Nos dias 09 e 10 de março eu estarei na Cinemateca Capitólio Petrobras, onde participarei do curso “O Dragão Vive - Glauber Rocha 80 anos”, criado pelo Cine Um e ministrado pelo jornalista Lennon Macedo. Abaixo confira as principais obras primas desse grande gênio do nosso cinema.
‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ (1964)
Sinopse: Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual.
Um dos filmes mais representativos do cinema novo, conseguindo pela maioria dos críticos como o melhor filme de Glauber Rocha. Vigorosos momentos de drama, aventura e poesia, comentados pelas músicas de Heitor Villa Lobos e Sergio Ricardo. Atenção para o magistral desempenho de Othon Bastos, como o cangaceiro Corisco, um dos remanescentes de Lampião. Sempre quando surge em cena, suas palavras falam por si, como quando batiza Manuel de Satanás.
Curiosidade: Foi rodado nos municípios de Monte Santo, Feira de Santana, Salvador, Canché e Canudos, todos no estado da Bahia. - Foi lançado no Rio de Janeiro em 10 de julho de 1964, nos cinemas Caruso, Ópera e Bruni-Flamengo.
‘O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro’ (1969)
Sinopse: Quando um matador de cangaceiros é contratado para exterminar um bando e descobre nos criminosos um idealista que o faz rever seus conceitos de vida.
Sequência oficial de “Deus e o Diabo na terra do Sol”, o filme é uma desconcertante mistura de oporá, macumba, mas principalmente faroeste. O filme é trajado com aquela roupa típica do western: a seca do Nordeste brasileiro constituída de homens duros e impiedosos. Não é nenhuma surpresa ver isso, até mesmo porque o western americano desencadeou muitas afluentes abraçadas por vários países distintos; o Brasil abraçou o cangaço mergulhado na pobreza. Prêmio de melhor direção no festival de Cannes em 1969.
TERRA EM TRANSE (1967)
Sinopse: O senador Porfírio Diaz (Paulo Autran) detesta seu povo e pretende tornar-se imperador de Eldorado, um país localizado na América do Sul. Porém existem diversos homens que querem este poder, que resolvem enfrentá-lo.
Tido para alguns, como a obra prima de Glauber, o filme pode ter envelhecido para outros, mas não há como negar sua coragem histórica, pois o filme foi lançado em pleno período da ditadura e a trama nada mais era que uma crítica disfarçada daquele tempo. Considerado clássico do Cinema Novo e vencedor do prêmio da crítica em Cannes, é de difícil entendimento para quem não esteja habituado com a integridade linguagem do diretor.
Curiosidade: Em abril de 1967 o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado subversivo e irreverente com a Igreja. Depois foi liberado, com a condição de que se desse um nome ao padre interpretado por Jofre Soares.
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