Nos 29 e 30/Abril; 02 e
04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror,
criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati.
Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco
do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema
tupiniquim.
À Meia-Noite Levarei
Sua Alma
Sinopse: Zé do Caixão, um
cruel coveiro, quer gerar um filho para dar continuidade ao seu sangue. Mas sua
mulher não consegue engravidar e ele acaba estuprando a mulher do seu melhor
amigo, que agora deseja se suicidar para regressar do mundo dos mortos e levar
a alma de Zé do Caixão.
Eu cresci assistindo Zé do Caixão
na TV, mas não nos seus filmes e sim em programas de auditório com apelo duvidoso
e no saudoso Cine Trash da Band. Achava que José Mojica Marins fosse o tempo
todo o Zé do Caixão, sendo que somente soube que era um personagem que o marcou
completamente quando me dediquei mais na historia do cinema. Redescobrindo a
partir do seu primeiro grande sucesso em 1964, compreendo porque o filme marcou
não só ele como o cinema nacional como um todo.
Justamente num ano em que o
povo brasileiro sofria um grande golpe e que desencadearia eventos que fariam com
que a gente perdesse o nosso direito de opinião, Mojica lança um personagem
polemico, que embora pareça mais saído de um conto de terror, é na realidade um
simples coveiro, mas com opinião própria e que não mede esforços para manter
ela. O filme já começa alfinetando, onde Zé se apresenta como uma pessoa ateia,
não acreditando nem e Deus, nem no Diabo e que não se freia em comer carne na
sexta feira santa. Para piorar, ele cria uma obsessão em sua mente, em que
precisa achar a mulher perfeita, para então gerar o seu filho perfeito e dar
continuidade ao seu sangue.
Nem precisa ser adivinho
para saber que o cineasta teve inúmeros problemas para levar as suas idéias para
o personagem para as telas, principalmente perante os setores da igreja católica,
que via o filme como uma verdadeira blasfêmia, mas isso não foi o suficiente
para que o filme fosse censurado, mesmo numa época tão conservadora. Claro que
embora seja perceptível a simplicidade da produção, por sua vez ela possui um
visual tenebroso (graça a fotografia em preto e branco), que não deve em nada aos
filmes ingleses de terror da Hammer que fazia sucesso na época e as ações imprevisíveis
do personagem tornam o filme muito mais angustiante. Cenas de estupro,
espancamento e mutilações são uns dos muitos exemplos do que é visto na tela, que
até então era pouco visto naquele tempo e ainda hoje impressiona.
Graças ao sucesso de publico,
Zé do Caixão não descansaria na sua busca em conseguir alcançar os seus
objetivos, mas isso já outra historia a ser contada.
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