Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do
Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista
no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui,
estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero
do terror do nosso cinema tupiniquim.
O Estranho
Mundo de Zé do Caixão (1968)
Sinopse:
Elevado ao estado inatingível dos seres sobrenaturais, Zé do Caixão desfia sua
filosofia e apresenta três contos.
O estranho mundo de Zé do Caixão (1968) é composto por três
curtas-metragens: O fabricante de bonecas, Tara e Ideologia. O primeiro narra à
história de Mestre Bastos, um idoso fabricante de bonecas reconhecido pelo seu
trabalho aprimorado e detalhista, sobretudo, pelo aspecto realista dos olhos de
suas criações. Ao saber que o idoso guardava seu dinheiro em sua oficina, um
grupo de assaltantes planeja invadir o local para roubá-lo. Ao por em prática o
plano, eles se deparam também com as belas filhas do mestre, que o ajudavam na
confecção, e decidem estuprá-las. Porém, as coisas não caminham como eles
esperavam. Esse conto, que termina de uma forma bem previsível, imediatamente
me lembrou alguns dos filmes que eu assistia na saudosa sessão cine trash da
Band, que alias apresentado pelo próprio Mojica.
O segundo (e melhor) seguimento, Tara, conta a história de um vendedor
de balões obcecado por uma bela e jovem mulher. Ele a persegue e observa dia a
dia sem que ela perceba. Por fim, ele só tem a oportunidade de concretizar os
seus desejos após a morte da jovem. De todos os três, este é o curta que reúne elementos
e referências ao cinema clássico, principalmente do período do expressionismo
alemão. A pequena trama não possui palavras, sendo que sua estética, que se
aproxima ao mais puro naturalismo, faz com que agente nos lembre facilmente do
clássico Nosferatu de 1922.
Ideologia
é o seguimento mais forte e tipicamente trash. O professor Oãxiac Odéz (José
Mojica Marins) convida um professor rival e sua esposa até a sua sombria casa
para que possa comprová-los a sua absurda teoria materialista contra a razão e
o amor, na qual o ser humano se reduz ao instinto. Odéz submete o casal
convidado a uma série de experiências sádicas que envolvem dor, tortura física
e psicológica, canibalismo, resistência física e outras bizarrices que buscam
provar uma animalização do ser humano. Não há duvidas de quem assiste que essa
é a parte mais forte da obra, que desafia a força mental da pessoa que vê e
mais recomendada para pessoas de mente aberta.
No
saldo geral, era um filme que realmente ia contra a maré das obras brasileiras
que eram lançadas naquele tempo e que lembra mais os contos sombrios do
escritor Edgar Alan Poe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário