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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Rainha de Copas’ - O perigo vindo do nosso íntimo.

Sinopse: Advogada bem-sucedida se relaciona com o seu próprio enteado dentro de sua casa. 

Se por um lado caminhamos sempre em linha reta, do outro, há sempre uma possibilidade de sairmos da curva. Razão e desejos, por vezes, não compartilham do mesmo local e fazendo a gente se chocar em uma direção mortal. "Rainha de Copas" fala sobre desejos reprimidos, mas dos quais liberados precisam ser refletidos e até mesmo questionados.
Dirigido pela diretora May el-Toukhy, o filme conta a história de Anne (Trine Dyrholm), uma advogada do direito das crianças e dos adolescentes. Acostumada com lidar com jovens complicados, ela não tem muitas dificuldades para estreitar laços com seu enteado Gustav (Gustav Lindh), filho do primeiro casamento de seu marido Peter (Magnus Krepper) que acaba de se mudar para sua casa. No entanto, a relação que deveria ser paternal se torna uma relação romântica, envolvendo Anna em uma situação complexa, arriscando a estabilidade tanto de sua vida pessoal quanto profissional.
May el-Toukhy se arrisca em seu prólogo, já que ele se passa no futuro e já nos preparando por um possível final trágico. Porém, ao fazer a trama retornar antes disso logo adiante, a realizadora consegue a proeza de obter a nossa atenção sobre o que vai acontecer até aquele ponto e isso graças a sua direção elegante. Ao mesmo tempo, desde os primeiros minutos do filme, a cineasta nos brinda com o seu maior trunfo que é atuação da atriz Trine Dyrholm.
Sua personagem Anne, aliás, é uma figura que já desde o início queremos torcer, já que ela é uma bem feitora ao defender jovens mulheres espancadas pelos homens. Na medida em que a trama avança, porém, observamos uma Anne querendo sair aos poucos do seu convencional, como se a ordem das coisas que ela mesma havia criado não lhe satisfizesse mais como um todo. Trine Dyrholm consegue passar para nós uma mulher que se sente afogada por uma realidade que já não lhe dá muito prazer e fazendo a gente até mesmo compreender as escolhas que ela vem a tomar a seguir.
Escolhas essas, por vezes, que não nos fazem a gente questiona-la em um primeiro momento, já que ela desperta em nosso intimo o desejo de torcemos e de testemunharmos ela se sentindo mais realizada. É nesse ponto que o filme adentra em assuntos mais delicados, como no caso da relação da protagonista e de seu enteado e nos surpreendendo com cenas de sexo até mesmo explícitos. Porém, são momentos enriquecedores, pois nos coloca em dilemas e que fazem a gente querer ou não questionar as atitudes da protagonista até naquele momento da trama.
É então que chega o terceiro ato e onde constatamos que não temos como mais ficarmos ao lado, mas sim somente testemunharmos as consequências dos seus atos. Curiosamente, Anne se torna tudo aquilo que ela havia já enfrentado em seu trabalho e fazendo a gente constatar que o que separava ela dos maus feitores era apenas uma divisão ilusória dos fatos. Não existe bem e mal na história, mas sim somente seres humanos que cometem erros e temem, na maioria das vezes, enfrentar a verdade.
Com um final arrebatador, "Rainha de Copas" é sobre atos e consequências e cuja as nossas ações mal pensadas podem nos levar a nos tornar tudo que a gente mais odeia.  



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