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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Sergio'

Sinopse: Durante o período caótico após a invasão dos EUA ao Iraque, o diplomata da ONU Sergio Vieira de Mello assume a missão mais complexa e perigosa de sua carreira. Wagner Moura e Ana de Armas estrelam este drama do diretor Greg Barker 

Em tempos em que o mundo atual é assolado por um vírus feroz cabe os líderes políticos se unirem para enfrentar um mal em comum. Porém, infelizmente, o que se vê mais nos noticiários são jogos políticos para verem quem puxa primeiro o tapete de quem e enquanto o povo é esquecido como ninguém. "Sergio" vem em um momento em que a sociedade necessita de pessoas que pensem por elas e que se dediquem na reconstrução para um futuro melhor.
Dirigido por Greg Barker, o filme é baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo", de Samantha Power. O filme relata a biografia de Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura), diplomata brasileiro das Nações Unidas que morreu em Bagdá, em 2003, durante um bombardeio à sede da ONU local. E meio a isso, surgem no decorrer do filme flashbacks e fazendo a gente conhecer quem era realmente Sergio como pessoa.
Embora não tenha um visual parecido com o verdadeiro Sergio Vieira de Mello, Wagner Moura está ótimo no papel, ao passar através de seu olhar uma pessoa abraçada fortemente em sua ideia em ajudar os povos do mundo caindo em ruínas. Porém, não espere que o ator carregue o filme nas costas como um todo, pois embora tenha alguns escorregões, é notório o bom empenho de Greg Barker na direção, já que ele consegue a nossa atenção através de uma direção segura e cuja a edição se torna cada vez mais dinâmica na medida em que a trama vem e volta no decorrer da projeção. Embora a gente saiba o final dessa Via Crúcis, queremos ir até o final dela e só por esse feito já acaba sendo um grande trunfo.
Claro que o ponto principal do filme se concentra nas questões políticas de ontem e hoje e principalmente com relação a invasão de países para obter os seus recursos naturais para sustentar potencias como os EUA. Se a invasão dos EUA em território Iraquiano já fora mais de dez anos, por outro lado, é evidente que aquela farsa perdura até hoje e se mantém fortalecida nas mãos de líderes de extrema direita como no caso de Donald Trump.
Sergio, portanto, era um estranho no ninho em meio a um cenário que se move unicamente para obter lucro, mas fazendo a diferença quando o assunto era com relação ao lado humano.
Infelizmente em tempos em que somos triturados por palhaçadas vindas de um governo autoritário, ou por um vírus impiedoso, "Sergio" acaba correndo o sério risco de cair no esquecimento o que é uma pena, já que a sua mensagem humanista e social faz muita falta hoje em dia. E se por um lado a relação do protagonista com a personagem Carolina Larriera, interpretada pela atriz Ana de Armas do filme "Blade Runner 2049" (2017) soe um tanto que dispensável, por outro lado, é sempre interessante observar os personagens secundários da trama com as suas opiniões distintas e que se cruzam com a postura insubornável de Sergio. Tudo é, logicamente, romanceado por demais para nós simpatizamos com o protagonista do começo ao fim, mas felizmente isso não compromete o resultado final que o filme nos quer passar.
"Sergio" é sobre lições humanistas e sociais que apenas um homem gostaria de passar, mas que infelizmente uma parcela da sociedade não quis ouvir.     

Onde assistir: Netflix. 

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sábado, 25 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Milagre da Cela 7'

Sinopse: A trama de Milagre na Cela 7 se baseia na história de Memo, interpretado por Aras Bulut Lynemli, que apresenta uma certa dificuldade cognitiva, e vive num vilarejo na Turquia com sua filha, Ova, e sua avó. 

Se há um lado positivo dessa quarentena que nos aflige atualmente é o fato de as pessoas ficarem em suas casas e buscarem em suas plataformas diversos filmes para que assim possam assistir conteúdo dos quais raramente iam ver nos seus cinemas convencionais. A Netflix, por exemplo, possui um material farto vindo de diversos países e fazendo com que o público obtenha um cardápio bem diversificado e que merece ser bem conferido. É aí que chegamos ao filme turco "Milagre da Cela 7" (2019), que pode até não ser nenhuma obra prima, mas se torna o suficiente para conquistar a massa.
Dirigido por Mehmet Ada Öztekin, o filme se concentra em uma história inusitada. Separado de sua filha por ser acusado de um crime que não cometeu, um homem com deficiência intelectual precisa provar sua inocência ao ser preso pela morte da filha de um comandante. Ele passa a contar com a ajuda de seus companheiros de cela e de quem também está do outro lado das grades.
Já tendo algumas versões vindas de outros países, essa versão turca do conto, ao menos, fica a frente pelo fato de nos conquistar imediatamente graças ao lado humano que se encontra em abundância no decorrer de toda a trama. Tanto o pai Memo (Aras Bulut İynemli), como a sua filha ova (Nisa Sofiya Aksongur) são duas figuras que já nos conquistam nos primeiros minutos da história e fazendo com que torçamos para que eles nunca se separem, mesmo quando já sabemos que o pior irá acontecer em seguida. Graças ao fato de conseguirem a nossa simpatia, ficamos com a sensação de que nos encontramos amarrados quando Memo começa a passar pelos horrores das mãos da justiça corrupta, vingativa e nos passando a sensação de total impotência.
Se por um lado há personagens que parecem até mesmo forçados em serem maus contra os protagonistas, do outro, é verossímil testemunharmos os personagens da cela sete logo se afeiçoando com Memo e revelando outras facetas daquelas figuras que antes se encontravam desconhecidas. Aliás, destaco um senhor de idade, que fica sempre enxergando uma árvore na parede e nos revelando segredos em seu olhar e dos quais nos surpreende. Curiosamente, alguns segredos não são revelados, mas alguns deles se enlaçam com o prólogo e o epílogo da trama e fechando assim um círculo de eventos que acabam por então fazendo todo o sentido.
Mas como eu disse acima, "Milagre da Cela 7" não é nenhuma obra prima, sendo que está mais para um filme que virá a se tornar um pequeno clássico sessão da tarde. Mesmo não apresentando um lado mais autoral, Mehmet Ada Öztekin até que surpreende em conseguir nos emocionar graças aos personagens carismáticos, mesmo quando o roteiro nos força a querer que nos apaixonamos por eles a todo custo. Acima de tudo, é um filme para toda a família, ao retratar os laços fortes da paternidade perante a intolerância de poderes que acham que tem o direito de nos esmagarmos facilmente.
"Milagre da Cela 7" é um filme que transita entre a realidade e fantasia, mas que dessa união inusitada consegue obter nossa total atenção do começo ao fim dela.  

Onde assistir: NETFLIX. 

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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Em Chamas'

Sinopse: Durante um dia normal de trabalho como entregador, Jong-soo reencontra Hae-mi, uma antiga amiga que vivia no mesmo bairro que ele. A jovem está com uma viagem marcada para o exterior e pede para Jong-soo cuidar de seu gato de estimação enquanto ela está longe.  

Olhando para trás se percebe que o cinema recente previu certas adversidades que o mundo atual viveria, desde divisão classes, capitalismo desenfreado, doenças e com tudo isso agora transbordando. Se por um lado "Coringa" retrata uma cidade dividida entre as classes, alinhado com o corte de ajuda social, por outro lado, "Parasita" explicita o lado podre do capitalismo transbordando e do qual, não importa qual classe, todos saem perdendo. "Em Chamas" segue uma trilha similar destes dois filmes citados, mas se aprofundando ainda mais no lado psicológico dos personagens em meio a um mundo sempre em movimento e movido pelo lucro.
Dirigido por  Lee Chang-Dong, mesmo diretor de "Poesia" (2011), o filme se passa durante um dia  um dia normal de trabalho como entregador, Jong-soo (Yoo Ah-In) que reencontra Hae-mi (Jeon Jong-seo), uma antiga amiga que vivia no mesmo bairro que ele. A jovem está com uma viagem marcada para o exterior e pede para Jong-soo cuidar de seu gato de estimação enquanto está longe. Hae-mi volta para casa na companhia de Ben (Steven Yeun), um jovem misterioso que conheceu na África. No entanto, o forasteiro tem um hobby peculiar, que está prestes a ser revelado aos amigos.
Com mais de duas horas e meia, o filme não tem pressa em retratar o dia a dia do protagonista Jong-Soo, ao ponto de ficarmos nos perguntando qual é realmente o conflito do qual ele está passando naquele momento. Durante esse percurso, observamos a sua realidade, onde vemos uma Coréia do Sul movida pelo dinheiro, pelo consumo, pela batalha de quem vende o produto mais tentador e de toda uma sociedade movida por números e do sonho de ser bem sucedido. É curioso observar, por exemplo, o cenário onde a personagem Hae-Mi mora, sendo um simples quarto, mas cheio de Bugigangas e fazendo a gente se perguntar qual o significado de todas aquelas coisas.
Essa sensação que nós sentimos vem através do olhar de Jong-Soo, já que ele nos guia para testemunharmos essa Coréia do Sul atual e do qual, ou se vive com ela, ou se desvencilha da possibilidade de se tornar apenas mais uma  engrenagem predestinada a mover essa roda. Com isso, observamos um conflito de divisão de classes, principalmente quando surge em cena Ben, um rapaz simpático, porém, misterioso, bem sucedido, mas com atitudes peculiares e que fazem o protagonista ter determinados conflitos internos.
Uma vez o trio central conversando em diversas cenas, observamos certas análises que cada um faz um com o outro ou consigo próprio. É simbólica, por exemplo, a cena em que o trio se encontra na divisa com a Coreia do Norte, sendo que o lado de cá eles se sentem livres em abraçarem certos prazeres, mas não escondendo o fato de estarem presos também a um sistema cheio de regras e dos quais não fazem exatamente eles estarem felizes nessa realidade. Ao vermos  Hae-mi dançando quase nua perante um belo pôr do sol após ter fumado uma erva, observamos uma pessoa não exatamente livre, mas sim alguém amarrada por cordas invisíveis criada pela realidade em que vive.
O ato final nos brinda com um conflito entre Jong-soo e Ben, mas não em confronto direto, mas sim por um caminho que nos leva a um jogo psicológico e gerando até mesmo uma apreensão sobre o que virá logo a seguir. Mesmo rico, Ben possui um prazer peculiar em queimar estufas abandonadas e gerando certa revolta interna de Jong-soo. O do porque isso ocorre não é muito explicado, muito embora constatamos que ali há uma guerra de classes criada através do medo, ou da pessoa acreditar que ela é intocável e achando que pode fazer o que bem entender por se achar simplesmente afortunado.
Não é um filme que traz respostas facilmente, principalmente por fazer com que nos tornemos apenas observadores e testemunhar as mudanças repentinas que ocorrem vindas dos personagens. Mudanças essas que vem da revolta, do medo e da insegurança nascida dentro de uma sociedade que vive perante um futuro incerto. O filme caba de uma forma fulminante, mas ficamos pelo caminho, pois o nosso mundo real pode nos encaminhar por situações ainda piores do que aquilo.
"Em Chamas" é sobre uma guerra psicológica sobre uma sociedade em crise existencial e movida somente pelos números e não mais pelo lado que nos faz mais humanos. 

Onde assistir: Em locação pelo Google play Filmes e Youtube 

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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'BLOW THE MAN DOWN'

Sinopse: Quando um encontro fatídico em um bar local força Mary Beth a matar um estranho misterioso e perigoso em legítima defesa, ela pede ajuda para Priscilla, que é mais racional e saberá o que fazer. A dupla planeja se livrar do corpo sem deixar vestígios, mas o crime não passa despercebido. 

Nos últimos tempos o cinema tem nos mostrado que, quanto menor a cidade for mais segredos ela guarda consigo. Os irmãos Coen, por exemplo, são realizadores conhecidos por criar obras que sintetizam muito bem isso, pois basta pegar o seu clássico "Fargo" (1996) como belo exemplo. "Blow The Man Down" segue essa linha de raciocínio, onde mascaras dos cidadãos de bem de uma típica cidade pequena norte americana começam a cair e revelar algo que ninguém poderia crer.
Dirigido por pela cineasta Bridget Savage Cole, o filme conta a história de uma pequena vila de pescadores de Easter Cove, as irmãs Mary Beth (Morgan Saylor) e Priscilla (Sophie Lowe) acabam de perder a mãe e passam a assumir as dívidas do lar. Quando um encontro fatídico em um bar local força Mary Beth a matar um estranho misterioso e perigoso em legítima defesa, ela pede ajuda para Priscilla, que é mais racional e saberá o que fazer. A dupla planeja se livrar do corpo sem deixar vestígios, mas o crime não passa despercebido.
O filme já começa de forma primorosa, onde vemos veteranos pescadores trabalhando pelo seu sustento e cantando uma música que fala de tudo um pouco, desde a união como também as velhas tradições a serem seguidas a torto e a direito. É um momento em que, pode ser analisado como apenas um instante de belo momento cinematograficamente falando, ou do qual sintetiza o que virá logo em seguida. A partir do momento em que ocorre um crime a caixa de Pandora é aberta e servirá como teste de lealdade para aqueles que vivem naquele micro universo escondido na terra.
Curiosamente, "Blow The Man Down" é um típico que filme que não há, necessariamente, um ou dois protagonistas, mas sim um mosaico de figuras interessantes e falam do por que estarem ali na história.  Se num primeiro momento o caso de assassinato em que as irmãs Mary Beth (Morgan Saylor) e Priscilla (Sophie Lowe) acabam se envolvendo  se torna o foco principal da trama, por outro lado, isso é contrariado no momento em que surge um novo crime e revelando novas figuras no desenrolar dessa enigmática história. É a partir daí que segredos são revelados, personagens mostram porque vieram e revelando que ninguém ali é santo ou demônio, mas sim seres humanos que carregam as escolhas ao longo desse percurso.
Se o elenco jovem se destaca, principalmente pela presença da atriz Gayle Rankin como uma enigmática prostituta, por outro lado, uma gama de veteranas comprova que não é rugas que as impedem de nos brindar com grandes atuações dignas de nota. Se por um lado Annette OToole e Marceline Hugot estão ótimas ao interpretarem as líderes de uma misteriosa aliança, por outro lado, Margo Martindale, do recente "Rainhas do Crime" (2019) se sobressai em uma atuação surpreende ao interpretar a dona de um prostíbulo e cuja a origem do local tem valor significativo para aquele lugar esquecido no mundo. Quando muitos desses grandes talentos se colidem no ato final da trama, é então que real face daquela cidade é revelada e fazendo a gente se dar conta que, independente do que aconteça, todos estão envolvidos de alguma maneira para continuar existindo as boas aparências.
"Blow The Man Down" é uma pequena pérola do cinema independente norte americano e que vale muito a pena em ser descoberto pelo grande público. 

Onde assistir: Amazon Prime Video. 

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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'A Rede Social' (2010)

Sinopse: Em uma noite de outono em 2003, o estudante de Harvard e gênio da computação Mark Zuckerberg se senta em seu computador e começa a trabalhar em um novo conceito que acaba se transformando em uma rede social global. 

Se havia uma sensação de que David Fisher estava preso em algumas cordas quando realizou “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2009) isso não é nenhum pouco sentido em "A Rede Social" lançado em 2010. O filme conta de forma dinâmica o nascimento do Facebook que, posteriormente, se tornaria a maior rede social do mundo e gerando mais tarde WhatsApp, Instagram e obtendo total atenção população mundial. Um novo sistema de controle e do qual somente David Fincher pode disseca-lo sobre as suas raízes com toda a vontade.
A trama começa em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional. 
David Fincher dá uma verdadeira aula de técnica e direção de atores já na abertura, onde a edição e a interpretação dos atores nos colocam em uma montanha russa de informações que nos faz a gente até mesmo se perder em diálogos que transbordam a cada segundo na tela. Jesse Eisenberg entrega o personagem de sua vida, ao interpretar um Mark Zuckerberg pretensioso e dono da razão, mas que não tem absoluto controle quando recebe um não de sua ex-namorada, interpretada pela atriz Rooney Mara.  A partir desse prólogo é então que David Fincher mostra para que veio com o seu novo projeto.
Vemos então Zuckerberg em seu quarto de faculdade bêbado, frustrado e humilhando a sua ex com textos machistas em seu blog. Logo em seguida, ao lado do seu colega de quarto Eduardo (Andrew Garfield) criam um jogo virtual com fotos das estudantes para humilhá-las. Se tem a primeira semente enterrada e o nascimento de uma nova era.
David Fincher faz aqui uma reconstituição sobre os primeiros passos do nascimento do facebook com a maneira em que a sociedade ainda se comportava socialmente em 2003. Enquanto os dois jovens criavam o facebook, em contrapartida, testemunhamos jovens estudantes aproveitando uma festa e se interagindo umas com as outras. A sociedade de hoje ainda faz isso, muito embora boa parte dela atualmente se encontram cada vez mais presa em relacionamentos virtuais infundados e perdendo cada vez mais a sensibilidade e o desejo pelo real toque humano.
Além de elaborar uma empolgante edição, David Fincher surpreende em outras partes técnicas, principalmente pela trilha sonora da qual é composta pelos compositores Trent Reznor e Atticus Ross. Se a trilha da dupla já chama atenção na abertura, e isso graças as singelas notas vindas de um piano, isso se fortifica ainda mais na sequência onde se retrata o segundo passo para o nascimento do Facebook. Embora esse momento possua algumas cenas banais, a sequência é o melhor exemplo de casamento entre edição de cena e trilha sonora e que somente viria algo parecido no recente "Coringa".
Acima de tudo, é um filme em que retrata um homem preso pelas suas ambições, mas com o desejo de obter a coisa mais simples da vida e da qual se encontra longe de alcançar. Qualquer semelhança com o clássico "Cidadão Kane" (1941) não é mera coincidência, sendo que a diferença é que o nosso clássico vemos o protagonista morrendo infeliz com o que tem, enquanto neste, tanto na ficção como na vida real, continua colhendo louros pela sua criação, mesmo não obtendo o seu "rosebud".
"A Rede Social" é um retrato espinhoso sobre as engrenagens ambiciosas da criação de um novo sistema e da qual a humanidade jamais seria a mesma. 

Onde Assistir: DVD, Blu-Ray, Netflix, Google Play Filmes e Youtube.   


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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Casamento Sangrento'

Sinopse: Horas após o casamento dos seus sonhos, Grace retorna à casa de campo do novo marido para passar a noite com seus novos sogros. Mas isso não é lua de mel, e Grace logo se vê em uma luta sangrenta pela sobrevivência.

Nos últimos anos o cinema tem nos brindado com filmes que fazem uma autocrítica sobre a divisão de classes e de como elas, querendo ou não, são sugadas pelo sistema capitalista da sua maneira. "Parasita" (2019), por exemplo, talvez seja o melhor representante atual com relação a esse pensamento, onde a classe dominante se considera imune, mas mal sabendo que, no final das contas, tudo no final transborda para qualquer lado que se preze. Se enveredando mais para o lado de humor sombrio, "Casamento Sangrento" é terror e diversão na medida certa, mas contendo a sua crítica pessoal sobre divisão de classes nas entrelinhas.
Dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, o filme conta a história de Grace, interpretada pela atriz Samara Weaving do filme "Três Anúncios Para um Crime" (2017), que acaba de se casar com o herdeiro milionário de uma família especializada em jogos de tabuleiro. Antes de realmente integrar a família, no entanto, ela é obrigada a participar de uma tradição familiar: um jogo de esconde-esconde pela mansão dos Le Domas. Aos poucos, Grace percebe que a brincadeira inocente é na verdade uma caçada sangrenta contra a recém-casada, em que todas as armas e golpes são permitidos para assassiná-la. A jovem terá a difícil missão de sobreviver aos ataques até o amanhecer.
Há naturalmente uma rápida apresentação dos personagens principais no início da projeção, para logo em seguida o filme pegar uma marcha e jamais desacelerar. Basicamente a trama se passa quase toda ela dentro da mansão, onde vemos Grace fugir a todo momento, enquanto a família rica a caça acreditando que será o melhor para ela. Se por um lado há uma crítica ácida sobre os ricos que se acham intocáveis, por outro lado, isso fica um tanto que na superfície, já que a proposta principal do filme é mais para entreter do que criar altas doses de reflexão em meio ao caos.
Basicamente o filme é carregado de humor sombrio ácido, com direito a situações absurdas e muito gore na medida certa. Grace, gradualmente, vai mudando no decorrer do filme, muito embora ela já fosse uma mulher independente e disposta a enfrentar os seus futuros sogros. O filme somente derrapa ao não acrescentar quase nada de original dentro do gênero, mas nada que atrapalha o resultado que final que era nos passar somente pura diversão.
"Casamento Sangrento" é uma mistura de vários ingredientes, do qual irá desapontar alguns, mas passando diversão para aqueles que buscam um terror sem parafuso algum. 

Onde Assistir: Em locação no  Google Play Filmes e Youtube. 

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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Em Algum Lugar do Passado' (1981)

Sinopse: Na noite de estreia de sua peça, um jovem escritor se depara com uma senhora misteriosa que desesperadamente pede para que ele volte para ela. Após alguns anos, ele descobre que ela foi uma conceituada atriz do início do século. Obcecado, ele decide viajar no tempo usando a hipnose para encontrá-la.

No recente 'Vingadores - Ultimato' (2019) foi levantado diversas novas teorias sobre viagem do tempo e aguçando novamente o interesse do público sobre esse assunto. Não é de hoje, por exemplo, que o cinema apresenta tramas em que envolva curiosas viagens no tempo e rendendo longas que se tornaram verdadeiros clássicos. "Em Algum Lugar do Passado" é um filme curioso sobre esse assunto, ao unir um público que gosta de assistir o gênero fantástico, mas nunca se esquecendo do lado mais romântico e humano.
Dirigido por Jeannot Szwarc, a história começa em Universidade de Millfield, maio de 1972. Richard Collier (Christopher Reeve) é um jovem teatrólogo que conhece na noite de estreia da sua primeira peça uma senhora idosa, que lhe dá um antigo relógio de bolso e diz: "volte para mim". Ela se retira sem mais dizer, deixando-o intrigado. Chicago, 1980. Richard não consegue terminar sua nova peça, decide viajar sem destino certo e se hospeda no Grand Hotel. Lá visita o Salão Histórico, repleto de antiguidades, e fica encantado com a fotografia de uma bela mulher, Elise McKenna (Jane Seymour), que descobre ser a mesma que lhe deu o relógio.
Quase quarenta anos desde o seu lançamento, o filme envelheceu um pouco mal, principalmente pelo fato de possuir uma linguagem típica da época dos filmes dos anos oitenta. Naquele tempo "a nova Hollywood" já estava praticamente se encerrando e os estúdios norte-americanos voltariam em optar por um cinema mais esperançoso, fantástico e menos realístico. Porém, é preciso reconhecer alguns méritos que a obra possui, principalmente pelo fato de conseguir unir romance com pitadas de ficção em um único filme.
Para começar, não há complexidade sobre a viagem do tempo inserida dentro da trama, mas sim ela nos é apresentada de uma forma simples, mas ao mesmo tempo explorando o poder da mente. Porém, a partir do momento em que o protagonista vai para 1912, o filme ganha um tom mais leve, romântico e até mesmo com algumas pitadas de humor refinado. Se por um lado haverá alguns que não irão gostar dessa mistura de subgêneros, do outro, muitos irão adorar o ótimo desempenho do eterno Superman  Christopher Reeve e cuja sua atuação nos  convence mesmo em uma trama que transita do realismo para o fantástico.
O mesmo não pode se dizer da mocinha da trama que é interpretada pela atriz Jane Seymour, do filme "007 - Viva e Deixe Morrer" (1973). Embora bela, sua atuação é apenas econômica perante atuação de Reeve e servindo somente para o protagonista se mover na história e alcançar o seu principal objetivo dentro dela. Em contrapartida, o veterano Christopher Plummer surpreende como empresário obsessivo pela protagonista, mesmo em poucas cenas.
O final é lacrimoso, mas necessário para que as peças com relação a viagem do tempo pudessem se encaixar principalmente no que foi visto no primeiro ato da trama. Claro que, principalmente se você for pensar a fundo, há alguns furos no roteiro, mas que são típicos dentro desse gênero sempre tão explorado. Revisto hoje, é um filme que irá aquecer os corações apaixonados e que irá atrair até mesmo por aqueles que somente se interessam por teorias de viagem no tempo.
"Em Algum Lugar do Passado" pode ter seus defeitos, mas sobreviveu ao tempo justamente por explorar a viagem do tempo de uma forma simples e atraindo aqueles que somente curtem um bom romance. 

Onde assistir: Para locação e venda: DVD, Youtube, Google Play Filmes.  

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