Sinopse: “Dedo na Ferida”
trata do fim do estado de bem-estar social em um cenário onde a lógica homicida
do capital financeiro inviabiliza a justiça social. Milhões de pessoas
peregrinam em busca de melhores condições de vida enquanto o capital aspira a
concentração da riqueza em poucas mãos.
A crise de 1929 que abalou
os EUA era um pequeno indício de como o capital financeiro beneficiava um
pequeno grupo de poderosos, mas esquecia da maioria do povo. A crise de 2008
que, não somente abalou os EUA, como também o restante do mundo, comprovou o
estouro da bolha e que ainda se respinga até hoje. Dedo na Ferida desvenda não
somente as raízes do veneno do capitalismo desenfreado como também as suas sequelas
que atingem em tempos contemporâneos.
Dirigido por Silvio Tendler
(Jango), o documentário desvenda as engrenagens do mercado financeiro e como
ele influencia diversas partes pelo mundo. A obra possui entrevistas com entendedores
da área como Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia; Celso
Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; Paulo Nogueira Batista
Jr, vice-presidente do banco dos Brics; o cineasta Costa-Gavras; os
intelectuais Boaventura de Sousa Santos (Universidade de Coimbra, Portugal),
David Harvey (University of New York, Estados Unidos) e Maria José Fariñas
Dulce (Universidade Carlos III, Espanha); os economistas Ladislau Dawbor
(PUC-São Paulo), Guilherme Mello (Unicamp) e Laura Carvalho (USP), entre outros
pensadores que interferem no mundo contemporâneo.
Embora o mercado financeiro
mundial seja algo complexo de ser compreendido, o cineasta Silvio Tendler consegue criar um filme dinâmico
e compreensivo para os leigos. Em meio às entrevistas, por exemplo, há sempre
surgindo na tela desenhos explicativos e correspondendo com as palavras
daqueles que são entrevistados. Bom exemplo disso é a cena em que um economista
explica como funcionam os rendimentos de nossas poupanças, qual é a ligação dos
impostos que as pessoas pagam no dia a dia e qual a porcentagem total que os poderosos
ganham pelas nossas costas.
Por mais mórbido que seja o
documentário desmascara o verdadeiro papel do capitalismo de ontem e hoje, do
qual é moldado para beneficiar somente 2% da população mundial, enquanto as
demais lutam para sobreviver em meio aos altos e baixos desse processo.
Curiosamente, as consequências vão muito mais além dos números, que vão desde o
surgimento do conservadorismo que assola o meio político, discursos neoliberais
e o enfraquecimento pelos direitos sociais. A vitória de alguém como Donald
Trump nos EUA, por exemplo, é um pequeno indício dessa teia de eventos e tende
somente a piorar se algo não for feito.
Além das entrevistas, temos
uma segunda linha narrativa, onde acompanhamos um trabalhador brasileiro, que
precisa sustentar a sua família, mas tendo que enfrentar as adversidades e a
falta de recurso do dia a dia. Ele somente é um pequeno exemplo de inúmeras
pessoas do Brasil e do mundo, do qual se tornam as próprias engrenagens do
capitalismo, mas que são esquecidos pelos engravatados e donos do dinheiro. O ápice
da obra é quando surgem cenas dos protestos recentes pelo Brasil contra as
reformas trabalhistas e da previdência e que sintetizam a calamidade criada pelos
políticos atuais que abraçaram as privatizações e a extinção de recursos
sociais que eram prol do povo.
O documentário Dedo na Ferida possui uma criativa
reconstituição de uma grande teia de eventos que desencadeou, não somente a
crise atual do Brasil, como também as diversas que ocorrem em vários pontos do globo.
Onde assistir: Cinebancários: Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre: Horários: Hoje e amanhã sessões das 17h e 19h. Do dia 28 de Junho a 04 de Julho sessão as 15h.
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