Sinopse: Filme de
comemoração ao 10º Aniversário da Revolução Soviética de 1917, na qual os
Bolcheviques derrubaram o governo de Kerensky. Também conhecido como ‘Os Dez
dias que Abalaram o Mundo’, foi realizado com recursos imensos, utilizando
gente do povo que havia realmente participado da Revolução nas ruas.
O cinema nasceu como
curiosidade, como entretenimento, mas ao mesmo tempo ganhou status de arte e do
qual também documenta a verdade. Porém, ao longo da história, o cinema também
foi usado como é uma ferramenta da qual pode desvirtuar uma história verídica, ou
passando uma ideia para ser consumada pelo público geral. Se Adolf Hitler, por
exemplo, usava o cinema para passar a sua propaganda nazista, recentemente o
cinema brasileiro foi invadido pelo filme Lava Jato: A lei é para todos, do
qual desvirtua por completo os verdadeiros fatos e passando a ideia de que há somente
um único inimigo a ser combatido em nossa realidade política.
Portanto é preciso ter um
cuidado para não cair no conto do vigário, mesmo sendo através de uma arte como
cinema da qual nós apreciamos tanto. Ao longo de sua existência, o cinema nos brindou
com títulos que tenta nos passar certo grau de verossimilhança com relação aos
verdadeiros fatos da história, mas sendo poucos cineastas que ousaram tamanho
feito ao longo dessas décadas. Sergei Eisenstein (O Couraçado Potemkine) talvez
pertença essa minoria, ao criar com precisão, mas ao mesmo tempo passando um
olhar autoral, sobre os verdadeiros fatos ocorridos na revolução soviética em
Outubro de 1917.
Usando “não atores”, sendo eles
próprios que haviam participado dos dez dias do governo provisório após a queda
do Czar, Eisenstein cria um minucioso retrato daquele período, beirando a quase
uma espécie de documentário e se distanciando de qualquer momento previsível.
Da queda da estátua de Czar, para então invasão do povo dentro do palácio, é
como se Eisenstein realmente tivesse participado daquele movimento e registrando
as principais mudanças ao longo do seu percurso. Porém, o cineasta vai além, ao
criar uma montagem engenhosa, quase frenética, onde determinadas cenas se sobrepõem
a outras e criando um mosaico cheio de detalhes.
Segundo as próprias palavras
do cineasta na época, ele usou a sua obra para desenvolver suas teorias sobre
as estruturas dos filmes, usando um conceito que ele apelidou de “montagem
intelectual”, editando junto às filmagens de objetos aparentemente desconexos
em ordem para criar e encorajar comparações intelectuais entre eles. Um dos
exemplos mais notáveis no filme dessa técnica é uma imagem barroca de Jesus que
é comparada, através de uma série de sequências de imagens, com ideias hinduístas, Buda, deuses astecas e finalmente ídolos primitivos a fim de
sugerir as igualdades entre as religiões: o ídolo é comparado com o militarismo
para criar uma ligação entre o patriotismo e fervor religioso pelo estado.
Sendo exibido
recentemente no Cinebancários de Porto Alegre, OUTUBRO é um filme histórico pela
sua proposta, em querer nos passar os verdadeiros fatos da história, que vai
contra os movimentos conservadores de ontem e hoje e dos quais querem sempre desvirtuar
os fatos históricos.
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