que acabou sendo tão perfeito que ignoramos a sua real legitimidade.
Baseado em uma peça estrelada e dirigida por Richard Gadd, acompanhamos a história do comediante, performer e escritor Donny Dunn, sendo interpretado pelo próprio Richar Gadd, que certo dia enquanto estava trabalhando em um bar ele acabou atendendo a Martha (Jessica Gunning), uma mulher extremamente carente e que começa a querer se relacionar com Dunn forçadamente. Essa perseguição transforma a vida do protagonista em um inferno e o levando para momentos inusitados.
Richard Gadd se encontra em um momento curioso de sua carreira, sendo que essa série fará com que abra novas portas para ele, ou será alguém sempre será lembrado pelo potencial do seu primeiro grande sucesso. Difícil dizer o que irá acontecer em seguida, mas o que eu posso dizer é que o realizador me surpreendeu pelo seu modo de filmar, cuja edição frenética das cenas nos faz não tirar os olhos da tela e sendo tudo embalado por uma trilha sonora contagiante e que fará com que a gente identifique rapidamente com algum grande sucesso. Ao mesmo tempo, a série possui um humor sedutor, politicamente incorreto e do qual está fazendo falta em tempos atuais em que muitos realizadores temem fazer comédias mais acidas em tempos de cancelamento.
Ao mesmo tempo, é um humor que transita para passagens mais dramáticas e das quais nos envolve emocionalmente e fazendo com que a gente entenda as raízes dos problemas emocionais dos dois protagonistas. Embora Martha seja uma pessoa com sérios problemas emocionais Dunn não fica muito atrás, já que ele próprio chega em um ponto da trama que não sabe ao certo se deseja se livrar de sua perseguidora ou continuar com esse joguinho doentio para ver até onde isso chega. Isso acaba revelando uma outra faceta do personagem, sendo que em determinado episódio conhecemos o seu passado trágico em que foi abusado fisicamente e emocionalmente ao buscar a fama e fazendo dele alguém mais complexo do que a gente imaginava.
Já Martha é uma entidade imprevisível, articuladora e que não medirá esforços para obter o seu Bebê Rena. Jessica Gunning com certeza será uma candidata favorita para as premiações futuras como o Emmy, já que a sua personagem é uma transição do que foi visto em clássicos como "Louca Obsessão" (1990) e "Atração Fatal" (1987), porém, obtendo luz própria e se revelando como uma das personagens mais trágicas das séries recentes que eu já vi. Atenção para a cena em que ela explode e agride a terapeuta Teri (Nava Mau) dentro de um bar e fazendo com que a tensão somente aumente a cada segundo que passa.
Falando na Teri, ela seria uma espécie de voz da razão para que Dunn procure se resolver, não somente com relação essa perseguição que está sofrendo, como também se achar na vida e sobre o que realmente quer. A série acaba se tornando mais complexa na medida em que ela avança, ao falar sobre qual é o nosso papel neste mundo sempre disputado sobre quem chegará no topo primeiro, quando na verdade bastaria as pessoas serem felizes sendo elas mesmas. Portanto, a cena em que o protagonista se abre diante de um grande público, não é somente a melhor cena da série, como também exemplifica a mensagem final de sermos nós mesmos em meio uma realidade, por vezes, opressora e que precisa ser combatida.
"Bebê Rena" lhe faz rir e refletir de uma realidade trágica que, por mais absurda que seja, pode sim ser verídica e cuja situação semelhante pode estar mais próxima de você do que imagina.
Onde Assistir: Netflix
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
2 comentários:
Boa noite meu conterrâneo, tudo bem? Gostei do seu comentário sobre o filme. Um amigo já havia me indicado pra assistir. Mas como eu tenho uma vida de aposentado muito agitada rsrsrs, chega a noite estou cansado. Mas vou assistir e volto aqui pra comentar. Apesar que eu não sou muito bom em análises de filmes.
Um grande abraço, do amigo de São Leopoldo.
Aproveita assistir senhor Marco pois vale muito a pena.
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