Sinopse: Um jovem descobre uma lâmpada mágica, com um gênio que pode lhe conceder desejos. Agora o rapaz quer conquistar a moça por quem se apaixonou, mas o que ele não sabe é que a jovem é uma princesa que está prestes a se noivar.
O grande problema das versões live-action dos filmes animados da Disney é deles não terem exatamente uma personalidade própria e sempre dando a entender que os realizadores se preocupam em tentar agradar os fãs de carteirinha dos clássicos criados pelo estúdio. Se em "Mogli - O Menino Logo" (2016) e o recente "Dumbo" seguem por uma direção que vai além de sua proposta, por outro lado, títulos como "Cinderela" (2015) e "A Bela e Fera" (2017) ficam por demais presos em sua fonte de origem e perdendo assim as suas personalidades próprias. Porém, "Aladdin" se encontra entre essas duas situações, ao tentar agradar os fãs dos clássicos, mas se arriscando em ir além de uma mera adaptação quadro a quadro.
Dirigido pelo cineasta autoral Guy Ritchie, do filme "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" (1998), o filme acompanha a história do jovem Aladdin (Mena Massoud), que vive de roubos para sobreviver na cidade de Agrabah. Certo dia se apaixona por uma moça na cidade, mas mal ele sabendo que ela é a princesa Jasmine (Naomi Scott) do filme Perdido em Marte (2015). Após ser enganado por Jafar (Marwan Kenzari) do filme "Ben-Hur" (2016), Aladdin precisa de ajuda para escapar de uma caverna e é aí que ele conhece o gênio da lâmpada (Will Smith).
Abertura do filme já começa promissora, pois embora ela seja familiar, ela é renovada e revelando até mesmo uma teoria antiga sobre a real origem de um dos personagens da clássica animação. A partir daí, o filme se encaminha por passagens da história já conhecidas pelo público, mas obtendo uma nova releitura em alguns momentos e obtendo assim a sua identidade própria. Visualmente o filme é arrebatador e a cidade Agrabah entra facilmente para as melhores edições de arte desse ano no cinema.
Mas é aí que surge o primeiro problema, ou não, da produção e esse problema é justamente o próprio Aladdin. Mena Massoud demonstra ser ainda um novato na atuação e que, ao vermos ele em cena, constatamos que ele não atua, mas sim imita o personagem do desenho clássico. Por outro lado, isso ajuda ao identificarmos aquele personagem que nós crescemos assistindo e, portanto, é um caso raro de atuação canastrona acabar se tornando bastante util.
Curiosamente, o desempenho de Marwan Kenzari como Jafar se difere da sua versão original, mas ganhando contornos de um personagem que já foi um dia alguém como Aladdin e obtendo assim ares verossímeis, ao invés de se tornar apenas um mero vilão megalomaníaco. Mas, talvez, a personagem mais atualizada tenha sido a própria Jasmine, mas de uma forma positiva, pois está sintonizada com as jovens independentes atuais e Naomi Scott tem uma ótima presença em cena: a sua canção "Speechless" acaba se tornando um dos melhores momentos do filme.
Mas o trunfo da produção acaba sendo mesmo o próprio Will Smith, pois ele consegue obter a proeza de fugir das comparações do seu gênio com aquele que foi feito pelo ator Robin Williams. Ao não criar uma atuação que soasse parecida com a qual o falecido comediante havia feito, Smith nada mais faz do que ser ele mesmo em cena e não demonstrando nenhum peso entre os seus ombros. Embora as cenas dele azul possam soar estranhas, para não dizer artificiais, felizmente os roteiristas foram engenhosos a darem a ele corpo em algumas situações, pois não é preciso de pirotecnia para Smith ser engraçado, pois basta ser ele mesmo.
Entre os seus altos e baixos, "Aladdin" supera as expectativas, principalmente para aqueles que foram ao cinema só esperando o pior da obra.
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