Sinopse: A vida do
adolescente Pierre vira de cabeça pra baixo quando ele recebe uma denúncia e é
obrigado a fazer um teste de DNA. Após o resultado, ele descobre que sua mãe
não é sua verdadeira mãe e é obrigado a trocar de família, de nome, de casa, de
escola... e de gênero?
No filme “Que horas ela volta?”,
a cineasta Anna
Muylaert retira as máscaras da relação entre empregada e patrão e escancara o
fato de que a sociedade brasileira ainda convive com a hipocrisia e tentando
esconder a realidade com relação à divisão de classes que perdura até hoje. A
proposta daquele filme pode ser vista também como uma forma de sintetizar os males
do país de hoje que, cada vez mais, se encontra numa situação da qual não há
dialogo, mas sim uma promessa superficial e pálida e que nunca dará em nada. Em
seu mais novo filme, Mãe só há Uma, a cineasta coloca frente a frente os
conflitos de gerações, através da relação conflituosa entre pais e filhos, mas
em uma situação ainda mais delicada e da qual ninguém quer estar nela.
Acompanhamos a história de Pierre
( Naomi Nero), um adolescente comum, do qual está numa fase de descobertas e
que vive com a mãe (Dani Nefussi) e com a sua irmã mais nova. Certo dia recebe
a bombástica notícia de que sua mãe havia lhe sequestrado no hospital de onde
nasceu e que seus pais verdadeiros Matheus (Matheus Nachtergaele) e Gloria (também
interpretada pela atriz Dani Nefussi) estavam lhe procurando todo esse tempo. De
um dia para o outro Pierre se encontra em uma nova realidade e da qual não sabe ao certo
como administrá-la.
A trama vista no filme é algo que
nos soa familiar, já que a todo o momento assistimos e ouvimos situações semelhantes,
desde no rádio como na TV. O caso é que, por meios da comunicação temos somente
contato com a superfície, mas não temos
uma base de como será essa nova realidade para as pessoas envolvidas numa situação
como essa. Anna Muylaert escancara o
fato de que ninguém está preparado para isso, tanto os adultos, como também as
crianças.
Achar o filho do qual sempre
procurou pode soar até fácil, principalmente se for comparado ao peso da situação que virá depois, onde os
protagonistas terão que construir uma relação que nunca existiu. É aí que se encontra
o cenário dos mais absurdos, porém humanos, em que os pais biológicos tentam
criar um quadro de harmonia a tanto sonhado: a cena em que vemos todos reunidos
em um restaurante para comemorar a vinda de um desorientado Pierre demonstra a
total falta de preparo e a falta de sintonia (ou nenhuma) que eles têm com o
rapaz.
Em meio a esse redemoinho do qual
o protagonista enfrenta, temos também a sub-trama de seu irmão mais novo, sendo
que esse último não deseja ter uma aproximação com o a recém chegado Pierre. Porém,
percebemos que o jovem não tem somente esse problema, como também ele a recém está
entrando na fase adolescente e tendo que enfrentar as mudanças das quais ela trás,
desde saber se entrosar com a turma da escola como também saber dialogar com as
meninas. Percebemos que ambos os jovens são dois lados da mesma moeda, mas que irão
somente perceber que possuem algo em comum nos segundos finais da trama.
A situação desses jovens
simboliza o embate dessa geração (pais e filhos) uma contra a outra, da qual o
diálogo para saber compreender um ao outro é nulo, desejando somente a perfeição
da superfície, mas esquecendo de que há as ondulações na água. Uma vez em que
essas ondulações quebram a superfície se tem o surgimento da frustração, incompreensão
e hostilidade, da qual todas vindas de uma só vez geram um tsunami de
sentimentos feridos sendo transbordados todos para fora. Tudo isso se encontra
no ato final da trama, onde todos perdem suas máscaras dos quais se protegiam e
revelando então suas reais faces.
O elenco todo está excepcional, ao
começar por Naomi
Nero que, mesmo com poucas palavras ditas, sua expressão de tristeza, fúria e frustração
que ele cria para o seu personagem se tornam a alma do filme. Porém, não
podemos deixar de elogiar a sempre competente interpretação Matheus
Nachtergaele, cujo seu personagem tenta ter uma relação paternal com o seu
filho, mas na qual realmente nunca começou. Contudo, a grande surpresa fica por
conta do assombroso desempenho da atriz Dani Nefussi, que aqui faz tanto a mãe
de criação do protagonista, como também a mãe biologia, mas com uma interpretação
tão distinta uma da outra, que não percebemos que ambas são á mesma atriz.
Com um final em aberto com
relação ao futuro desses personagens, Mãe só há Uma escancara o despreparo das
pessoas na construção de relação familiar de hoje, principalmente numa situação
delicada, da qual não se pode da noite pro dia desconstruir uma realidade já
enraizada dentro de cada um de nós.
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