Nos 29 e 30/Abril; 02
e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror,
criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati.
Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco
do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema
tupiniquim.
Encarnação do Demônio
Sinopse: Após 40 anos preso,
Zé do Caixão (José Mojica Marins) enfim é libertado. De volta às ruas, ele está
decidido a cumprir sua missão: encontrar uma mulher que possa gerar seu filho
perfeito. Caminhando pela cidade de São Paulo ele enfrenta leis não naturais e
crendices populares, deixando um rastro de sangue por onde passa.
Foram quatro décadas de
espera, mas em 2008, finalmente Zé do Caixão retornou aos cinemas com uma
potencia máxima. Tudo que o cineasta, roteirista e ator não pode fazer nos filmes
anteriores, aqui ele faz de tudo um pouco e em dobro: tortura, mutilação,
sangue, nudez, sexo e humor negro em doses cavalares para ninguém botar
defeito. Embora envelhecido, o personagem continua com seu mesmo objetivo, que
é encontrar a mulher perfeita para então gerar o seu filho perfeito, mas ao
mesmo tempo, Zé enfrenta os seus próprios fantasmas.
É neste ponto em que a
produção simplesmente enlaça com os dois filmes anteriores, mostrando as vitimas (agora em espectros) do protagonista e disparando em alguns momentos de flashbacks em que mostra
cenas clássicas dos filmes daquele tempo. De quebra, Mojica simplesmente volta
no tempo, ao reconstituir o final do filme Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver: na época das filmagens do segundo capitulo da saga do coveiro, a censura
obrigou o cineasta a modificar o destino do personagem, pois senão o filme jamais
seria liberado. Aqui, revemos a mesma cena, mas casadas com novas (com direito
a uma fotografia idêntica) e o jovem Zé do Caixão interpretado pelo americano Raymond
Castille que espanta pela semelhança absurda que possui se comparado quando Mojica
era jovem.
Com isso, embora seja uma
continuação, em alguns momentos o filme parece uma releitura de algumas
passagens dos filmes anteriores, como no caso de quando o protagonista se transporta ao purgatório (no segundo filme ele havia descido ao inferno), acompanhado do
Mistificador (José Celso Martinez Correa). É neste momento que o filme possui
um grande numero de efeitos visuais, mas tudo de forma artesanal e somente com
algumas pinceladas de efeito digital. Não há como negar que existem cenas
fortes ali, desde pessoas se comendo umas as outras (com direito alguém tendo o
pênis devorado) e inúmeras mutilações a torto e a direito. Mas nem só de cenas
fortes o filme vive, pois além do protagonista comandar o show, o filme ganha
pontos por possuir um elenco de peso, o que difere e muito dos filmes
anteriores, onde boa parte era com um elenco amador.
O veterano Jece Valadão (Rio
Zona Norte) é o grande adversário do Zé, ao interpretar o Coronel Pontes, só
que infelizmente o destino pregou uma peça: durante as filmagens, Valadão veio
a falecer e deixando o seu trabalho que incompleto. Para contornar isso, Mojica
chamou o ator Adriano Stuart, para interpretar um capitão e irmão do personagem
de Jece Valadão e junto com o trabalho de edição, conseguiu-se cobrir as cenas que era com Valadão. Uma pena, já que nos poucos momentos que surge em cena, Valadão da um
verdadeiro show, principalmente na seqüência em que seu personagem descobre que
foi sua própria esposa que conseguiu tirar Zé do Caixão da prisão. Muito embora,
Milhem Cortaz (o eterno 02 de Tropa de Elite), que interpreta um monge enlouquecido
e a procura de vingança, acaba também roubando a cena, principalmente nos
minutos finais em que duela com o protagonista. E para completar com uma cereja
no bolo, o veterano Luis Melo (Olga), faz uma pequena, mas significativa ponta
no inicio do filme, onde o seu personagem se vê obrigado a soltar o protagonista
depois de anos preso na prisão.
Com um ato final em que
todos os personagens irão se colidir e gerar muito mais violência, sangue e
mortes, o filme termina de uma forma satisfatória, mas deixando uma pergunta no
ar: será possível que veremos futuramente Zé do Caixão novamente nos cinemas?
2 comentários:
Difícil falar sobre este nosso artista e você soube lidar com isso de forma bem caprichada. Parabéns Marcelo.
Muito obrigado querida
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