Sinopse:
Vera (Denise Fraga) é uma ex-militante política que recebe uma indenização do
governo, em decorrência do desaparecimento do marido, vítima da repressão
provocada pela ditadura militar. Com o dinheiro ela consegue comprar um
apartamento próprio, além de enfim poder ser reconhecida como viúva. Só que,
quando está prestes a se mudar, recebe uma visita que altera sua vida.
De uns
tempos para cá, começou a pipocar inúmeros filmes nacionais que retratassem
diversas historias da época da Ditadura Militar (vide Cara ou Coroa), mas
diferente do que se possa imaginar, HOJE não é um retrato sobre aquela época,
mas sim sobre as seqüelas que ela havia deixado. Com toda historia se passando
dentro de um apartamento, acompanhamos Vera (Denise Fraga, ótima) a recém se
mudando para o local, enquanto os arrumadores vão colocando as coisas para
dentro do seu novo lar. Ao mesmo tempo em que ela conhece um Sindica enxerida,
imediatamente surge do nada Luiz (César Troncoso, sensacional), que junto com
ele, vem à tona o passado, de que ambos eram guerrilheiros (e casal) contra os
seus governos daquele período.
Embora não
aja nenhum flashback em que retrate a época de luta e de fuga de ambos, no
momento em que chega Luiz, ele faz com que tanto a protagonista feminina como
nos adentremos aquele período nebuloso através de suas palavras, em que ambos
os lados não tiveram vencedores e que carregam cicatrizes até hoje. Com isso,
temos na tela um jogo de gato e rato psicológico, em que eles não somente
relembram os tempos difíceis, como também começam a remexer os esqueletos
dentro dos armários de ambos. Na medida em que isso aumenta, se tem a sensação
de claustrofobia, pois temos dois protagonistas se duelando verbalmente num
lugar de pouco espaço e se criando então um clima de tensão, que só vai
aumentando ainda mais, graças a câmera da cineasta Tatá Amaral, que fisga cada
olhar diferente em que o casal faz um para o outro.
Falando na
cineasta, é preciso se tirar o chapéu pelo seu esforço, já que não é fácil se
criar toda uma trama dentro de um único cenário, que se por um lado pode se
criar uma sensação de incomodo, por outro, a diretora surpreende ao fazer com
que o apartamento se torne uma espécie de terceiro personagem. Durante a projeção,
a cineasta cria truques de efeitos visuais artesanais, que embora simples, se
tornam eficazes: o ambiente acaba se interagindo com as ações e palavras que os
protagonistas falam, desde as projeções na parede, á truques de luzes e
sombras, que faz com que o apartamento em muitos momentos, se torne o universo
em que se passa na mente dos dois (ou pelo
menos de um deles).
Infelizmente
a cineasta somente tropeça, quando ela não conseguiu esconder suficientemente a
verdade sobre o que realmente estava acontecendo no apartamento durante a projeção.
Se por um lado a revelação que surge nos últimos minutos da trama impressione
um publico de primeira viagem, por outro lado, um cinéfilo veterano irá matar a
charada antes mesmo da metade do filme. Mas embora tenha esse deslize, isso não
tira o brilho do restante do filme, que embora curto, nos envolve numa teia de
eventos que surgem no decorrer do tempo naquele apartamento.
Abaixo, deixo momentos registrados da pre-estreia do filme HOJE no Cinebancários de Porto Alegre.
eu na fila
elenco e cineasta no palco
Meu momento com a protagonista da noite.
Eu, Troncoso e minha amiga Graça Garcia.
2 comentários:
Valeu a dica, Marcelo...
eu gosto mto de histórias relacionadas aos anos de chumbo, e a última produção brasileira q vi a respeito foi aquela novelinha mequetrefe do SBT (Amor e Revolução - extremamente maniqueísta, mas q teve seus bons momentos, rs)!!!
parabéns pelas fotos tbm!!!
já anotei esse filme pra assistir futuramente...
Abs!!
Eu assistia as vezes Amor e Revolução, por causa do tema, mas depois começou a ficar muito sem graça, como toda novela brasileira que se preze.
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