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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'Mulher Maravilha - 1984'

Sinopse: Avançando para a década de 1980, a próxima aventura da Mulher-Maravilha nos cinemas a coloca frente a dois novos inimigos: Max Lord e Mulher-Leopardo. 

O ano de 2020 foi tão trágico que muitas pessoas desejam que ele jamais tivesse acontecido. Porém, desejar isso é o mesmo que mentir para nós mesmos, pois seria negar a própria realidade em que nós todos vivemos. Perdemos entes queridos, mas nós não podemos trazê-los de volta, mesmo quando o nosso coração deseja esse tal feito.

Realidade essa que ecoa até mesmo no cinema, mesmo que de forma indireta. Ainda levará um tempo para chegar filmes que retratem esse ano, mas já há alguns exemplos que são uma verdadeira metáfora sobre os nossos próprios erros que provocamos nestes tempos nebulosos. "Mulher Maravilha - 1984" vem justamente no encerramento deste ano complicado, mas nos passando uma mensagem positiva para nunca sermos mentirosos com nós mesmos e nunca desejar o que não pode mais ser alcançado.

Dirigido novamente por Patty Jenkins, "Mulher-Maravilha - 1984" acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot) em 1984, durante a Guerra Fria, entrando em conflito com dois grandes inimigos - o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Cheetah (Kristen Wiig) - enquanto se reúne novamente com seu interesse amoroso Steve Trevor (Chris Pine).

O resumo acima é muito limitado se comparado ao filme como um todo, já que desde o início ele nos entrega um grande espetáculo, mas sem os vícios atuais do cinemão hollywoodiano. Embalado com uma majestosa trilha sonora de Hans Zimmer, o prólogo já nos pega desprevenidos, onde testemunhamos uma pequena Diana participando de um jogo Olímpico das Amazonas. Além de apreciarmos novamente a força dessas mulheres, Patty Jenkins novamente cria todo esse momento com um tom mais verossímil, nada muito exagerado, remetendo aos tempos de como se fazia grandes épicos e nascendo assim um grande espetáculo.

O filme avança no tempo e paramos justamente no ano de 1984, onde a reconstituição sintetiza uma época cheia de promessas, mas das quais ficaram muito mais em sua superfície colorida. Curiosamente, o filme vem justamente em um momento em que a nostalgia pelos anos oitenta se encontra um tanto que cansada, mesmo quando a própria nos é sedutora e nos fazendo desejar em querer retornar para aquela época. Isso tudo é proposital, já que o filme toca justamente em desejos inalcançáveis, mas que no fundo desejamos mesmo quando é impossível.

Os desejos é o que move os personagens principais da trama, desde a própria protagonista, como também os seus antagonistas interpretados por Kristen Wiig e Pedro Pascal. Esse último, aliás, poderia facilmente cair na fórmula fácil ao apresentar um vilão megalomaníaco dentro da trama, mas o roteiro colabora para nos mostrar um personagem cheio de camadas, movido pela frustração que carregou em vida e desejando sempre algo que não pode ser realizado. Pedro Pascal surpreende em um papel que poderia ter dado tudo errado, mas ao invés disso nos brinda com personagem trágico e bem construído.

O mesmo pode ser dito sobre Barbara, já que o desempenho de Kristen Wiig pode ser facilmente comparado com atuação de Michelle Pfeiffer em "Batman - O Retorno" (1992). De uma mulher frágil que era vítima do machismo, Barbara mostra a sua real face no momento em que realiza o seu maior desejo, mas pagando um alto preço para obter isso. O duelo verbal e físico entre ambas as personagens está também entre os pontos altos do filme.

Mas o filme pertence mesmo a Gal Gadot do começo ao fim dele. Embora ainda não seja uma grande atriz, é preciso reconhecer também que a moça nasceu para a personagem, pois ela nos transmite uma inocência há muito tempo perdida destas adaptações de HQ de super heróis para o cinema. Além disso, a sua interação com Chris Pine, que retorna como Steve Trevor, é algo que funciona de forma redondinha e que com certeza fará muitas jovens suspirarem devido essa relação tão complicada.

Complicada eu digo pelo fato de como Steve Trevor voltou a vida, pois a resposta está justamente no principal problema que move a trama. O principal vilão é justamente os desejos que se realizam, dos quais surgem para alimentar o anseio dos seus personagens, mas correndo o sério risco de tudo sair do controle. O filme não é somente uma metáfora sobre a busca da terra das oportunidades tão vendida por Ronald Reagan na época, como também ela se alinha em tempos de hoje em que a população cada vez mais se alimenta através da mentira e da qual precisa ser combatida.

Maxwell Lord, por exemplo, não é somente uma versão caricata de Donald Trump, como também de todos os líderes de hoje que vendem propaganda falsa através de fake news, mas alimentando os anseios de uma parcela do povo que não consegue conviver mais com a verdade, mas sim com o que eles gostariam de ouvir realmente. Um blockbuster que nos faz pensar, mesmo quando a sua proposta principal é somente entreter.

Tecnicamente o filme surpreende pelas cenas ação fluidas, das quais podemos ver sempre o que acontece e nunca sendo poluídas por efeitos digitais desnecessários. Se a cena de abertura das Olimpíadas das Amazonas nos tira o fôlego aguarde para cenas que remetem as raízes da personagem, desde a um velho transporte aéreo conhecido pelos fãs, como também testemunharmos finalmente a heroína voando. Aliás, atenção para essa cena, já que Patty Jenkins a faz com amor, com velhos recursos do cinema e que com certeza ela buscou inspiração no clássico e único "Superman" (1978).

"Mulher Maravilha" - 1984" é ótimo por saber sintetizar o nosso desejo atual de voltarmos aos tempos mais coloridos, mas que para isso é preciso aceitarmos o que nós perdemos e assim amadurecermos para obtermos um voo mais alto. 


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