Sinopse:O músico João
(Alexandre Cioletti) é expulso de casa pela esposa, que está grávida. Ele então
se isola num casebre no interior do Espírito Santo para refletir questões
internas para então voltar ao lar para ser um bom pai para o filho.
Teobaldo Morto, Romeu
Exilado, é um exemplo do cinema brasileiro que une magia e realismo poucas
vezes visto em nosso cinema, pois traz um pouco de arte, mas alinhado com temas
políticos contemporâneos. Com um teor adulto, o filme adiciona elementos de
fantasia surrealista, do qual se casa com a proposta principal da obra. A trama
se centra nos personagens amigos João (Alexandre Cioletti) e Max (Rômulo Braga)
e adicionando temas pertinentes, mas que, por vezes, perturba a mente de uma
pessoa comum.
Os diálogos cara a
cara entre os protagonistas João e Max destrincham sentimentos e um teor dramático
bastante familiar para as pessoas que assistem, mesmo quando o roteirista
insere elementos que, por vezes, lembra um sonho ou então um pesadelo. Entre
amor e amizades entre pais e filhos, há uma mitologia inserida entre eles, mais
precisamente algo que soe familiar com que a gente ouve dos nossos avôs do interior,
mas visto tanto no visual, que o longa oferece então uma experiência que vai
contra as nossas perspectivas. O filme acaba mesclando inúmeros elementos, que
vai do drama, suspense e uma realidade um pouco abstrata.
No decorrer do
trajeto, o cineasta Rodrigo de Oliveira (As Horas Vulgares) filma bastante planos sequências que formam esse cenário, alinhado com uma ótima fotografia, com uma
luz poucas vezes vistas no cinema brasileiro e focando os campos verdes de uma
forma muito bela. O cineasta nos coloca como uma espécie de observador de uma
trama, cujo silêncio se torna muito recorrente ao longo da projeção e fazendo
dela um artifício para causar apreensão para aqueles que assistem.
O longa é recheado
também de momentos discursivo, onde os personagens largam as amarras de um
lugar comum e abraçam para um diálogo cheio de filosofia, do qual obriga o
cinéfilo a pensar sobre o que eles falam. Do princípio ao fim, os personagens
são dramáticos, para não dizer trágicos, dando a impressão que saíram de uma
peça shakespeariana: a sequência em que mostra ambos se digladiando verbalmente
e fisicamente sintetiza bem isso.
Embora a trama seja compreensiva
em alguns momentos, sua forma incomum de ser apresentada a nós, por vezes, pode
confundir a pessoa desavisada, já que a história vem e volta ao presente e
passado sem avisar. Em Teobaldo morto, Romeu exilado fala-se de paternidade, da
falta familiar e fraterna, exílio da ditadura militar, certa paranoia do
imigrante, aquele que não se reconhece mais na terra da qual se criou. No ato
final da trama, do nada, surge um centauro e um arqueiro, ambos da mitologia
grega, mas em plena terra do Espírito Santo.
A partir disso tudo é
possível, com o direito da relação de João e Max adentrar num novo patamar que
nem mesmo talvez pudessem ter calculado. Teobaldo Morto, Romeu Exilado é um
filme que levanta mais perguntas do que respostas e criando uma experiência extrassensorial
do qual nem todos estão preparados a encará-la.
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