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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'A Garota da Nevoa' - As reviravoltas de um Gênero

Sinopse: Anna Lou, uma garota de 16 anos de uma pequena aldeia nas montanhas dos Alpes italianos, desaparece de repente. Chamado para investigar o mistério, o enigmático detetive Vogel logo percebe que este caso está longe de ser simples.  

Os filmes de suspense investigativo transitam entre elementos verossímeis para situações que beiram, por vezes, ao absurdo. Pegamos, por exemplo, "Os Suspeitos"(2013), que só não foi inverossímil em seus desdobramentos porque havia um cineasta autoral como Denis Villeneuve que soube controlar as peças chaves daquela trama. "A Garota da Nevoa"(2017) segue uma cartilha semelhante, pois os desdobramentos da trama soam, por vezes, absurdos em alguns momentos, mas obtendo a nossa atenção até o seu ápice final. 
Dirigido pelo estreante Donato Carrisi (também autor do livro que deu origem ao filme), a trama conta a história de uma jovem de 16 anos que desaparece misteriosamente. É então que o detetive Vogel (Toni Servilho) entra no caso, mas tendo ambição de tornar tudo um espetáculo midiático. As pistas levam ao professor Loris Martini (Alessio Bono), mas a investigação se eleva por situações imprevisíveis.  
Embora seja a sua primeira incursão no cenário da direção, Donato Carrisi demonstra total carinho pelo cinema, mais especificamente por um cinema autoral e que gosta de brincar com as nossas expectativas. O início, aliás, possui um jogo de cenas bem criativos, ao focar uma maquete que representa os cenários dos eventos da história. Qualquer semelhança com o início da trama “Os Fantasmas se Divertem” (1987), de Tim Burton, não é mera coincidência, mas sim intencional com a sua proposta.  
Proposta, aliás, que transita por momentos interessantes, para situações que beiram a um verdadeiro déjà vu para aqueles que acompanham o gênero policial já um bom tempo. Os desdobramentos ao longo da trama se tornam constantes, ao ponto deles se estenderem ao extremo e testando a nossa paciência perante aos fatos que testemunhamos. A situação somente não piora graças ao fato de o cineasta elaborar uma linha narrativa fragmentada, da qual ela transita entre o passado e o presente e obtendo assim uma salva guarda.  
Outro fator determinante para o sucesso da obra foi a escolha mais do que correta de um bom elenco escolhido a dedo. Toni Servilho como o detetive Vogel é um caso raro dentro do gênero de não torcermos pelo protagonista, já que o seu personagem não soa em nenhum momento como meramente mocinho, mas sim como um ser inescrupuloso, porém, falho como ser humano. Contudo, prof.Loris Martini, interpretado brilhantemente por Alessio Boni, possui tantas camadas para serem descascadas do seu personagem, que ficamos sempre nos perguntando até o fim se ele é culpado ou inocente desse misterioso crime.  
É graças ao bom desempenho de um grande elenco que faz com que os desdobramentos da investigação principal da trama não se tornem tão absurdos, já que nos importamos com o destino desses personagens que transitam entre a luz e a escuridão e que desejam no fundo a sua redenção. No final das contas, os desdobramentos ao longo do percurso podem serem muitos, mas alguns deles se tornam surpreendentes, principalmente em seus minutos finais quando se é revelado a verdadeira peça desse jogo de xadrez surpreendente.   
Com a participação mais do que especial do ator Jean Reno, “A Garota da Nevoa” é uma trama que se sustenta pelo absurdo, mas que se salva nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.



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