Sinopse: Homem de meia idade luta para salvar do fechamento uma cinemateca a qual dedicou 25 anos de sua vida.
"A vida útil" (2012), produção uruguaia dirigida por Federico Veiroj, é uma obra provocadora, da qual se cria um sinal de fumaça sobre o quão é importante manter os centros de preservação e difusão de filmes autorais e que sofrem para manter essa missão em prol da sétima arte. O protagonista Jorge (Jorge Jellinek), representa todos aqueles que amam o cinema e que defendem de todas as formas possíveis. Ele faz a curadoria, grava spots de divulgação, apresenta convidados especiais, dubla filmes ao vivo, se reúne com a diretoria para buscar soluções para a crise financeira.
Essa última questão, aliás, simboliza uma infeliz coincidência da qual o nosso mercado Audiovisual Brasileiro se encontra e que sobrevive entre altas penas em meio aos cortes que o governo impõe contra a nossa própria cultura. O diretor adverte, no início, que não se trata de uma obra baseada em fatos verídicos. Contudo, a primeira parte de “A vida útil” vai de contra a mão com os primeiros minutos de projeção que é dito isso e nos faz questionar a sua real proposta sobre o assunto. Além de ser em preto e branco e de contar com elenco de amadores (Jorge Jellinek, aliás, é um crítico de cinema daquele país), tem sequências com, aparentemente, pouca atuação, como no caso de uma reunião da diretoria da cinemateca, com diálogos curtos e que deixam alguns pontos em aberto.
Curiosamente, em nenhum momento é mencionado o nome “Cinemateca Uruguaya”, mas é lá que tudo acontece. Ao meu ver, o cenário estaria, portanto, representando a Cinemateca como um todo daquele país, que na época (2012) estava passando por uma terrível crise financeira. A segunda parte da obra segue para um novo rumo e mais ou menos curioso.
O protagonista sai da cinemateca, vai a um salão de cabeleireiros para um corte de cabelo e se dirige à universidade onde trabalha uma amiga para convida-la a sair. Enquanto aguarda por ela, é confundido com o professor substituto e surpreende todos, principalmente o cinéfilo que assiste, com um belo discurso sobre o papel da mentira. Se a intenção do cineasta era denunciar o desinteresse do estado perante esse universo da cinefilia, o resultado acaba se tornando muito bem-sucedido, mesmo em um curto espaço de tempo. Além disso, elaborou uma belíssima homenagem ao cinema como um todo, ao utilizar elementos clássicos do cinema, criar um final digno de nota e que remete a era de ouro do cinema.
“A Vida Útil” não é uma carta de Adeus as Cinematecas, mas sim uma carta de amor para todos os amantes do cinema.
A sessão ocorre na Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085) dia 14 de maio, a partir das 20h. Após a projeção o filme será comentado por Carla Oliveira e Paulo Casa Nova. Ingressos à venda no local. Valor R$ 10,00.
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