Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Após a melhor amiga de Claire ficar doente e morrer, ela resolve se aproximar do do marido dela para, juntos, lidarem com o luto. Esta proximidade acaba por revelar um segredo íntimo e surpreendente do viúvo.
Dirigido por François Ozon, "Uma Nova Amiga" é um filme que transita entre gêneros, passando pelo drama, o suspense hitchcockiano ao romance. A sequência de abertura já gera uma quebra de expectativas. Romain Duris está ótimo no papel, mas Anaïs Demoustier é quem se destaca, construindo uma Claire que se equilibra entre a fragilidade e a força. A direção de arte contribui grandemente com a experiência. Uma Nova Amiga é um filme muito bonito, que aborda questões de gênero de forma leve mas nunca jocosa e sem preconceitos ou amarras.
Sinopse: A ideia é que os animais permaneçam espalhados ao redor do planeta por 10 anos, sendo que após este período participarão de um concurso que escolherá o melhor super porco.
'Okja' é ótimo, mas acima de tudo obrigatório. Com uma boa atuação da jovem Ahn Seo-hyun, ao lado de grandes nomes como Swinton e Gyllenhaal, o filme nos dá importantes lições sobre lealdade e desumanidade. O que no início parece algo infantil, logo se transforma em uma trama sombria e realista, com cenas repletas de detalhes e momentos de grande ação. Estamos longe de viver em um mundo onde algo assim seja exclusivo das telas de cinema, e Joon-Ho Bong fez questão de nos mostrar isso.
Sinopse: Em 1993, Cameron, uma estudante colegial, é forçada a passar pela terapia de conversão homossexual após ser flagrada com a rainha do baile de formatura.
O filme toca em assuntos delicados e, por conta disto, poderia ir mais além com relação em alguns momentos e mostrar com mais detalhes outras histórias que são pouco mencionadas, mas é notório que trazem grande relevância para entender a obra, o que se passa na mente da protagonista e os motivos que a fazem seguir um novo caminho. Regado a música dos anos 90, o filme tem uma trilha sonora maravilhosa, que casa perfeitamente com os momentos da jovem, entre seus medos, curiosidade e momentos de liberdade. Na mesma via, está a fotografia, transportando quem assiste para dentro do filme e enfatizando a empatia da protagonista e de seus amigos.
"O Mau Exemplo de Cameron Post" é um filme que faz refletir como as pessoas não estão preparadas para compreender que existem pessoas diferentes do que elas mesmas e do que elas pregam e, por conta disso, colocam a religião à frente, enquanto o respeito é o mínimo que se pode fazer pelo próximo.
Sinopse: Hamburgo, 1970. Fritz Honka é um homem fracassado com o rosto deformado, que vagueia pelas noites de um bairro boêmio ao redor de outras almas perdidas. Ninguém desconfia que, na verdade, Fritz é um serial killer.
Baseado no livro de mesmo nome, o diretor Fatih Akın, do filme "Em Pedaços" (2017) procura não justificar as motivações de seu personagem principal, mas sim demonstrar certa complexidade nelas, ou tentando nos mostrar um conflito interior nele e nos mostra que, talvez sem o vício da bebida, Fritz pudesse ser uma pessoa comum do dia a dia. O roteiro, que tem como cenário o bar do título, é repleto de figuras distorcidas e que vivem na mais completa falta de amor e sensibilidade em um ambiente tão hostil, sujo e claustrofóbico, que acaba se tornando um elemento da tragédia social daqueles tempos longínquos. "O Bar Luva Dourada" não é para estômagos fracos e que trará sentimentos distintos para quem conseguir ficar até o final de sua projeção. Meu conselho, é procurar pelos filmes anteriores deste grande cineasta e se preparar antes de se aventurar neste pesadelo. Para aqueles mais fortes e acostumados com um cinema mais explícito, devem se arriscar pois além de ser um filme de horror realista, é um retrato cru sobre exclusão social e degradação humana.
Sinopse: Conor encontra um raio de esperança em sua vida monótona quando conhece a misteriosa Raphina. A fim de ganhar seu coração, ele a convida para estrelar o vídeo musical de sua banda. Há apenas um problema: ele ainda não faz parte dela.
Quando se houve as pessoas dizendo que os anos oitenta foi a melhor época da cultura pop isso não é exagero dizer isso, pois muitos tem boas recordações daqueles tempos mais dourados. O rock, por exemplo, foi a válvula de escape para o surgimento de inúmeras bandas e cuja as suas músicas entraram para a história. "Sing Street" sintetiza esses tempos, cuja aquela geração sentia a vida mais colorida quando determinadas músicas falavam sobre ela. Dirigido por John Carney, do filme "Mesmo se Nada Der Certo" (2014), o filme se passa em Dublin, Irlanda, 1985. Conor (Ferdia Walsh-Peelo) é um jovem obrigado a mudar de colégio, devido à difícil condição financeira de seus pais, que ainda por cima brigam sem parar. Logo ele tem problemas com um valentão local, que passa a persegui-lo, e também com o padre que coordena a escola, devido à sua disciplina rigorosa. Desiludido, Conor tem um sopro de esperança ao conhecer Raphina (Lucy Boynton), uma garota que está sempre à espera na porta da escola. Disposto a conquistá-la, ele diz que está montando uma banda de rock e a convida para estrelar um videoclipe. Com o convite aceito, agora ele precisa fazer com que a banda existe de verdade. Basicamente o filme nos faz relembrar dos bons e velhos tempos dos filmes adolescentes dos anos oitenta e, portanto, não se surpreenda se passar pela sua cabeça títulos como "O Clube dos Cinco" (1985) e "A Garota de Rosa Shocking" (1986). Ao mesmo tempo, o filme presta uma bela homenagem a música daquela época e, portanto, não se surpreenda também ao começar ouvir na trilha músicas das quais nós crescemos ouvindo na rádio e que fizeram a diferença naqueles anos. A música, aliás, serve como válvula de escape para os protagonistas da trama enfrentar diversos obstáculos que enfrentam em seu dia a dia e para assim conseguir um novo rumo na vida.
Basicamente o filme é dividido em três atos, onde ocorre a iniciativa, enfrentamento e a redenção em que os protagonistas terão que buscar acima de tudo. Basicamente é uma típica história amor e de superação, mas moldurada com carinho para aqueles que cresceram e testemunharam uma geração de jovens que estavam dispostos a fazerem a diferença em seu indefinido futuro próximo. Em tempos em que há uma nostalgia por aqueles anos o filme acaba se tornando um prato cheio e que merece ser degustado. Com uma bela homenagem ao clássico "De Volta Para o Futuro" (1985) em um momento chave da trama, "Sing Street" é uma singela carta de amor para aqueles que curtiam uma boa música nos anos oitenta.
Sinopse: O melhor assassino do mundo está ficando velho e menos confiável. Por isso, seus chefes decidem criar um clone mais novo e mais forte dele próprio, que terá como primeira tarefa justamente exterminá-lo.
Embora tenha se consagrado em filmes menores e autorais, como no caso de "Razão e Sensibilidade" (1995), Ang Lee se comprometeu também ao explorar superproduções em que ele pudesse usar os últimos recursos de ponta do cinema. Se em "Hulk" (2003) ele mesmo se dispôs ao usar a técnica de captura de movimento ao dar vida ao monstro esmeralda, em "As Aventuras De Pi" (2012), por sua vez, ele provou que uma boa história pode se alinhar com a moda do 3D da época. É aí que ele tenta explorar esses dois recursos em "Projeto Gemini", expandindo ambos ao máximo, mas se esquecendo de algo bem precioso. No filme, Will Smith interpreta um assassino profissional do governo, que após uma última missão decide se aposentar. Porém, o seu último trabalho o fez se transformar em alvo e sendo obrigado a fugir o quanto é tempo. Ao mesmo tempo, um assassino começa a cassa-lo, sendo uma cópia mais nova dele mesmo. Alardeado por uma forte propaganda antes da estreia, o 3D+ aqui até que realmente impressiona, já que estamos falando de um recurso alinhado com imagens cuja a captação em 120 quadros por segundo faz com que o cinéfilo praticamente entre no filme. Isso se fortifica ainda mais em cenas de ação em que a câmera parece fluida, onde os planos-sequência quase parecem com aqueles jogos de vídeo game em primeira pessoa. Só isso já seria o suficiente para atrair a massa, mas tinha ainda a questão da captura em movimento.
Dando um passo à frente na Trilogia "O Senhor dos Anéis" (2001 - 2003) e um passo largo em "Avatar" (2009), a captura em movimento serviu para provar que bonecos digitais jamais seriam convincentes se não houvesse um interprete em cena dando conta do recado. Porém, assim como foi sentido em filmes como "Rogue One" (2016), parece que quanto mais se quer realismo menos chance de conseguir em alcançar esse feito. Ao vermos um Will Smith dos temos da série "Um Maluco No Pedaço" (1990 - 1996) constatamos que o ator está realmente ali, porém, Ang Lee peca em nos forçar em ver cada detalhe da cena e fazendo a gente ter aquela sensação de imperfeição. Isso seria até mesmo desconsiderado, se a trama fosse ótima e servindo como cortina de fumaça para ocultar esses defeitos. Porém, a história nos passa aquela sensação de Déjà vu, como se as situações em que o personagem enfrenta não é muito diferente do que já foi visto em franquias como "Missão Impossível" ou “James Bond”. Portanto, não são os recursos de ponta que dão vida ao cinema, mas sim sempre será uma boa história. o filme só não piora porque o próprio Will Smith se esforça em cena. Embora o seu lado pretencioso tenha lhe prejudicado em alguns momentos de sua carreira, é notório que aqui ele não quer se entregar aos vícios do estrelismo, mas sim nos apresentar um bom desempenho. Nem pelo fato de testemunharmos ele em dose dupla signifique algo pretencioso, mas sim com o intuito de explorar a proposta principal do filme ao máximo. "Projeto Gemini" é um filme de grandes promessas para o futuro do cinema, mas que elas somente se tornam válidas se um filme nos apresenta em primeiro lugar uma boa história.
Sinopse: Javed é um adolescente britânico de ascendência paquistanesa que cresceu na cidade de Luton, em Inglaterra, em 1987. Através da música de Bruce Springsteen, Javed revê a sua vida de classe trabalhadora nas letras poderosas das canções.
O ano de 2019 não foi muito bom para mim e para muitos brasileiros que ficaram desempregados ao longo desse tempo. Porém, ao longo desse ano, eu continuei assistindo e escrevendo sobre o cinema para me manter em cima dos trilhos. Uma das coisas que me ajudou a ter inspiração na escrita ao longo do tempo foi a própria música.
Após eu ter assistido "Bohemian Rhapsody" (2018) fiquei fascinado pela banda Queen e fiquei ao longo do ano ouvindo as suas músicas enquanto as próprias me serviram para me sentir bem durante a escrita na frente da tela. Não tenho menor dúvida que isso colaborou para eu seguir em frente e, em parte, ter me ajudado a finalmente conseguir um emprego decente. Portanto, era uma questão de lógica que me identificaria com o filme "A Música da Minha Vida", onde os conflitos familiares e políticos de uma época não impediram de o protagonista seguir em frente e isso graças ao empurrãozinho de uma boa música.
Dirigido por Gurinder Chadha, do filme "Paris, Teamo" (2006), o filme é baseado em fatos reais em que aconteceram em Luton, 1987, onde conhecemos Javed (Viveik Kalra), um adolescente de ascendência paquistanesa, que nasceu na Inglaterra após seus pais migrarem para o país. Proibido pelo pai (Kulvinder Ghir) de ter uma namorada e até mesmo a ir em festas, ele se sente acuado em uma vida que se limita a ir de casa para o colégio, e vice-versa. Um dia, um amigo do colégio (Aaron Phagura) lhe dá duas fitas cassete de álbuns de Bruce Springsteen. Javed começa a ouvi-las e logo se identifica com as canções, que não o estimulam a lutar pelo que deseja.
Mais de que um simples musical, o filme é um verdadeiro deleite para essa geração de hoje que se encontra fascinada pela essa onda nostálgica pelos anos 80. Quem cresceu naqueles tempos com certeza irá se identificar pelos muitos elementos vistos na tela, desde a questões da moda, cultura pop, questões políticas e lutas sociais daqueles tempos que ninguém esquece. Mas é através da música que faz com que as lembranças se tornem ainda mais douradas e isso graças as letras do lendário Bruce Springsteen e do qual o protagonista admira.
A partir do momento que Javed escuta as suas músicas o filme adentra em uma dinâmica edição, onde o ritmo das cenas, alinhado com as letras das músicas do cantor saltando na tela, fazem com que o filme se eleve para diversas direções. Transitando entre realidade e fantasia, os realizadores não se intimidaram em transformar a obra em um verdadeiro musical, mas do qual nos empolgamos a cada momento quando a música é tocada e fazendo a gente desejar estar ao lado do protagonista dançando na pista. Viveik Kalra está ótimo em cena e transmitindo em seus olhos toda a aura complexa do seu personagem e do desejo dele em buscar novos ares.
É claro que, como toda boa comédia musical, o segundo ato em diante nos reserva fórmulas de sucesso dentro do gênero, mas do qual faz se tornar um tanto previsível. Porém, isso não faz com que o filme perca o seu brilho, pois em tempos nebulosos e indefinidos em que vivemos, é sempre bom assistir a um filme que nos traga tantos pensamentos positivos. Acima de tudo, é um filme sobre a união da família em tempos de adversidade, ir em busca dos seus sonhos, não importando a que preço e abraçar os seus reais objetivos.
"A Música da Minha Vida" é uma singela carta de amor para todos aqueles que sonham em voltar mais alto.