Sinopse: Rânia é uma
menina que vive em Fortaleza, no morro Santa Terezinha. Ela ajuda sua mãe com
os afazeres domésticos, estuda em escola pública, trabalha numa barraca de
praia e sonha em ser bailarina. Sua inseparável amiga, Zizi, a introduz no
Sereia da Noite, local de boemia, onde dança, orgia e dinheiro se misturam e
agitam a madrugada. Quando Rânia conhece a coreógrafa Estela, a jovem se vê
dividida entre a farra (e possibilidade de ganhar dinheiro na noite) e a
disciplina da dança.
A transição da adolescência para
a vida adulta sempre é uma faca de dois rumes, em que o jovem (por vezes), não
consegue administrar um caminho correto para seguir em frente na vida. Mas há
casos em que o “ser” sabe exatamente o que quer, mas por uns motivos e outros,
acabam o colocando num beco sem saída e num caminho sem volta. Em Rânia,
dirigida pela cineasta Roberta Marquez, vemos a jovem protagonista (a estreante
Graziela Felix) transitando entre a oportunidade de dançar fora do país, ou
adquirir dinheiro fácil dançando numa boate de um bairro humilde da capital do Seara.
Claro que nesta ultima opção,
o roteiro da todos os indícios que esse não é o caminho certo para ela,
principalmente quando ela se vê na sua melhor amiga Zizi (a ótima Nataly Rocha),
freqüentando esses inferninhos, como uma imagem dela futura. Embora a protagonista
consiga conforto e oportunidade através da coreógrafa Estela (Mariana Lima, de
"Amor" e "A Alegria"), a falta de informação e
entendimentos dos seus pais (e pela dependência que sentiriam na falta da
filha) impede com que ela possa mudar de vida. Neste cenário, portanto, não
podemos julgar mal a jovem pelas possíveis escolhas que ela fará, mas também
tão pouco julgarmos os seus pais. Então a quem culpamos?
Não existe uma resposta fácil
para certas coisas, sendo que o filme tão pouco joga soluções fáceis para os
personagens, que transitam entre a oportunidade e a decadência, mas que tentam
(mesmo sem muita esperança), se manterem nos trilhos para não caírem num buraco
sem fundo. Para sua primeira incursão como cineasta, Roberta Marquez impressiona
por nos apresentar um filme intimista, que embora não possua nenhuma cena pesada,
a realidade nua e crua que nos é apresentado na trama, se torna muito mais perturbadora.
Um filme que deixa em aberto sobre os destinos dos personagens e cabe a nos
imaginarmos qual seria o caminho de cada
um deles no dia seguinte.
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